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Comportamento

Ano começa melhor para transexual que vai poder usar banheiro feminino

Ângela Kempfer | 30/01/2014 12:29
Ano começa melhor para transexual que vai poder usar banheiro feminino

No ano que passou, Isabelle Abrego ficou conhecida por uma luta inglória até então: ser chamada pelo nome social e usar o banheiro feminino na escola. Como nasceu homem, mas sempre se sentiu mulher, a vida ficou complicada aos 17 anos ao assumir que é transexual.

Mas 2014 começou bem melhor. Depois de abandonar o colégio Joaquim Murtinho na metade de 2013, resolveu agora encarar o EJA (Educação de Jovens e Adultos) e teve a feliz surpresa de não enfrentar qualquer resistência na hora da matrícula. “Ninguém perguntou nada, o documento foi feito com o meu nome social e na parte do sexo aparece feminino”, comemora.

Assim, ela vai poder, finalmente, usar o banheiro feminino. “Acho uma besteira essa conversa de banheiro. Na maioria das casas, tem um banheiro só para homens e mulheres. Nas escolas, os sanitários são separados, tem portas. Não há motivo para tanta polêmica”, argumenta.

Decreto do governador André Puccinelli, publicado em julho de 2013, permite que travestis e transexuais utilizem o nome da orientação sexual em escolas, postos de saúde e Boletim de Ocorrência.

O registro civil, com o nome masculino, ainda vai aparecer na chamada, mas o social também estará lá, um ao lado do outro, o que deixa nas mãos dos professores a decisão de chamá-la da forma como a jovem acha digna, ou insistir em contrariá-la. “Espero que eles respeitem o nome social. Ninguém precisa escolher pelo constrangimento”, avalia Isabelle.

Mesmo assim, a orientação foi para ter paciência no inicio desse processo. “A diretora pediu para eu ‘colaborar’. Para eu conversar antes com os professores e pedir para eles me chamarem pelo nome social”, explica.

No Joaquim Murtinho, a briga foi feia. Como há “professores” e “professores”, alguns a chamavam pelo nome civil e outros usavam número para todos os alunos. “Mas sempre lembro de um professor que dizia que a gente não é número”, comenta.

Mas a vida adulta deve render muitos outros transtornos para Isabelle. O desafio maior agora é arrumar emprego. “Esses dias até me chamaram para trabalhar em uma bicicletaria. Quando o homem viu a carteira de trabalho (com o nome civil) já fechou um pouco a cara e depois ligou dizendo que já tinham preenchido a vaga”.

Agora, Isabelle tenta na Justiça trocar o nome nos documentos, mas sabe que o processo vai demorar.

Sobre a escola, o que pode parecer um detalhe para quem vê de fora, para Isabelle era uma dor. “Se me chamassem pelo nome masculino, eu ficava 45 minutos da aula pensando naquilo”, lembra.

Agora, seguindo o decreto estadual, quem tiver bom senso vai chamar Isabelle pelo nome de mulher na hora da chamada.

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