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Comportamento

Ao perder chave, seu Anísio ganhou carona e Marta um pé de pitanga amigo

Carona ajudou senhorzinho e ainda "salvou" as bodas de Ouro do casal

Paula Maciulevicius | 27/12/2016 06:05
Seu Anísio considerou atitude inédita e a prova de que existe gente do bem neste mundo. (Foto: Alcides Neto)
Seu Anísio considerou atitude inédita e a prova de que existe gente do bem neste mundo. (Foto: Alcides Neto)

Precisou seu Anísio chegar aos 72 anos para um incidente com as chaves do carro lhe mostrar que ainda tem gente do bem neste mundo, ao nosso redor e prontos para ajudar. Na última quinta-feira, quando saía do banco da UFMS, com todo salário em mãos, se deu conta de que havia perdido as chaves. Sem celular, a preocupação maior era com a esposa, que podia estar aflita em casa. O diálogo dele com um dos guardas chamou atenção de Marta, que estava na fila do banco e se ofereceu de levá-lo para pegar a chave reserva.

Em pleno clima de final de ano, quando muita gente faz um balanço dos 12 meses que passaram, pequenos grandes gestos como estes merecem ser narrados. Marta ficou preocupada, viu que era um senhorzinho e enxergou nele seu pai. Anísio recebeu de bom grado a ajuda e dona Giovana, a esposa, descobriu que "anjos existem". Em menos de 1h, o casal fez uma nova amiga e Marta teve como "recompensa" as pitangas direto do pé, no quintal da família, uma de suas paixões.

Passado o susto do dia e as festas, encontramos o trio na sombra do pé de pitanga. O casal de vozinhos estavam receosos de não saber o que responder na hora das perguntas. Dona Giovana tem 73 e seu Anísio, 72. Casados há 50 anos, as bodas de Ouro foram comemoradas no último sábado, junto da véspera de Natal. 

Como operador de máquinas, seu Anísio e a mulher como dona de casa, o casal criou os três filhos e vê nas próximas gerações, a família continuar através dos cinco netos. O bom exemplo que ele tentou passar adiante, recebeu de uma pessoa, até então desconhecida.

Marta ouviu de longe a aflição e ofereceu a ajuda que podia e que não lhe custava nada. (Foto: Alcides Neto)
Marta ouviu de longe a aflição e ofereceu a ajuda que podia e que não lhe custava nada. (Foto: Alcides Neto)

"Fui ao banco e quando cheguei no carro e fui abrir: cadê a chave? Aí eu voltei olhando, porque ela podia ter caído", conta Anísio Pereira Lima Filho. Ao pedir ajuda para o guarda, Marta, que estava na fila do caixa, ouviu a aflição dos dois. "Eu vi que ele tinha ido e voltado e fiquei prestando atenção. Gente, ele estava sozinho e perguntei o que estava acontecendo", conta a dentista Marta Ferreira Espinosa, de 53 anos. 

Quando seu Anísio falou que voltaria de ônibus para pegar a chave reserva em casa, Marta não deixou. "Levo o senhor para buscar a chave", recorda ela. De imediato, seu Anísio diz que bateu nas costas da dentista e disse "como tem gente boa neste mundo". 

Em casa, dona Giovana estava como o marido previa, muito preocupada. "Eu só pensava que podia ter acontecido alguma coisa, um acidente, que todo dia, toda hora tem", conta Giovana Flores Lima. 

No caminho, Marta descobriu que seu Anísio preparava junto com a família a festa de 50 anos de casados para o sábado e que tinha ainda as consequências de um AVC sofrido dois anos atrás. Ao chegarem no endereço, a dentista pediu para ele não ter pressa em procurar as chaves, enquanto ela se deliciava no pé de pitanga. 

De lembrança, hoje ao voltar à casa da família, levou um mimo de boas festas. (Foto: Alcides Neto)
De lembrança, hoje ao voltar à casa da família, levou um mimo de boas festas. (Foto: Alcides Neto)

A reação dele foi de surpresa por vivenciar algo inédito aos 72 anos. "Foi a primeira vez e fiquei muito contente mesmo. É difícil uma pessoa fazer isso, porque todo mundo tem as suas obrigações".

Marta ainda dispensa elogios ao pé de pitanga. "Eu sou apaixonada e quando olhei, falei: vai lá procurar com calma essa chave", brinca. Por ser da área da saúde, ela sabia que o nervoso passado com o extravio já era o suficiente para desencadear alguma coisa séria. "O que achei bonitinho foi a preocupação dele com ela, são bem unidos", completa a dentista. 

Às vésperas de terminar o ano, para seu Anísio o gesto foi de grande valia. "É tão bom, ajudou a gente", agradece. "Acredito que a questão é a gentileza, é você estar atento aos outros no trânsito, no banco. Não custa e não me custou nada, nada, nada. Para mim, foi ótimo, porque ainda conheci o casal", sorri Marta. 

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E foi com o pé de pitanga como sombra que eles contaram como esta amizade floresceu de uma gentileza. (Foto: Alcides Neto)
E foi com o pé de pitanga como sombra que eles contaram como esta amizade floresceu de uma gentileza. (Foto: Alcides Neto)
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