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Comportamento

Aos 27, ela se converteu ao Islã, achou um noivo, mas tem de se casar em 40 dias

Paula Maciulevicius | 18/11/2013 06:17
A curiosidade a levou para os estudos e a conversão ao Islamismo. (Fotos: Cleber Gellio)
A curiosidade a levou para os estudos e a conversão ao Islamismo. (Fotos: Cleber Gellio)

Nos últimos dois meses, a vida de Kellen Giroletta, de 27 anos, passou por uma reviravolta. Do sobrenome ao parentesco, ela não tem nada de árabe, mas a curiosidade a levou para os estudos e a conversão para a religião Islâmica.

O mesmo ‘Ala’ que a trouxe para os caminhos, colocou um marido egípcio na vida dela e agora os dois travam uma luta contra a burocracia, tendo como principal adversário o relógio. Os dois precisam se casar em menos de 40 dias, senão ele será deportado.

Sem véu, com uniforme do trabalho, o qual ela não vai largar nem pela religião e nem pelo casamento, garante, Kellen continua com os costumes ocidentais e frisa que ninguém pediu a ela para mudar qualquer coisa. A história toda começou em maio. Kellen já tinha amigos muçulmanos no Facebook e resolveu ir mais a fundo. “Comecei a pesquisar como vivem, agem, o que fazem”, conta. O próximo passo foi dar início às aulas de árabe na mesquita. A visita lhe rendeu amigos que a receberam de braços abertos.

“Comecei a ver que as pessoas ficam falando, criticando, sem saber. Eu fui encontrando espaço lá. Onde a gente se sente bem é onde tem que ficar não é?”, indaga. Criada na igreja Católica, a jovem também frequentou cultos evangélicos e afirma ter visto mais preconceito dentro de igrejas do que na mesquita. “Eu tenho um filho e ninguém nunca se aproximou de mim. Na mesquita eles foram muito receptivos”, completa.

Prestes a se casar, ela e o noivo lutam contra o relógio para dar tempo de assinarem a união no cartório.
Prestes a se casar, ela e o noivo lutam contra o relógio para dar tempo de assinarem a união no cartório.

Em uma semana ela leu todos os 20 livros que falavam sobre a religião e decidiu que era aquilo mesmo que queria para a vida futura. O ‘sim’ ao Islã se seguiu de ‘não’ dos amigos, carregados de pré-conceitos.

“Eles falavam que eu era louca, que todo mundo é terrorista. Mas não, os muçulmanos são o povo mais temente a Deus. Quando eu vi que não tinha maldade nenhuma e se é para o meu próprio bem espiritual e convívio com Deus, decidi me tornar muçulmana”.

A decisão não é sacramentada por batismo. Não tem água envolvida e nem um ritual específico. Ela só precisa aceitar Deus como único salvador. “É a charrada, que é a confissão da fé, de que eu aceitei somente Ele”, explica.

Em uma das comemorações da religião, o noivo de Kellen despertou os olhares para ela. Egípcio, o rapaz teve de chegar em um dos líderes da mesquita para perguntar por ela e saber como se aproximar.

O mesmo líder fez o meio de campo. Falou sobre ele a Kellen e do desejo que ele tinha de a conhecer melhor. “Primeiro eu fiquei pensando, mas depois eu aceitei”, conta.

No namoro, os dois podem se visitar, no entanto é preciso ter sempre a companhia de alguém. O período é curto e quando os dois aceitam as condições impostas um pelo outro, passam ao compromisso de noivado até que o casamento chegue.

“Todas as coisas que estão acontecendo é pela vontade de Deus”, afirma Kellen.
“Todas as coisas que estão acontecendo é pela vontade de Deus”, afirma Kellen.

“Ele me ama. O tratamento é diferente, você sabe que pode confiar na pessoa. Os muçulmanos temem muito a Deus e para eles a mentira é o pior pecado do mundo. Eu, se pudesse, arrumaria um marido árabe para cada amiga”, brinca.

O português ele tem aprendido aos poucos. Ela não sabe dizer como “mas ele entende o que falo. Se você falar a mesma coisa com ele, ele não te entende”, descreve.

A contagem para o casamento não é regressiva. Nem ela e nem ele querem que a data chegue logo diante de todo processo em cartório. Na última terça-feira foi concedido a ele um visto de 45 dias. Já passado uma semana, eles ainda não conseguem prever a data do ‘sim’ dentro do prazo.

“Eu pedi na Polícia Federal para renovarem o visto por 100 dias. O policial disse que podia por 45, porque dessa parte do mundo ele pode ser terrorista e que o ano que vem é Copa”, relata.

Nem a falta de prazo tira o sorriso da muçulmana recém convertida. “Eu estou muito feliz, era o destino. Deus teve que trazer uma pessoa do outro lado do mundo para me entender. Todas as coisas que estão acontecendo é pela vontade de Deus”.

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