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Comportamento

Apesar de surgir primeiro, bairro troca de nome diante de xará famoso e maior

Naiane Mesquita | 15/07/2015 06:34
Arborizado e com ruas largas, a Coophavila I foi construída há mais de 20 anos por investimentos do BNH (Foto: Vanessa Tamires)
Arborizado e com ruas largas, a Coophavila I foi construída há mais de 20 anos por investimentos do BNH (Foto: Vanessa Tamires)

Os moradores não sabem explicar direito onde começa e termina o bairro, mas quem vive ali há muito tempo conhece pelo mesmo nome: Coophavila I.

Provavelmente, muitos associem o bairro à saída para Sidrolândia, mas o que poucos sabem é que na verdade a primeira Coophavila da cidade fica bem antes do terminal Bandeirantes, ainda na avenida Brilhante, a quilômetros de distância da xará famosa, a Coophavila II.

O lugar surgiu há cerca de 40 anos, construído pelo BNH (Banco Nacional da Habitação). Mas como a vizinha é bem maior, a vila de menos de 10 quarteirões largou mão do nome oficial.

Dona Alice lembra com saudade dos tempos em que o bairro nem asfalto tinha
Dona Alice lembra com saudade dos tempos em que o bairro nem asfalto tinha

Apesar de hoje toda a região ser chamada de Vila Bandeirantes, quem chegou ali primeiro ainda refuta em adotar o novo nome. "Mudei aqui como Coophavila I, nunca ninguém me falou que virou Vila Bandeirantes", afirma a aposentada Madalena Garcia, 63 anos.

Mesmo assim, na conta de luz dela, o novo nome que aparece. "Olha que surpresa e eu nunca nem olhei", se admira.

Segundo a moradora, a vila é formada por poucas quadras. "A partir da minha rua, a Campinas até uma pracinha lá em cima e umas quatro quadras sentido centro é a vila Coophavila. Hoje está tudo bem mudado, as casas foram reformadas, mas aqui sempre foi um bairro muito bom de viver, tranquilo", acredita.

Manuela brinca todos os dias em pracinha do bairro acompanhada da avó
Manuela brinca todos os dias em pracinha do bairro acompanhada da avó

Na vizinhança, todo mundo que é das antigas se conhece. É o caso da dona Alice Aparecida de Godoi, 63 anos, amiga de Madalena. Moradora da rua de trás há 39 anos. Ela criou os três filhos homens no bairro e diz que apesar do poeirão, ainda sente saudade dos velhos tempos.

"Quando cheguei aqui não tinha asfalto, era uma poeira vermelha. Quando lavava as fraldas das crianças eu tinha que estender a noite porque de dia ficava vermelha do vento. Cheguei nessa casa nem muro tinha, era umas toras de madeira que marcava o terreno. Era bom aquele tempo", relembra.

Ela explica que o Coophavila I fica dentro da Vila Bandeirantes, mas que pela facilidade as pessoas optaram por registrar com o nome do novo bairro.

"Quando você pedia pizza e falava Coophavila I, os entregadores paravam no Coophavila II, ninguém sabia que o bairro ficava aqui. Já perdemos várias pizzas assim", brinca.

A confusão também é admitida pela dona de casa, Celia Reis, 59 anos. "Nem todo mundo sabe e muitas das casas originais, da época do BNH já foram descaracterizadas. Sobrou pouca coisa do início. Eu moro aqui há 8 anos, é um lugar tranquilo, bom de se viver", afirma.

Amiga da dona Alice, Madalena teve que pegar a conta de luz para conferir o nome do bairro
Amiga da dona Alice, Madalena teve que pegar a conta de luz para conferir o nome do bairro

Célia mora em frente a uma praça na rua Marechal Floriano e leva a neta Manuela todos os dias para brincar, ao lado do cachorro da família.

"Esse meu cachorro veio do Paraguai, ele é assim, vai com todo mundo, sai para dar uma volta. Os vizinhos cuidam dos meus animais, quando um deles escapa, ou ele ou o gato, sempre tem alguém que devolve lá em casa", diz, orgulhosa.

Esse clima amistoso é o grande charme da vila. Cortada ao meio por uma das avenidas mais movimentadas de Campo Grande, a Brilhante, a sua essência continua a mesma.

Emocionada com as lembranças, Dona Alice diz que mesmo após a casa se tornar grande demais para ela e o marido, nunca pensou em abandonar a vila.

"Foi aqui que meus filhos cresceram, eu conheço todo mundo. Minha vizinha aqui tem mais de 80 anos, a gente se conhece há 40. Meus filhos brincaram aqui na frente de casa, naquele poeirão vermelho. Não tem como deixar isso para trás. É a nossa história", acredita.

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