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Comportamento

Após 19 anos e cartas extraviadas, amor da adolescência volta para Débora

Paula Maciulevicius | 05/05/2016 06:10
Débora e Juliano na frente da casa que foi da avó Benedita, que durante quatro anos respondeu as cartas dela. (Fotos: Arquivo Pessoal)
Débora e Juliano na frente da casa que foi da avó Benedita, que durante quatro anos respondeu as cartas dela. (Fotos: Arquivo Pessoal)

Hoje ela tem 39 e ele 35. A história de amor de Juliano e Débora é rodeada de números, datas que não lhe saíram da memória e cartas que nunca chegaram ao destinatário. Ainda adolescentes, o casal foi o primeiro amor um do outro. Ela tinha 17 e ele, à época, só 14. Mas o namoro que começou na Colônia de Férias de Campo Grande teve de esperar 19 anos para ser retomado, quando Débora avistou os pés de Juliano descendo do carro, na porta de casa e, sentiu ali o coração bater tão forte como de menina. 

A relação - na primeira fase - durou dois anos e foi interrompida pela diferença de idade. "A gente era muito novo, mas namorava muito sério e isso interferiu muito na época, não sabíamos lidar com sentimento, relacionamento", recorda a jornalista Débora Bordin. Mais velha, ela já estava entrando num mundo diferente, da faculdade e do trabalho e ainda havia o receio da família diante da distância dos anos. 

O término chegou seis dias antes do aniversário de dois anos de namoro. "Eu nunca vou esquecer, foi dia 16 de abril. Aí meu chão abriu, o incrível é que eu já tinha 19 anos e ele 16 anos, apesar da diferença de idade, para mim era o fim do mundo", recorda.

Os dois no passado, dentro dos anos que estiveram juntos de 1994 até 1996.
Os dois no passado, dentro dos anos que estiveram juntos de 1994 até 1996.

A jornalista emagreceu, chorou horrores no colo da mãe e só saiu do luto seis meses depois, por insistência das amigas. Como as ligações na casa de Juliano não chegavam até ele - que sempre estava ocupado, ou ausente - ela passou a escrever cartas que nunca foram entregues.

"Coisa de novela mesmo, o mais próximo que eu chegava dele era conversando com a avó, isso durou uns quatro anos depois que a gente terminou. Nos escrevíamos nos aniversários, no Natal eu perguntava como ela estava..." Dona Benedita, avó materna de Juliano, a chamava de "minha neta do coração". 

Anos mais tarde, depois que Débora retomou a vida, os dois se encontraram poucas vezes, ao acaso, até o advento da internet e dos e-mails, que eram trocados, mas só para desejos de Feliz Aniversário ou de Boas Festas. "Era quando lembrava, mas eu sempre lembrei, todas as vezes eu me lembrei do aniversário dele", admite a jornalista.

Na era das redes sociais, entre o Orkut e o Facebook, Juliano se casou, Débora encheu a cara e chorou no ombro das amigas. Uma em específico até sugeriu que ela fosse atrás, entrasse na igreja no momento em que o padre falasse "Fale agora ou cale-se para sempre", mas a jovem entendeu que ele já tinha arrumado a vida. "Aquilo foi um dos piores dias para mim, ele jurando amor eterno para uma pessoa que não era eu"...

Com ele casado e ela namorando, volta e meia os dois se trompavam, fosse pessoalmente, ou através das perguntas feitas para os amigos em comum. Os dois também moraram em outras cidades e ela chegou a dividir a vida com alguém, até voltarem para onde tudo começou.

Durante quatro anos, único contato de Débora era com a avó de Juliano, por carta.
Durante quatro anos, único contato de Débora era com a avó de Juliano, por carta.
Em agosto do ano passado, Juliano reapareceu em comentário no Facebook.
Em agosto do ano passado, Juliano reapareceu em comentário no Facebook.

Em agosto do ano passado, quando ninguém imaginava, em uma foto publicada por Débora no Facebook, de um abraço na filha de uma amiga querida, ele resolveu aparecer publicamente para dizer que tinha sido com ela que havia aprendido o que era um abraço.

"Quando ele fez aquele comentário, eu fiquei confusa, não sabia se ele estava com alguém, mas chamei no inbox e só joguei: a gente pode dar esse abraço. Quatro dias depois ele respondeu", descreve. A justificativa de "demora" era o nervosismo. "Ele disse que o coração dele acelerou e quando eu voltasse do Rio de Janeiro, lugar de onde eu já tinha voltado há um ano, a gente se encontraria. Aí eu mandei: e aí, vamos nos ver?"

Um mês depois, Juliano chegou para pegá-la em casa. "Eu lembro até hoje, ele chegando na frente da minha casa. Quando eu vi os pés dele saindo do carro, meu coração acelerou. E de repente, olhei para a cara dele e vi a mesma pessoa que eu conhecia".

O abraço foi o primeiro carinho e o precursor de toda onda de sentimentos que vieram a seguir. Juliano e Débora fecharam o bar para onde foram naquele dia. Ele já queria voltar a namorar ali, como se o tempo não tivesse deixado passar quase duas décadas.

"Eu disse: está louco? Eu nem sei quem é você, mas ele disse: eu sei quem é você". Dois dias depois, Juliano levou Débora até a casa da avó com quem ela trocou cartas. A neta do coração foi recebida com uma declaração: "ela disse: Débora, eu te amo!"

Após o reencontro, dois meses foram o suficiente para ela aceitar o pedido de casamento. Os dois já moram juntos e planejam casar e ter filhos. 

"Para mim foi um tempo enorme. Mas de repente, se a gente tivesse se encontrado antes, não teria maturidade. Foi no momento certo, destino e hoje é como se o tempo não tivesse passado. Eu sempre pensei que ele era o grande amor da minha vida. 19 anos depois e eu não esqueci. Eu me lembrava dele todos os dias, de alguma forma. Por que todo esse tempo depois? Acho que foi o universo". 

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"Eu sempre pensei que ele era o grande amor da minha vida. 19 anos depois e eu não esqueci. Eu me lembrava dele todos os dias, de alguma forma".
"Eu sempre pensei que ele era o grande amor da minha vida. 19 anos depois e eu não esqueci. Eu me lembrava dele todos os dias, de alguma forma".
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