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Comportamento

Após 30 anos cuidando da filha, morte virou incentivo para mãe ajudar crianças

Larissa Caetano | 15/02/2016 14:00
Conceição Ledesma cuida da Brinquedoteca da AACC/MS (Foto: Larissa Caetano)
Conceição Ledesma cuida da Brinquedoteca da AACC/MS (Foto: Larissa Caetano)

“Minha filha foi minha maior professora”, conta a dona de casa Conceição Ledesma, aos 70 anos, uma das voluntárias da brinquedoteca da AACC/MS (Associação dos Amigos das Crianças com Câncer do Mato Grosso do Sul). Mãe de quatro filhos, foi com a primogênita que ela aprendeu a se doar completamente ao outro.

Ao receber o diagnóstico de encefalite da filha de um ano e oito meses com, uma doença infecciosa que atinge o cérebro e que pode ser fatal, Conceição e o marido foram para o Rio de Janeiro tentar um tratamento que revertesse os sintomas da doença, o que não foi possível com a medicina da época, em 1977. Aquele foi um ano difícil para a família de Conceição: o pai havia falecido, o segundo filho nasceu prematuro e a filha mais velha adoeceu para nunca mais sarar.

O olhar que transmite carinho também desponta uma sensação de que a dor só pode ser superada quando se decide levar a vida adiante, depois de 30 anos cuidando da filha. Foi nos seus braços que a filha foi embora. “Nossa linguagem era o amor”, lembra.

Depois do luto, Conceição voltou a estudar, concluiu o ensino médio e se formou em Serviço Social. Sentiu na pele o preconceito no mercado de trabalho por ser uma profissional mais velha. “Eu tinha quase 30 anos de experiência como cuidadora e não consegui emprego na área, parece que a minha missão na vida não é ganhar dinheiro, mas sim ajudar os outros”, desabafa.

Ela mata a saudade dos netos brincando com as crianças em duas instituições: na Casa Vovó Tulia e na AACC/MS. Emprega o tempo disponível contribuindo com a vida de pessoas cuja expectativa de vida é um mistério. Já foi presidente da Apae em Iguatemi-MS, voluntária em creche e, quando se mudou com a família para Campo Grande, candidatou-se a uma vaga na brinquedoteca da AACC/MS. Além disso, também trabalha como voluntária na instituição Mãos sem Fronteiras e prepara sopas aos sábados para pessoas carentes.

“Agradeço a Deus por chegar aos 70 com saúde para poder me dedicar ao próximo”, celebra Conceição, uma entre os mais de 500 voluntários que trabalham nos bastidores da instituição que, em março, completa 18 anos no Estado. Há seis anos, ela brinca às quintas-feiras com as crianças hospedadas na casa de apoio.

Menino se diverte em Brinquedoteca da AACC/MS. (Foto: Larissa Caetano)
Menino se diverte em Brinquedoteca da AACC/MS. (Foto: Larissa Caetano)

15 de fevereiro - Hoje, o Dia Internacional do Combate ao Câncer Infantil chama a atenção para voluntários anônimos como Conceição que contribuem para o bem-estar das crianças em tratamento e das famílias que sofrem com a situação.

Na casa de apoio da AACC/MS, as mães do interior ficam hospedadas enquanto as crianças permanecem nos hospitais da cidade. São oferecidos hospedagem, alimentação, cestas básicas, apoio psicológico, cursos e atendimento fisioterápico são oferecidos pela instituição. Amor, carinho, dedicação e muito comprometimento são doados pelos profissionais e voluntários.

A AACC/MS aceita voluntários para os setores de eventos, estoque, bazar, cantina, salão de beleza, triagem de doações, cozinha, almoxarifado e recepção. Não é necessário ter experiência na área e os interessados podem entrar em contato pelo telefone 67 3322-8000.

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