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Comportamento

Após perder irmã, Marilena reencontrou paz em um jardim feito na sacada

O cultivo das plantas se mostrou algo reconfortante para a professora, que era muito ligada a sua irmã, Mariluce

Eduardo Fregatto | 26/06/2017 08:39
Marilena passa horas cuidando do jardim na sacada. (Fotos: André Bittar)
Marilena passa horas cuidando do jardim na sacada. (Fotos: André Bittar)

Marilena, Mariluce e Marisa eram três irmãs inseparáveis. Professoras e pesquisadoras universitárias, compartilhavam o amor e dedicação pela educação. “Pequenas, dormíamos na mesma cama, sempre andávamos de mãos dadas. E, uma vez adultas, partilhávamos a mesma paixão. Tínhamos muito orgulho nesse fato”, descreve uma das irmãs, Marilena Bittar, 55 anos.

Infelizmente, há cerca de três anos, Mariluce foi diagnosticada com câncer no cerébro e, aos 54 anos, faleceu. Fato que Marilena descreve como “a maior e mais profunda dor” de sua vida.

Após um grande período de grande tristeza, foi por meio do cultivo de plantas e da jardinagem que Marilena conseguiu reencontrar um pouco de paz e conforto, para seguir em frente. “Mexer, cuidar de plantas, a natureza, ajudam a trazer um pouco de paz ao coração. Pra mim, é um bálsamos para as dores da alma”, afirma.

Marilena mora no décimo segundo andar e despertou a curiosidade dos vizinhos.
Marilena mora no décimo segundo andar e despertou a curiosidade dos vizinhos.

Mesmo morando em um apartamento, a professora conseguiu criar seu próprio jardim, na sacada do prédio, com inúmeras plantas e flores. Orquídeas, begônias, manjericão, hortelã, óregano, samambaias, pé de uva, tomate, pimentas, erva cidreira, menta, até um pé de jabuticaba... a variedade é grande. “Eu brinco que se a pessoa tiver problema de estômago, eu tenho boldo. Se tiver nervoso, tenho a erva cidreira. Tenho todas as soluções aqui”.

Muitos dos vizinhos se surpreendem com a façanha de ter um jardim na sacada de um apartamento, e tentam copiar Marilena, muitas vezes sem o mesmo sucesso. “Pedem para eu mandar fotos, porque pra eles não deu certo”, relata. “Não é tudo que eu consigo fazer crescer. Plantas que precisam de muito sol, por exemplo, não dão. Aqui tem muito vento, então eu fiz uma proteção para as orquídeas. Eu vou aprendendo e tentando”.

Mariluce e Marilena, irmãs eram inseparáveis. (Foto: Acervo Pessoal)
Mariluce e Marilena, irmãs eram inseparáveis. (Foto: Acervo Pessoal)

A ideia toda veio de uma amiga, Adriana, e Marilena se diz completamente grata pela valiosa recomendação. “Minha qualidade de vida melhorou bastante. Eu tenho uma vida muito estressante, e aí mexer com as plantas é muito gostoso”. Ela cresceu em fazenda, mas jamais tinha despertado esse amor pelas plantas. “Hoje eu penso, como essa varanda era estéril. Não tinha nada”, diz, olhando agora a sacada cheia de vida e verde.

Reconexão - Além de mostrar que é possível criar um jardim mesmo com o menor e mais improvável dos espaços, Marilena também ensina que a prática pode melhorar a qualidade de vida e se revelar uma forma de se reconectar com a vida. Apesar disso, a professora reforça a grande falta que ainda sente da irmã. “Ela deixou um lastro forte e marcou as pessoas com as quais conviveu, e sempre que olho meu jardim, eu penso: 'se a Mariluce o visse...'”, finaliza.


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Quem ajuda no cuidado das plantas é a funcionária da professora, Jucilene.
Quem ajuda no cuidado das plantas é a funcionária da professora, Jucilene.
As begônias são algumas das flores no jardim.
As begônias são algumas das flores no jardim.
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