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Comportamento

Aquele suspiro que o Natal provoca, mas que deveria ser o ano inteiro

Mariana Lopes | 24/12/2014 07:00
Onde tudo começou: distribuição de 70 básicas para famílias do bairro Dom Antônio Barbosa, em Campo Grande  (Foto: arquivo pessoal)
Onde tudo começou: distribuição de 70 básicas para famílias do bairro Dom Antônio Barbosa, em Campo Grande (Foto: arquivo pessoal)

Assim que as lojas sinalizam nas vitrines que o final de ano chegou, parece que a atmosfera do ar contamina as pessoas com um grau elevado de sensibilidade, compaixão e solidariedade. Todas as campanhas em prol de entidades filantrópicas explodem quando o Natal se aproxima. Sempre me custou muito entender que as pessoas fizessem caridades somente uma vez ao ano e que todas fossem realizadas na mesma época.

Até que um dia, em 2007, por ironia do destino (ou para eu pagar a língua mesmo), fui tomada por essa coisa que invade a atmosfera aos finais de ano e me vi encabeçando uma campanha de Natal para famílias carentes do bairro Dom Antônio Barbosa. Com a ajuda de alguns amigos, montei 70 cestas básicas bem recheadas e, na manhã de um domingo ensolarado de dezembro, fomos entregá-las.

Confesso que foi uma das sensações mais fantásticas que já senti, por diversos motivos. O primeiro deles foi por ver o brilho nos olhos das pessoas que recebiam aquele kit com alimentos. Como um gesto, que para mim foi tão simples fazer, poderia trazer tanta esperança ao olhar das pessoas que recebiam as doações?!

Outro motivo que me causou muito contentamento foi o de perceber quão dispostas as pessoas estão para ajudar a quem precisa de um pouco mais de auxílio. E toda a minha felicidade em ver a ação acontecer foi transbordada em lágrimas (claro). Chorei ao ver que todo o esforço e toda a correria valeram a pena e que eu tinha cumprido uma missão.

Em 2008, sonhei mais alto. Montei um projeto, chamado Natal Encantado, no qual reuni ainda mais amigos, para fazer uma grande festa, para mais de 100 crianças, com direito a lanche, palhaços, teatro, música e Papai Noel, com um saco recheado de presentes.

Então, eu vi que não havia limites para um coração cheio de ousadia e com vontade de provocar sorrisos. E a cada ano, o Natal Encantado era ainda mais bonito, com presentes ainda melhores e com um maior número de voluntários.

Foram 5 anos de projeto, nos quais eu tive os melhores finais de ano da minha vida. Ficava louca, tinha noites sem dormir, preocupadas com os presentes, com as doações. Mas no final, quando tudo dava certo (porque sempre dava), eu me sentia a pessoa mais realizada do mundo inteiro.

Descobri que fazer o bem exige coragem. Em um mundo cada vez mais individualista, aplaudo de pé quem deixa sua zona de conforto para se dedicar ao próximo, mas aquele próximo que está bem distante. Descobri também que não importa a época do ano, fazer o bem é o gesto mais nobre que existe. E por isso mesmo, deve ser repetido diversas vezes na vida.

Depois de 2 anos sem Natal Encantado, eu sinto saudade de tudo. Inclusive de mim mesma, que um dia já fui bem mais corajosa. E este texto é só para me lembrar o quanto eu me torno uma pessoa melhor quando estendo minhas mãos em direção a quem precisa.

*Mariana Lopes é jornalista e colaboradora do Lado B

Natal Encantado de 2010, no Lar do Pequeno Assis, para 150 crianças. (Foto: Picarelli Junior)
Natal Encantado de 2010, no Lar do Pequeno Assis, para 150 crianças. (Foto: Picarelli Junior)
tudo fica mais fácil quando se tem amigos por perto  (Foto: Picarelli Junior)
tudo fica mais fácil quando se tem amigos por perto (Foto: Picarelli Junior)
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