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Comportamento

Até sexta é Eduardo, mas no fim de semana surge a drag bafo Duda Babaloo

Paula Maciulevicius | 10/09/2015 06:34
Duda Baballo é apenas Eduardo de peruca, se projetando e brincando em cena. (Fotos: Arquivo Pessoal)
Duda Baballo é apenas Eduardo de peruca, se projetando e brincando em cena. (Fotos: Arquivo Pessoal)

Eduardo Araújo tem 25 anos. Duda Babaloo, 6 meses. Publicitário criado em Campo Grande, Eduardo deixou a Cidade Morena há quatro anos para morar em São Paulo. Frequentador desde sempre de shows de drags, até mesmo por aqui, foi a produção de eventos que o aproximou desse mundo e fez com que ser drag virasse hobby e depois trabalho.

Duda Babaloo é apenas Eduardo de peruca, se projetando e brincando em cena. O começo tem relação com a drag da terra, "Maria Quitéria", interpretada pelo ator Arce Correia, mas foi só depois de muito tempo assistindo o reality show americano "RuPaul's DragRace", é que Eduardo passou a se interessar, de fato, pela transformação. O contato com uma drag de Belo Horizonte que também mora em São Paulo, Malonna, foi o que mais influenciou.  

"Uma vez produzi um show e chamei a Malonna para fazer hostess, aí me aprofundei um pouco mais em conversas com ela e comecei a fazer em casa make up, por hobby", conta. Produtor e DJ, a coisa foi crescendo a ponto de Eduardo ser chamado para fazer DJ set em uma festa e performance na outra. Foi quando teve a ideia de criar a "Festa Estranha", evento voltado para a arte drag na capital paulista.

Sem maquiagem e peruca, Eduardo se identifica com seu gênero e se monta como Duda apenas para eventos.
Sem maquiagem e peruca, Eduardo se identifica com seu gênero e se monta como Duda apenas para eventos.

Nos últimos três meses, a agenda apertou e são pelo menos três eventos por final de semana. "É uma personagem baseada muito em que eu sou. Não crio roteiros", explica. Pela publicidade ele fundou um portal de diversidade com o marido, "A Coisa Toda", onde Duda Babaloo acabou virando propaganda e ganhando um webshow, o "Drag Repórter".

A Duda é engraçada só de olhar na fotografia. Make, peruca e salto transformam Eduardo na drag, além de muito humor. "Principalmente humor de insulto, eu me inspiro nisso e em coisas que acontecem ao meu redor", relata. O publicitário explica que, apesar das pessoas relacionarem drag à transexualidade, uma coisa não está necessariamente ligada à outra. "Não é o caso da maioria das drags, que se enxergam como atores", explica.

De Eduardo para Duda Babaloo, existe salto, espartilho ou body modelador, roupa, make up e peruca. "O que mais gosto é a make up, você criar novas formas e cores em um rosto, é uma tela de pintura para mim", descreve. Já o mais dolorido, fica por conta da fita e da cola da peruca e os momentos de sofrimento mesmo estão na hora de dançar no palco com fantasia.

"Eu até quero ser bonita como drag em beleza feminina, mas também quero ser engraçada. Então eu me inspiro em nomes como Divine, Lady Bunny, Bianca Del Rio e a própria Maria Quitéria, que misturam sarcasmo e ironia até mesmo em sua make up", exemplifica.

"Eu até quero ser bonita como drag em beleza feminina, mas também quero ser engraçada", diz Duda.
"Eu até quero ser bonita como drag em beleza feminina, mas também quero ser engraçada", diz Duda.
De Eduardo para Duda Babaloo, existe salto, espartilho ou body modelador, roupa, make up e peruca. (Foto: Arquivo Pessoal)
De Eduardo para Duda Babaloo, existe salto, espartilho ou body modelador, roupa, make up e peruca. (Foto: Arquivo Pessoal)
Make, peruca e salto transformam Eduardo na drag, além de muito humor.  (Foto: Arquivo Pessoal)
Make, peruca e salto transformam Eduardo na drag, além de muito humor. (Foto: Arquivo Pessoal)

Até nas drags, Eduardo explica que existem e são cobrados os padrões de beleza das passarelas, mas que ele ignora. "Existe muito o foco na beleza, porém personalidade é o que fixa e não ligo para os padrões, pelo contrário, eu fujo deles e me destaco assim", se posiciona. 

Eduardo sempre foi gordo e atribui o fato de aprender a se amar assim à Duda. "É bem louco você crescer sendo ofendido por ser o que você é, gordo e um dia você se veste de mulher e as pessoas me chamam de gostosa", brinca.

O publicitário deixa claro que se identifica com o gênero masculino e que gosta de ser chamado assim no dia a dia, exceto quando "se monta", aí pede a todos para ser chamado por Duda Babaloo. 

Sobre o que mais ser drag lhe ensinou, Eduardo diz que a ser menos machista, porque se nasce aprendendo que o certo é ser masculinizado. "A sociedade nega e apaga o feminino, a Duda me ensinou que eu posso ser tudo que eu quero também, que eu não posso e nem quero agir pela cabeça da sociedade que vive atrasada. Duda me deu coragem pra viver com menos amarras".

Em São Paulo, Eduardo consegue viver como Duda por ter mais mercado do que aqui. Por enquanto ele não tem shows marcados aqui, mas negocia a vinda ainda este ano. Mais sobre Duda Babaloo, na página no Facebook.

Abaixo, o último Drag Repórter, de 3 de setembro: 

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