ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 30º

Comportamento

Atendente que diz ser super-herói atrás do balcão ensina muito sobre felicidade

Paula Maciulevicius | 28/07/2015 06:23
"Quando eu visto essa roupa, a gente procura sempre estar brincando, até de super-herói... Mas eu sou um balconista e vou fazer o meu trabalho..." (Foto: Fernando Antunes)
"Quando eu visto essa roupa, a gente procura sempre estar brincando, até de super-herói... Mas eu sou um balconista e vou fazer o meu trabalho..." (Foto: Fernando Antunes)

É com um sorrisão estampado no rosto que Waldo recebe a gente, os clientes, o supervisor... Todo mundo. Usando o bom humor como poder, ele se considera um super-herói assim que veste o uniforme e vai para trás do balcão, mesmo que ninguém ali saiba o seu nome e não lhe peça mais que uma ajuda para comprar o pão.

Waldo Barbosa Ferreira tem 57 anos, os últimos dois vividos ali, batendo ponto como super-herói das 14h às 22h30, na padaria do Wal Mart do Shopping Bosque dos Ipês, em Campo Grande. Ele não salva o mundo, mas fala o preço quando o valor está pequeno para olhos já cansados, oferece um café e até pudim para cliente que passa "namorando" a vitrine. É um bem humorado nato, daqueles que não tira o sorriso por nada.

"O problema de casa eu deixo lá. A empresa não tem nada a ver. Quando eu visto isso aqui, sou um super-herói". Daí vem a frase e por trás dela muito, mas muito ensinamento mesmo. 

Sorriso e bom humor são os poderes do tal super-herói. (Foto: Fernando Antunes)
Sorriso e bom humor são os poderes do tal super-herói. (Foto: Fernando Antunes)

É pouco trabalhar ali? Não sei. Waldo foi de gerente a balconista, sem nunca deixar de ser vendedor. Por 15 anos trabalhou com vendas, estudou o que ele chama de "relações humanas" e mais tantos outros cursos e técnicas e inclusive, foi gerente de supermercado. "De bairro", como faz questão de falar.

Waldo entrou no mercado onde trabalha hoje para ser açougueiro, mas um problema de saúde o tirou das carnes e o levou para o pão. Entre os clientes, pela conversa, atenção e o bom humor, ele é confundido com nordestino. "As pessoas me perguntam se eu sou do Nordeste, eu digo por que? Aqui não pode ter gente assim?", responde.

O motivo do alto astral que a gente sente durante toda a entrevista tem fundamento e é até engraçado. "Eu sempre brinco, é tão difícil ganhar dinheiro que na hora de gastar, você ainda vai ser mal atendido? Aí fica difícil..." Concordo.

A garrafa de café que fica no balcão é a prova de que Waldo conquista mesmo a clientela. Não tem um que ele não ofereça, mesmo quando passa de longe, um golinho. "Agora nem está dando mais, tem que fazer duas dessa por dia", contabiliza.

É pouco trabalhar ali? Não sei. Waldo foi de gerente a balconista. (Foto: Fernando Antunes)
É pouco trabalhar ali? Não sei. Waldo foi de gerente a balconista. (Foto: Fernando Antunes)

Entre as histórias com os clientes, ele se recorda de uma senhora que passava por ali de olho no pudim. Depois de contar nos dedos quantas vezes ela foi até a loja, ele resolveu chamá-la para experimentar uma fatia. O resultado? "Ela levou três pudins para casa. E as pessoas ainda me perguntam o que eu ganho oferecendo outras coisas se aqui só vende pão..."

Do café, para um bolinho, do bolo para o pudim... O que sai da padaria ganha vida no balcão, pelas mãos de quem se enxerga como super-herói... "O bom humor é o bom atendimento... Para chegar até aqui, o cliente passa por cinco supermercados antes. Por que ele vai vir justamente comprar aqui? Qualidade? Todo mundo oferece. Preço? Todo mundo faz..." A pergunta, ele deixa no ar.

"Quando eu visto essa roupa, a gente procura sempre estar brincando, até de super-herói... Mas eu sou um balconista e vou fazer o meu trabalho..."

Nos siga no Google Notícias