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Comportamento

Barbeiro ambulante sobrevive cortando cabelos de porta em porta há 3 anos

Anny Malagolini | 20/02/2013 06:21
João leva maleta e vai onde o cliente está. (Fotos: João Garrigó)
João leva maleta e vai onde o cliente está. (Fotos: João Garrigó)

Nascido em Pombal, na Paraíba, João Leite resolveu vir para Campo Grande há 30 anos para escapar do sertão, “dar um jeito na vida”. O ofício já tinha, ensinado pela mãe, e no corte de cabelos conseguiu sobreviver.

A primeira experiência, ainda quando garoto, teve o pai como cliente. Um nordestino bravo, mas que gostou do trabalho, garante o filho. Por aqui, começou como ajudante de barbeiro, até ganhar experiência e abrir seu próprio salão, na rua Calógeras.

Depois de 20 anos de casa, a barbearia foi perdendo clientes, ficando vazia e as portas foram fechadas. “O movimento andava fraco, os homens mais novos perderam a cultura de ir à barbearia, preferem salão”, justifica.

Sem trabalho e sem casa, João teve de recomeçar. Foi trabalhar como voluntário na igreja em troca de moradia. Hoje, é figura certa nos cultos. De voluntário, passou para porteiro e ainda hoje ganha um salário para isso.

Mas a profissão não ficou esquecida. Sem espaço, o barbeiro agora vai à casa do cliente, sempre com uma laetinha, mas já adianta que não faz qualquer corte, “Corto apenas no estilo tradicional e social. Esses meninos querem corte tudo despontado, não faço isso não”, explica.

João não tem carro, então depende de uma carona amiga. Se o local é perto, ele vai a pé mesmo. Por conta disso, não atende se o cliente morar muito longe.

O paranaense José Carlos Balabuche, de 52 anos, já sabe das regras. É companheiro de igreja e só corta os cabelos com o amigo.

“Eu nem precisei dizer como eu queria, ela já sabia". Além da admiração pelo trabalho, José também levanta a moral do amigo “Não é só o corte, mas também a boa intenção de vir na nossa casa e a alegria dele são admiráveis, ele não para de falar”.

Barbeiro mostra foto de quando era novo e ainda tinha salão.
Barbeiro mostra foto de quando era novo e ainda tinha salão.

Xampu exclusivo e a Xuxa - O corte custa 10 reais, “mas vai subir para R$15,00”, informa sob o argumento: “O preço está devassado, tenho que aumentar”.

Para conquistar a clientela, costuma dar de brinde um vidro de xampu, que ele mesmo faz. A receita leva babosa, sabão de coco e água e a promessa é de cabelos sedosos e macios.

Na maleta, João guarda com estima os materiais de trabalho, alguns que carrega há mais de 10 anos, como a navalha e a tesoura, e é claro, o talco “Tabu”, que dá o toque final. Também há uma foto, de quando era novo e tinha um prédio para chamar de salão.

Solteirão e sem filhos, seu João não esconde o título de namorador, “Já namorei três primas minhas, mas isso era quando eu era moço”. È pretensioso, cativa há anos admiração pela apresentadora Xuxa. A notícia da rainha dos baixinhos estar namorando não agradou muito ao barbeiro “Não sei se ele é bom pra ela. Mas eu desejo que ela seja muito feliz”.

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