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Comportamento

Biblioteca é o recanto do colecionador apaixonado pelos livros e pela história

Thailla Torres | 15/05/2016 07:05
Valmir começou colecionando figurinhas e hoje tem um acervo de 8 mil livros. (Fotos: Fernando Antunes)
Valmir começou colecionando figurinhas e hoje tem um acervo de 8 mil livros. (Fotos: Fernando Antunes)

Valmir se dedica integralmente a uma paixão que o comove desde os tempos de menino: colecionar. Ainda criança, a diversão era comprar os álbuns de figurinhas, hoje relíquias da década de 1950. Com o tempo, veio a curiosidade por algo muito maior, que agora é a principal dedicação.

Aos 69 anos de idade, em casa acumula um acervo de aproximadamente 8 mil livros, incluindo obras de literatura brasileira e estrangeira, relatos, periódicos, livros científicos e didáticos e, claro, uma vasta coleção de livros com as histórias de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul.

Com arquitetura rústica, a biblioteca foi planejada conforme as preferências de quem desejou fazer o próprio recanto. Tudo é tão organizado, que hoje os livros surgem e caem nas mãos de Valmir no momento certo, sem trabalho.

Nascido em Maracaí, interior de São Paulo, professor e doutor em história pela USP (Universidade São Paulo), chegou a Corumbá em 1971 para dar aulas e depois de alguns anos foi transferido para Campo Grande.

Ele sobe as escadas a procura de um livro que marcou história.
Ele sobe as escadas a procura de um livro que marcou história.

Na infância, era fanático pelas figurinhas, depois pelos lápis, cartões e só então os livros. Parou por uma temporada e foi estudar, mas a paixão aumentou muito. “Eu sempre fui um rato de livraria, quando fui estudar comecei a comprar livros. Na juventude, surgiu um trabalho em uma livraria, eu mais lia do que vendia”, brinca.

Na rotina dele, a memória está na altura dos olhos. “A minha casa é um museu, tenho desde relógios antigos, álbuns de figurinhas desde a década de 1950, chaveiros e cartões postais”, conta. 

A devoção pela história é tanta, que na biblioteca tem um banco da época da NOB (Noroeste do Brasil) que Valmir reformou e faz questão de exibir. A maioria das peças é comprada, mas os amigos já o conhecem e muitos doam. Para o bem da biblioteca, ganha uma diversidade de livros, que o professor aposentado organiza e cataloga.

“Hoje, essa biblioteca, talvez seja a maior em registro sobre o Mato Grosso, Mato grosso do Sul e fronteira. Muita gente vem pesquisar”, relata mostrando o apreço por quem sempre está em busca de conhecimento. Até pesquisadores de fora do País já estiveram na casa Valmir para estudar sobre a temática da fronteira.

O livro veio de São Paulo, mas já passou pelo Rio de Janeiro até chegar a Campo Grande.
O livro veio de São Paulo, mas já passou pelo Rio de Janeiro até chegar a Campo Grande.

Muitas vezes, o livro possui uma história própria, além do conteúdo que carrega em letras e páginas. Em sebos, ele vai descobrindo vestígios de quem já folheou a obra. 

Ele sobe as escadas para pegar um livro: “Generoso Ponce, Um Chefe”, de Generoso Ponce Filho. No caso da obra, a supresa veio em uma dedicatória a um jovem estudante da época, que depois virou até prefeito de Campo Grande. 

“Uma amiga de São Paulo me telefonou dizendo que havia chegado um livro com uma dedicatória curiosa. Eu disse que já tinha o livro, mas pedi que mandasse para ver e a dedicatória dizia: Para Juvêncio César da Fonseca, líder da juventude estudantil mato-grossense, mando lembrança do seu brilhante discurso na 'sessão cívica' de hoje em memória de meu pai. Cordialmente, Generoso Ponce filho, Rio de Janeiro, 1961".

Com muito cuidado ele folheia os mais antigos.
Com muito cuidado ele folheia os mais antigos.

“Veja que coisa, o autor deu esse livro para um estudante chamado Juvêncio César da Fonseca, ele foi Prefeito em Campo Grande e na época ele era estudante quando recebeu esta obra. Eu fico imaginando o quando esse livro percorreu histórias e lugares, até chegar a mim” ,conta mostrando delicadamente a obra que já possui marcas do tempo.

Nos livros que tanto entregam aos leitores, também fica um pouco de cada um deles. “Já achei bilhetinhos, fotografias e recados. Uma vez comprei um livro na rua, e quando estava folheando, encontrei um cartão com um pedido do Ulysses Guimarães, pedindo emprego para uma pessoa”, conta.

Todos os sábados ele visita os sebos de Campo Grande em busca de novidades ou obras que ele ainda não leu. E o que ele gosta mesmo é do papel. “Hoje faço bancas de mestrado e doutorado, porém sempre que me mandam algo, peço para mandar em papel. É claro que a gente se adapta as redes e globalização, também leio jornais na internet, mas o livro precisa estar nas mãos, esse é o meu maior prazer”. 

Coleciona relíquias e objetos curiosos.
Coleciona relíquias e objetos curiosos.
Comprou até um banco da Noroeste do Brasil
Comprou até um banco da Noroeste do Brasil
O lugar se tornou o seu recanto. (Foto: Fernando Antunes)
O lugar se tornou o seu recanto. (Foto: Fernando Antunes)
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