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Comportamento

Borracheiro deixa de herança 2 dólares que ganhou por consertar pneu do papa

Anny Malagolini | 29/04/2014 06:12
Borracharia fica na rua do Seminário, no bairro São Francisco. (Fotos: Simão Nogueira)
Borracharia fica na rua do Seminário, no bairro São Francisco. (Fotos: Simão Nogueira)
Notas ficaram guardadas na carteira de Ataide desde 1991.
Notas ficaram guardadas na carteira de Ataide desde 1991.

Ataíde Selles morreu aos 61 anos sem saber que João Paulo II agora é santo. Mas se ainda estivesse vivo, teria mais um capítulo para contar em uma história que rendeu mais de 20 anos de conversa com amigos e clientes. Ele faleceu há 6 meses, depois de um vida na borracharia da família, na rua od seminário, esquina com a avenida Mascarenhas de Moraes, onde Ataíde virou personagem em 1991, durante a visita do Papa a Campo Grande.

O borracheiro teve a sorte de estar no caminho do Papamóvel, que dois dias antes da chegada de João Paulo II, em um percurso de reconhecimento, teve um dos pneus furados, quando cruzava o bairro São Francisco.

O veículo seguia para o local conhecido hoje como Praça do Papa, ainda sem o convidado principal a bordo, só com os seguranças, mas o imprevisto fez a equipe do Vaticano parar na Borracharia União. Na época, a história foi divulgada pelo jornalista Silvio Andrade, do Jornal do Brasil.

Ataíde não quis cobrar pelo serviço, mas recebeu 2 dólares, que guardou desde então na carteira. Com a morte, a "herança" acabou nas mãos do filho, o universitário Ailton da Silva, de 24 anos.

Além da lembrança de um dia especial, o rapaz também ficou com a borracharia e agora toma conta do negócio do pai. Sobre a história, ele se lembra do que o pai contava aos clientes, principalmente aos que perguntavam sobre o motivo do local ser rebatizado como "Borracharia do Papa”.

A esposa do borracheiro, Maria de Lurdes Constantino da Silva, de 51 anos, não estava na borracharia na tarde do dia 15 de outubro, mas também se recorda de ver o marido repetir o relato inúmeras vezes. “Contava orgulhoso que tinha remendado o pneu do Papa”.

Mesmo com a morte do pai, Ailton garante que o nome do comércio não será trocado as as notas de dólares continuarão guardadas como lembrança.

Ataíde, em 1991, em foto do Jornal do Brasil, guardada pela família. (Foto: Roberto Faustino)
Ataíde, em 1991, em foto do Jornal do Brasil, guardada pela família. (Foto: Roberto Faustino)
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