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Comportamento

Campanha por doador de medula óssea em MS acaba ajudando paciente na Espanha

Naiane Mesquita | 03/06/2015 08:12
Edinho (ao centro) ao lado da irmã Edna, das sobrinhas e da mãe; história inspirou doação de medula na família (foto: arquivo pessoal)
Edinho (ao centro) ao lado da irmã Edna, das sobrinhas e da mãe; história inspirou doação de medula na família (foto: arquivo pessoal)

Edna Maria Nogueira, 47 anos, ainda se lembra com detalhes dos primeiros dias do ano de 2013. Após meses de muita luta, o mais velho de nove irmãos, Edglei Nogueira começou a se recuperar de uma leucemia. "Ainda guardo a cópia dos exames. Ele iniciou o tratamento e a doença começou a regredir. O médico disse na época que nem seria necessário um transplante. Ficamos tão felizes", conta.

Pouco depois do Réveillon, Edinho, como era chamado pelos amigos, começou a se sentir indisposto. Logo, veio a dengue como diagnóstico.

"Depois os exames da dengue acabaram revelando que a leucemia estava voltando, fizemos todos os exames novamente e a leucemia estava muito agressiva, infiltrada em todo o sistema nervoso. A única salvação do meu irmão seria um transplante", relembra.

No dia 6 de abril, Edinho faleceu.

O primo de Edinho, Arinaldo acabou se cadastrando no banco de medula e agora vai ajudar espanhol (foto: reprodução/Facebook)
O primo de Edinho, Arinaldo acabou se cadastrando no banco de medula e agora vai ajudar espanhol (foto: reprodução/Facebook)

A história da família Nogueira e a luta contra a leucemia poderiam ter acabado ali, em 2013, mas outros caminhos estavam para serem escritos. Pelo pouco tempo para achar um doador, Edna fez de tudo para sensibilizar os parentes próximos, amigos e colegas.

Ligou durante dias para familiares, convocou primos de primeiro grau, que teriam mais chances de serem doadores, e até procurou os meios de comunicação para incentivar o cadastramento de pessoas no banco de medula óssea brasileiro.

Entre os vídeos que ela fazia durante o tratamento, um deles reunia alguns primos de primeiro grau que realizaram o teste na época. Entre eles, estava Arinaldo Morais de Azevedo, 30 anos.

Morador de Itajobi, no interior de São Paulo, o primo de Edinho não conhecia esse lado da família, mas mesmo assim topou o desafio de ser um possível doador.

"Nós fizemos o teste, mas acabou que não deu certo. Na época eu fiquei com toda aquela história na cabeça e um dia durante uma campanha aqui na cidade eu resolvi me cadastrar no banco de doadores, eu já era inclusive doador de sangue. Lembrei do Edinho e pensei que talvez pudesse ajudar outra pessoa", explica Arinaldo.

Um ano depois, o telefone de Arinaldo tocou com uma notícia surpreendente. "A primeira ligação que recebi foi do banco de sangue local. Eles falaram que provavelmente tinha uma pessoa compatível comigo. Liguei para a Edna e contei. Tive que voltar ao hemocentro e coletar mais uma mostra do sangue. Todo esse processo durou cerca de 4 meses, entre exames e contato por telefone", relembra.

Edna buscou doadores para o irmão e realizou campanha em Campo Grande no ano de 2013
Edna buscou doadores para o irmão e realizou campanha em Campo Grande no ano de 2013

Tudo indica que Arinaldo é compatível com um paciente que mora na Espanha. "Fiquei sabendo que ele está na Espanha. A doação já está marcada para o dia 23 de junho e já estou em Ribeirão Preto, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina para realizar o procedimento", conta.

Mesmo após saber que todo o processo exigia uma dedicação e paciência, como a realização de vários exames antes da doação e de todos os detalhes que envolvem o procedimento, Arinaldo diz que nunca pensou em desistir.

Vendedor autônomo, ele aceitou tirar uns dias de folga do ganha pão e superar o medo do procedimento para dar esperança a quem está do outro lado do Atlântico. "Poderia ser o Edinho ou eu, alguém da nossa família. Eu não conheço a pessoa, mas não é porque a gente não conhece que não deseja o bem, sendo parente ou não", acredita.

Quem quiser fazer parte do cadastro de medula óssea deve procurar o hemocentro mais próximo de sua casa, onde será agendada uma entrevista para esclarecer dúvidas a respeito das doações e, em seguida, será feita a coleta de uma amostra de sangue (10 ml) para a tipagem de HLA (características genéticas importantes para a seleção de um doador).

Os dados do doador são inseridos no cadastro do Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) e, sempre que surgir um novo paciente, a compatibilidade será verificada. Uma vez confirmada, o doador será consultado para decidir quanto à doação. O transplante de medula óssea é um procedimento seguro, realizado em ambiente cirúrgico, feito sob anestesia geral, e requer internação de, no mínimo, 24 horas.

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