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Comportamento

Casada com o melhor amigo há 12 anos e mãe de 3, Patrícia escreve amor em cartas

Paula Maciulevicius | 18/11/2015 06:12
A foto da família toda rodeada das cartas, trocadas com o melhor amigo de Patrícia. (Fotos: Arquivo Pessoal)
A foto da família toda rodeada das cartas, trocadas com o melhor amigo de Patrícia. (Fotos: Arquivo Pessoal)

Patrícia se apresenta assim: "casada com o melhor amigo há 12 anos, mãe de Asafe, de 7, Acsa de 5 anos, e Abner de 3 meses, e que não pretende parar por aí". Ela quer ser mãe de cinco. Por que? Porque quer, sempre sonhou em ter quatro filhos e depois do terceiro, veio a ideia de gêmeos.

A "prole" deve aumentar daqui dois anos. A vida dela se dá por etapas, assim como a história que escreve em cartas e que se encontram numa única página virtual: "Cartinhas de mãe", no Facebook. Uma espécie de laboratório para o livro que vem sendo escrito há anos: "Minha Herança".

Casada com o melhor amigo, Patrícia conheceu Jucélio em Itiquira, no Mato Grosso. Cidade da família dela e onde ele morava com os pais. "Nossos pais eram próximos, quando eu nasci ele tinha 6 anos de idade, não éramos amigos, mas nos tornamos quando eu fiz 12", descreve. Os seis anos de diferença ficaram para trás quando eles passaram a namorar. As juras de amor eram trocadas em cartas, porque ela morava em Cuiabá e ele em Rondonópolis.

Jucélio, Acsa, Asafe e Patrícia na foto.
Jucélio, Acsa, Asafe e Patrícia na foto.

"A carta está na minha vida desde muito cedo, pelo hábito de escrever. Namoramos à distância, o que cultivou muito essa questão de escrita", explica. Os dois se casaram quando ela completou 20 e estão juntos há 12 anos. E a forma como ela narra essa primeira parte da vida de mãe, já dá a entender que nela moram vários sentimentos.

"Quando a gente tem algum amigo namorando, mas diz que é 'só amiga', meu marido brinca 'claro que ela é sua amiga, não se pode casar com um estranho'. Tem que olhar para a pessoa que a gente quer e desenvolver uma amizade. A gente chegou nisso e pode levar alguns anos para entender isso", descreve Patrícia Brito, de 31 anos.

Administradora por formação, desde a primeira vez que viveu a maternidade, deixou de lado a carreira profissional para se dedicar aos filhos, por querer construir essa ideia. "Eu sei que é muito difícil a gente ficar em casa, mas eu encontrei um significado. Amo o que eu faço, que é cuidar dos meus filhos, da minha casa e meu marido sabe que ele pode trabalhar tranquilo, porque está todo mundo bem", diz.

O marido é bancário e por conta do trabalho, do casamento até hoje, ela já se mudou sete vezes. Por último o destino foi Laguna Carapã, de onde ela conversa por telefone com o Lado B. Minha curiosidade era pelo nome das crianças, de origem hebraica, os pais escolheram mais pelo significado do que pela sonoridade. "Aquele que voa nas asas da fé, rochedo e paz e sabedoria", explica a mãe sobre Asafe, Acsa e Abner.

"A vantagem de não encher os filhos de brinquedos, é que eles usam muito mais a imaginação.", legenda da página e na foto, Asafe.
"A vantagem de não encher os filhos de brinquedos, é que eles usam muito mais a imaginação.", legenda da página e na foto, Asafe.

Com o tempo, o afeto pelo papel e a caneta a fizeram desenhar histórias da infância dos filhos. As cartas descrevem cenas do cotidiano, como o dia em que o filho mais velho aprendeu a amarrar o cadarço. "Escrevo como acontece, o sentimento que percebi que ele teve, assino e guardo", conta Patrícia. Outro exemplo é quando ele teve a atenção chamada pela professora na escola. "Conto o que ele sentiu e como reagiu. São os registros das coisas relevantes e que produzem neles sentimentos", descreve.

Patrícia tem uma sensibilidade incrível, tanto para com os filhos, como na voz. Também já foram registrados as vezes em que eles aprontaram alguma e perceberam o quanto isso afetou a mãe. "Você fica muito triste, eu não quero ser punido e muito menos entristecer você", fala.

A mãe sabe de cor boa parte dos textos que escreve, mas sabe que pode não ser assim para sempre. A ideia do livro é essa, de deixar como herança aos filhos os escritos deles. "Nós decidimos contar algumas coisas da vida para eles, explicar a rotina, o porque não comemoramos aniversário. É um registro para que lá na frente, se eu não tiver mais memória para contar, eles terão isso", diz.

O fato de não comemorar o aniversário e todas as datas comerciais do calendário é uma forma da família de mostrar aos filhos que não precisa ser "nada" para aquele dia se tornar especial. "A gente ensina que eles têm que agradecer e viver cada dia como se fosse único", conta. A família se denomina "cristão", mas não segue uma reliigão específica.

Com o tempo e por influência dos amigos, ela percebeu que a página no Facebook poderia ser uma ferramenta para treinar a escrita (dessa vez digitada) e interagir com o público. De início veio o receio de muita exposição sobre as crianças, mas isso logo deu vez ao que Patrícia acredita: na educação doméstica, a que vem de casa e que o que ela compartilha pode ajudar alguém no desafio de educar os filhos.

"De forma nenhuma quero que isso se torne regra para as pessoas educarem os seus filhos. Se alguma coisa ali for útil, ótimo. Mas foi a forma que encontrei também de falar da dedicação, de registrar minhas tentativas e frustrações de momentos em que as coisas não deram certo".

Patrícia encontrou nas cartas e na vivência em casa um significado para a vida. "E a gente precisa encontrar isso, se é isso que te realiza, vai te motivar todos os dias e é isso que me motiva", diz. O próximo post vai falar sobre isso: motivação e responder: - o que me motiva a ficar em casa?

"Sabe por que as pessoas não se sentem motivadas a estar em casa? Porque não ensinamos os nossos filhos a nos valorizarem. Eu percebo que consegui fazer isso, meu filho me diz muito obrigado para mim, por trazer o café da manhã na cama e isso é motivador. Esse é o meu combustível". 

As postagens vão no ritmo da mãe. Que ora volta no passado para reviver aquela memória. "A alegria desse momento, a doçura. O tempo passa e a gente vive tão cheio de coisa, que acaba não se lembrando dos pequenos detalhes, que é o que nos motiva a viver intensamente". 

Para que os filhos tenham memória, caso a da mãe falhe na velhice, cartas retratam o que marcou deles.
Para que os filhos tenham memória, caso a da mãe falhe na velhice, cartas retratam o que marcou deles.
"Tem coisa mais gostosa que brincadeira com água e sabão?" Asafe e Acsa aproveitam a faxina.
"Tem coisa mais gostosa que brincadeira com água e sabão?" Asafe e Acsa aproveitam a faxina.
A filha Acsa, pela primeira vez no balé, ganhou registro em cartinha, texto está logo abaixo:
A filha Acsa, pela primeira vez no balé, ganhou registro em cartinha, texto está logo abaixo:

...Acsa filha,

Você é a minha menina. Minha filha amada. E não há palavras no mundo que descrevam a sua (e a minha) alegria por viver esse momento, tão esperado.

É a primeira vez que entra num studio de ballet, é a sua primeira aula... Sua dedicação me encanta, sua coragem em enfrentar as dificuldades com apenas 5 aninhos me ensina muito.

Você acredita em si mesma, que é capaz mesmo sendo a caçula da turma... Você sabe que é só uma questão de tempo e comprometimento.

Eu e o seu pai te admiramos e o nosso desejo filha, é que você aproveite cada ensinamento, cada fase, cada descoberta com a leveza a alegria da infância.

Nós te amamos querida.
Acreditamos em você.
Assinado mamãe.


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