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Comportamento

Casamentos de noivos “modernos” têm até máquina de cartão para colaborações

Elverson Cardozo | 14/01/2014 06:22
Gravata de Rafael tinha 1,5 metro e pedaço poderia ser pago no cartão. (Foto: Renan Kubota)
Gravata de Rafael tinha 1,5 metro e pedaço poderia ser pago no cartão. (Foto: Renan Kubota)

Lua de mel patrocinada, dinheiro como presente e contribuição da gravata no cartão de crédito. Esses são apenas alguns exemplos das estratégias dos noivos “modernos”, que deixaram os padrões de lado, sem se importar com as regras de etiqueta, afinal, para alguns, não é “crime” esquecer recomendações tradicionais, mesmo as básicas.

No casamento do bancário Rafael Bruno Ribeiro, de 28 anos, e da enfermeira Kelen Clagnam da Silva Ribeiro, 25, os convidados não tiveram saída na hora de passar a grana. A gravata para arrecadar dinheiro, encomendada pelo noivo, tinha 1,5 metro de tecido para ser cortado e o pagamento pelo “pedaço” poderia ser feito no cartão. Quem cedeu a maquininha foi um amigo, dono de uma boutique.

O convidado que, na abordagem, soltasse o “estou sem dinheiro” logo era convidado a escolher a função de débito ou crédito. A venda virou piada, mas todo mundo levou esportiva e brincadeira, no final, rendeu mais R$ 500,00 na conta dos noivos, além dos 1,5 mil pagos à vista, em espécie.

Com os R$ 2 mil Rafael e Kelen vão terminar de mobiliar a casa. A ideia de levar a máquina para o salão foi do noivo, que viu isso em outra festa. “Achei interessante. O pessoal também gostou. É uma maneira nova, divertida, de arrecadar, mas procurei não constranger porque tem gente que não pode ajudar”, disse.

Lua de Mel patrocinada – A “vaquinha” se estende além do salão. Dona de uma operadora de turismo em Campo Grande, Rosimeire Gonçalves Rocha, de 38 anos, está investimento em uma novidade. A empresária trabalha, desde o ano passado, com o sistema de cotas para viagens patrocinadas.

É a nova modalidade de “presente” que está sendo adotada pelos noivos. Funciona assim: o casal escolhe o destino, transporte, estadia, define um valor e o montante é divido, pela própria agência, entre padrinhos e parentes.

Noivo emprestou máquina de um amigo comerciante. (Foto: Renan Kubota)
Noivo emprestou máquina de um amigo comerciante. (Foto: Renan Kubota)

Ela cita como exemplo os noivos que vão casar em março e já contrataram os serviços. Eles vão viajar para Natal, João Pessoal e São Paulo. O custo total da Lua de Mel, que inclui passagens aéreas, locação de veículos e diárias em hotel 4 estrelas, chega a R$ 5,5 mil, aproximadamente.

Como a lista de “padrinhos contribuintes”, no caso deles, tem 30 nomes, cada um deveria, em tese, pagar cerca de R$ 183,00, mas, para que o pedido não fique deselegante, eles serão convidados a contribuir com as contas pré-estabelecidas a partir de R$ 80,00. Só com a contribuição mínima, quase 50% da viagem já estará garantida.

Rosimeire não vê qualquer problema em incluir a “vaquinha” no planejamento de uma festa, ao contrário. Na avaliação dela, isso virou tendência. “Acho ótimo porque, às vezes, você ganha presente e nem usa. A viagem não. Você escolheu o destino, decidiu para onde quer ir e pode usufruir da forma que quiser”.

Cautela no pedido - O consultor e cerimonialista Gil Saldanha, de 25 anos, recomenda cautela. Mesmo nos casos onde o dinheiro é visto como “condição”, existem maneiras mais polidas de pedir a contribuição. Dinheiro no lugar de presente é, na avaliação dele, “muito errado”, mas, caso os noivos queiram, o ideal é que eles façam o pedido pessoalmente, ainda assim a iniciativa deve partir do convidado.

“Eles podem procurar os noivos, pais ou cerimonial, que vai avisar sobre o que eles querem receber”, explicou. Mesma regra se aplica às cotas para viagens. “O presente tem que partir de quem quer presentear. Não pode ser algo estipulado ou uma condição para ser padrinho”, orienta.

O corte da gravata é polêmico, sentenciou. Trata-se de uma tradição antiga, condenada, porém, por qualquer fonte de estudo, de etiqueta ou curso. Mas existem os noivos que insistem no momento.

Apesar de não indicada, é “tradição”, neste caso, deve ser encarada como uma grande brincadeira. O casal deve tomar cuidado para não magoar. “Tem que ser organizado desta forma. O dinheiro é consequência”, disse, ao comentar que já viu arrecadações com maquininha de cartão, porquinho e até vaquinha.

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