ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 22º

Comportamento

Casas de sexo liberado têm até jaula para quem não gosta de ser tocado

Elverson Cardozo | 07/02/2014 06:25
Festas do clube Nikkey acontecem neste motel. (Foto: Divulgação)
Festas do clube Nikkey acontecem neste motel. (Foto: Divulgação)

Muita gente desconhece, nem imagina, mas existem três casas de swing em Campo Grande. Público tem e não é pouco. Só na DooLance, a mais antiga, que completa 10 anos em abril, são pelo menos 3 mil cadastrados. Na Nikkey, que existe desde 2009, são aproximadamente 1 mil. Na Liberty, a caçula, inaugurada em agosto de 2013, a lista tem cerca de 70 nomes. Os responsáveis aceitaram falar com o Lado B, mas pediram sigilo sobre os dados pessoais.

Nesses lugares há os mais variados recursos que podem ajudar os clientes a realizarem suas fantasias sexuais: de buracos na parede, que servem para apalpar desconhecidos no escuro, às “jaulas”, para os casais que gostam de serem observados enquanto transam, mas não permitem o toque.

Todos esses espaços são destinados àqueles que curtem o sexo liberal, a troca de casais (swing) e outras práticas como o ménage (a três), Gang Bang (uma mulher se relaciona com três ou mais homens ou um homem “fica” com três ou mais mulheres), Grupal, ou Dogging (em locais públicos). É o ponto de encontro para gente sem timidez, que está disposta e quer sair da rotina.

A DooLance tem mais cara de boate, com uma estrutura própria, pensada para esse fim. A entrada é escura, assim como todo o restante do prédio, pintado em preto. A única luz, na recepção, vem de um abajur esverdeado e de um painel, com letras amarelas, em neon, que explica o uso das “pulseiras das intenções”, entregues na entrada pelos promoters.

Explicação das pulseiras na entrada da DooLance. (Foto: Marcos Ermínio)
Explicação das pulseiras na entrada da DooLance. (Foto: Marcos Ermínio)

A vermelha significa: “Observando. Somos iniciantes. Estamos só olhando. Casal voyer”. A amarela quer dizer: “Imaginando. Podemos nos descobrir hoje... Estamos na dúvida, mas pode rolar algo”. A verde é um passo a mais: “Abertos a novas experiências. Queremos interagir. Estamos a fim que role algo. Casal x Casal”. A azul sinaliza que a mulher é bissexual.

O interior é divido em vários “setores”. Tem a pista de dança, com DJ e iluminação especial; a área mais social, que compreende parte da recepção, onde há alguns assentos; as salas reservadas, que permitem a observação de voyeurs; o quarto com a cama gigante, a “baca” (de bacanal); as “jaulas”; o labirinto, mais conhecido como o dark room, onde existem os buracos que dão para o corredor e, no final, uma suíte, uma opção aos casais que buscam mais privacidade. É o único local que a casa cobra, além da entrada.

Pista de dança. (Foto: Marcos Ermínio)
Pista de dança. (Foto: Marcos Ermínio)

A circulação em todas as outras áreas é de graça. E o sexo é permitido em qualquer parte. Em cada ambiente há rolos de papéis toalha e álcool em gel para higienização imediata, caso necessário. A luz, por todo lado, é praticamente ausente.

A penumbra predomina, mas os anúncios, na cor vermelha, são bem visíveis. Um deles, na área de “pegação”, diz o seguinte: “Por favor, aqui não é local de bate papo. Não atrapalhe o clima de sedução e sexo do ambiente.” 

O proprietário mantém um marketing forte quando divulga que a casa trabalha “mudando conceitos, realizando fantasias, apimentando relações, elevando cumplicidade e autoestima”. E é isso mesmo, ele garante. A proposta não é só promover a troca de casais, mas aproximá-los com as novas experiências.

Há casos, contou, de casamentos praticamente perdidos que foram refeitos depois que os parceiros toparam a aventura. Por outro lado, há histórias de tragédias. A orientação é deixar tudo muito bem combinado.

No motel - Diferente da DooLance, a Nikkey, outra "casa" destinada a esse público, não é exatamente um clube fixo. É um grupo, mas quando há festa, a comunidade se encontra em um motel. O espaço é grande e, por isso, comporta bastante gente.

No local também há pista de dança, com direito, inclusive, a barra de pole dance para as mulheres mais desinibidas. Tem quartos reservados, a cama gigante, o sofazão que é, na verdade, o dark room, sauna e as quatro cabines aquarium: Duas que permitem e visão de fora para dentro e as outras de dentro para fora. É um recurso pensado aos observadores que sentem tesão na espiadinha.

Pole dance é outro atrativo aos casais. (Foto: Divulgação)
Pole dance é outro atrativo aos casais. (Foto: Divulgação)
O sofazão. (Foto: Cleber Gellio)
O sofazão. (Foto: Cleber Gellio)
A camona. (Foto: Cleber Gellio)
A camona. (Foto: Cleber Gellio)

A Liberty, do outro lado da cidade, é a mais singela. Funciona em uma casa, em duas peças. Uma comporta o bar, decorado com CDs e busto de manequins. A outra, ao lado, é a sala escura, com sofás, onde o sexo rola solto. No fundo do quintal, perto de uma piscina, há 2 quartos comuns, para uso sem qualquer custo, e duas suítes, cujo espaço é comercializado.

Os proprietários resolveram investir no ramo há pouco tempo, em agosto do ano passado. Eles compraram uma sauna destinada ao público gay, chegou a ser "mista, como disseram, mas o movimento não agradou. Acabou virando uma pequena boate, só que não durou muito tempo e fechou. O casal resolveu, então, abrir um grupo de swing na própria casa.

Interior da boate Liberty. (Foto: Cleber Gellio)
Interior da boate Liberty. (Foto: Cleber Gellio)
Casa resolveu manter o espaço dentro do próprio quintal. (Foto: Cleber Gellio)
Casa resolveu manter o espaço dentro do próprio quintal. (Foto: Cleber Gellio)

Hoje, a Liberty é, segundo eles, o primeiro clube que aceita solteiros e é, por isso, a preferida dos casais que curte o ménage ou sexo a três. As outras permitem a entrada dos desacompanhados, mas o acesso é controlado. Na Nikkey são apenas cinco por evento. Na Doolance, eles entram, mas precisam ser convidados por casais já cadastrados.

A justificativa é que os frequentadores sentem-se incomodados com os solteiros. Tem medo de encontrar conhecidos, um sobrinho, por exemplo. Já aconteceu. As regras são rígidas, mas isso se estende a todos, inclusive para os novos adeptos.

Restrições - Não é todo mundo que pode entrar nessas casas de swing. Na Nikkey, por exemplo, o casal que comanda o clube faz uma espécie de entrevista com os interessados para permitir a participação. Na DooLance, o casal precisa apresentar documentos para comprovar que mora junto.

O acesso é registrado por meio do sistema de biometria. A Liberty é a única que permite o acesso sem essa “triagem” - exceto com os solteiros - mas, geralmente, como os donos não divulgam o serviço abertamente, quem chega é convidado de um “veterano”.

Além da piscina, frequentadores tem à disposição dois quartos e duas suítes. (Foto: Cleber Gellio)
Além da piscina, frequentadores tem à disposição dois quartos e duas suítes. (Foto: Cleber Gellio)

Regras - As três, no entanto, mantém a mesma política. Só permitem a entrada de maiores de 18 anos. Os interessados podem assistir a tudo sem participar. Ninguém é obrigado a nada, mas todos, sem exceção, devem seguir algumas regras básicas.

No Nikkey Club, por exemplo, elas são claras:

“Não é autorizado, em hipótese alguma, o registro de imagens da festa. [...] Deve-se adotar postura sóbria e elegante em relação aos demais participantes, onde tudo é possível e nada obrigatório”. Um sinal discreto, como desviar a mão do interessado, é o suficiente. É preciso estar preparado para o não, mesmo que ele não seja dito na cara, de forma direta.

“[...] Deve-se evitar atitudes inconvenientes que possam afetar o ambiente de eventos. Brigas, gritos e palavrões de forma alguma serão permitidos. [...] É proibido fazer o uso de qualquer tipo de drogas ou afins. [...]”.

Vale lembrar que as casas de swing promovem festas como qualquer outra boate. As diferenças é que, se quiserem, os participantes podem transar em qualquer lugar, sem se importar com os seguranças.

Cumprindo as determinações, sendo aceito e estando disposto a viver novas experiências, é só pagar.

- Nikkey – O preço médio, dependendo do evento, é de R$ 40,00 por casal;
- DooLance – R$ 50,00 (casal) e R$ 100,00 (solteiro);
- Liberty – R$ 50,00 (casal e solteiro);

Além das casas de swing, existem pelo menos quatro grupos independentes em Campo Grande.

Nos siga no Google Notícias