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Comportamento

Chapeleiro feliz encara projeto "Sem CEP" e vive pelo Brasil em furgão de 1952

Aline Araújo | 28/07/2014 06:19
(Foto: Marcelo Calazans)
(Foto: Marcelo Calazans)

As comparação com o personagem chapeleiro maluco da história Alice no Pais das Maravilhas é quase que inevitável. Não só pelo oficio, mas também pelas vestes coloridas do costureiro Durval Sampaio, 33 anos, que é Du E-Holic, como ele mesmo se denomina o "Chapeleiro Feliz". Ele escolheu a felicidade como modo de vida, adotou como profissão fazer o que ama, o chapéu.

Paulista, ele decidiu tirar três anos para conhecer o Brasil, viver sem CEP. Cada dia um lugar novo, novas companhias, amizades e histórias para serem vividas. Ele já veio a Mato Grosso do Sul quatro vezes, para no Festival de Inverno de Bonito, mas é a primeira vez que para em Campo Grande.

A “casa” sobre rodas é um furgão verde, ano 1952, marcado pelos lugares por onde passou, por palavras e imagens que as identificam, feitas por ele ou pessoas que conheceu. Apaixonado por música, sua inspiração vem dos sons e das pessoas que conhece pelo caminho. Cada chapéu que produz é único.

Dessa vez, pretende conhecer um pouco melhor o Estado, a cidade de Corumbá e Bodoquena já estão no roteiro. No final de semana ele participou do Luz na Rôdo, o festival de revitalização da antiga rodoviária.

Furgão virou casa e estrada é o endereço, sem CEP. (Foto: Marcelo Calazans)
Furgão virou casa e estrada é o endereço, sem CEP. (Foto: Marcelo Calazans)

Quem o convidou para participar do evento foi Cleiton Ambrósio, artesão, de 39 anos. Os dois ficaram amigos em 2011 em Bonito e como Du já viria para o festival, só adiantou um pouco a viagem para passar pela Capital e participar do evento.

“Quero aproveitar para conhecer o pantanal, ir para as áreas indígenas e conhecer essa influencia do Paraguai aqui, a cultura de fronteira”, explica sai expectativas na passagem prolongada pelo Estado onde pretende ficar por dois mêses. De Campo Grande ele já tem a sua impressão. “Apesar de ser uma capital, tem arara voando no céu e dá para respirar um ar bom”.

Na chegada por aqui, já ganhou um presente. “Eu tenho um fascínio no trabalho do Manoel de Barros. Quando cheguei, ganhei um livro de uma amiga, pra mim isso foi muito especial”, conta.

Sua história com a criação de chapéus começou aos 22 anos, quando decidiu largar a vida feita para acumular dinheiro. Com o auxilio da mãe, abriu sua chapelaria na Vila Madalena em São Paulo. Cansado de ficar limitado a um lugar, decidiu partir em uma viagem para conhecer o Brasil e também realizar “uma travessia interna”.

São dois anos e meio de projeto “Sem CEP”, com a máquina de costura a tira colo ele já conheceu as estradas e pessoas de 27 estados brasileiros. Du conta que sempre há algo novo, e fica difícil escolher alguns fatos para destacar. Mas lembra da experiência que passou vivendo em um barco na Amazônia.

Para se manter na estrada, o costureiro vende alguns chapéus que produz e conta com a ajuda dos amigos. Outra atividade que ele executa com amor por alguns lugares que passa são as oficinas de confecção destinada às crianças.

Du sempre busca estar em parceria com projetos ligados ao tratamento ao câncer, por exemplo. O chapéu entra como desculpa para distribuir carinho e atenção às pessoas que precisam. Com a queda de cabelo decorrente da quimioterapia, o chapéu carrega com ele uma dose de autoestima e confiança. Um presente para quem passa por um momento difícil.

O chapéu é o motivo para toda a história, para Du, hoje é o responsável por conduzir ele a conhecer mais pessoas. Os que eles confeccionam são cheios de criatividade e irreverência, carregam alegria nas cores em enfeites e mostram nos seus detalhes o lema de vida do chapeleiro. “Confie em mim. Trabalhe com o que você ama”, recomenda.

Du em uma das paradas pelo brasil. (Reprodução Facebook)
Du em uma das paradas pelo brasil. (Reprodução Facebook)
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