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Comportamento

Chegou a hora de dizer a verdade: nem tudo foi um conto de fadas por aqui

Mariana Lopes | 29/07/2015 10:46
Chegou a hora de dizer a verdade: nem tudo foi um conto de fadas por aqui

Há exato um ano, arrumei minhas malas, entrei em um avião e vim atrás de um ideal que eu acreditava. Durante o percurso, descobri que dentro de 365 dias couberam muitos sentimentos diferentes, e tento saborear cada um sem pressa, sem desejo de que eles passem logo.

A saudade é constante e bate no peito todos os dias, no compasso exato do tiquetaquear do relógio, contando cada segundo que estou longe dos meus. Eterna também é a gratidão que sinto, pela família, pelos amigos, por Campo Grande, por BH, pelo Jornalismo, pela vida... E a lista segue, sem visão exata do fim.

Mas entre tantos sentimentos que me fizeram companhia neste primeiro ano “longe de casa”, acho que o mais marcante que experimentei foi o deslumbre, a sensação de ser dona do meu nariz em uma metrópole. Virar “gente grande” longe das minhas raízes pantaneiras era, de fato, um desafio que me deixava bastante orgulhosa. Mas nem tudo foi tão “conto de fadas” assim, como eu muitas vezes imaginei que seria.

Entendi a famosa frase “as pessoas só vêem as pingas que eu tomo, mas não vêem os tombos que eu levo”. Chegou a hora de dizer a verdade: para chegar até aqui, rolaram lágrimas, dúvidas, ansiedade, aflição, medos, insegurança, dificuldade, desesperança, vontade de voltar...

Pra começar, ficamos um mês morando em um quarto com 7 malas, dormindo em um colchão inflável furado, levamos calote de duas imobiliárias, e nos parecia que não existia casa com valor de aluguel acessível em Belo Horizonte. Quando o prazo do galpão onde estava nossa mudança chegou ao fim, mandamos trazer tudo, sem ao menos saber onde iríamos morar.

E aí, experimentei a fé. O caminhão chegaria a BH três após sair de Campo Grande. E este foi o tempo exato para acharmos nosso apartamento. Assim que pegamos a chave, na mesma manhã que o caminhão chagava à capital mineira, passamos o endereço de onde a empresa deveria entregar a mudança.

Em setembro, começamos, de fato, a vida por aqui. Casa nova, cidade nova, emprego novo, estado civil novo, amigos novos, costumes novos... Era a bendita fase de adaptação. E, sinceramente, não imaginava que seria tão difícil.
Saber a hora de falar, de calar, de ceder, de dizer “chega”, de dizer “me perdoa”, de recuar, de tomar a iniciativa, de amansar os passos... Confesso que me perdi muitas vezes tentando encontrar um equilíbrio em meio a tantos sentimentos novos que eu experimentava. Mas aprendi a enfrentar a vida de frente, a estufar o peito e seguir adiante.

E a cada dia é um sentimento novo, por mais que sejam os mesmos, eles sempre vêm de uma maneira inusitada. E hoje, apenas trago em meu coração a certeza de que quando há um sonho, não há lugar para dúvida.

*Mariana Lopes é jornalista e colaboradora do Lado B

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