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Comportamento

Clube começou com viajantes e hoje é história apagada na saída para Três Lagoas

Thailla Torres | 13/01/2017 06:05
Pedro guarda fotografias e carteirinhas antigas do clube.
Pedro guarda fotografias e carteirinhas antigas do clube.

São 47 anos no mesmo endereço, mas sem muita divulgação. Na saída para Três Lagoas, a placa já desbotada revela a entrada para o Clube Atlético dos Viajantes. O local foi reduto de alegria para quem estava sempre de passagem pela cidade. As festas pelo caminho faziam muitos se apaixonar por Campo Grande e ficar definitivamente por aqui. Hoje, o que restou foram as lembranças de quando o lugar era vivo.

O clube começou em 1969, com partidas de futebol entre amigos e cerca de 30 associados responsáveis. Hoje, o aposentado Pedro Valdir Geraldi, é um dos três que ainda restaram no clube. Parte dos amigos já se foi e muitos acabaram mudando de cidade ao longo dos anos.

As histórias deles começou nas estradas. Entre chegadas e partidas, saiam em busca de ter o que fazer no período em que não estavam trabalhando. Os viajantes, na maioria representantes comerciais, passavam por aqui vendendo alimentos, roupas, medicamentos e bebidas de empresas de outros estados. Ali, encontraram espaço para conversa e lazer.

Salão vive vazio agora..
Salão vive vazio agora..
Banda tocava em festas do clube.
Banda tocava em festas do clube.

“A gente viajava para cá e era todo mundo de fora. Tinha gente de Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Chegávamos aqui e não tinha o que fazer, começamos a montar um time de futebol, arranjando uma quadra aqui e ali”, conta.

Em 1969, a propriedade de 22 mil m² foi doada ao grupo de amigos para seguir adiante com as partidas de futebol, truco e confraternizações aos fins de semana quando a maioria se reunia na cidade. O "presente" veio do ex-prefeito Albino Coimbra, pela paixão por futebol, diz Pedro.

Os sócios se conheciam durantes as vendas. “Chegávamos nos clientes para vender e aparecia um monte de vendedor, enquanto conversava com um e outro, a gente pensava no que fazer, foi aí que começou o nosso clube”.

A movimentação e os tempos de ouro são passado. Agora, o lugar reúne associados cerca de 2 vezes na semana, só para as partidas de futebol e truco. Mas a festança que era o maior atrativo entre os amigos e familiares já não acontece mais. O enorme salão de festas vive fechado, aberto só quando é alugado para eventos de fora.

“As festas eram lindas, tinha almoço e jantar, com aquele monte de churrasco, música e baile. Todo mundo animado”, relembra.

Salão do clube fica maior parte do tempo de portas fechadas. (Foto: Alcides Neto)
Salão do clube fica maior parte do tempo de portas fechadas. (Foto: Alcides Neto)

Há 10 anos, Pedro e os amigos vem acompanhando o declínio do lugar que cada vez menos recebe frequentadores. “Hoje os representantes estão em situações difíceis. Praticamente tudo é vendido pela internet. Não atuo mais, me aposentei, mas grandes empresas nem têm mais vendedor que só fica viajando como antes”, diz.

Mesmo assim, Pedro lembra com o orgulho do clube que foi erguido aos poucos, por quem veio de longe e se apaixonou pela cidade. “Eu sou do interior de São Paulo, quando me casei mudei para cá, já conhecia a cidade. Vim com a proposta de trabalhar 3 anos, ficar rico e ir embora. Não aconteceu nenhuma das coisas, acabei ficando e gostando muito de Campo Grande”, diz.

Ele foi presidente 11 vezes do clube, hoje há pessoas que são conselheiros na associação. De dois em dois anos, uma eleição é feita para escolher o novo presidente. O local tem salão de festas, churrasqueiras, quadra de futebol, área com mesas de sinuca e truco, além de um parquinho para as crianças.

Os mais antigos são quem insistem nas partidinhas de truco, enquanto o lugar é alugado cerca de 4 vezes no mês para bailes.

Apesar das dificuldades, Pedro diz que é um lugar importante na história de viajantes que passavam por aqui. “Era muito trabalhoso, organizar eventos e campeonatos. Mas reunir amigos era gratificante, todos trocavam experiências, porque quando saia daqui para viajar, todo mundo só sabia o dia de ida e nunca o da volta...”, lembra.

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Uma das fotografias da turma do futebol em 1994.
Uma das fotografias da turma do futebol em 1994.
Mesa de sinuca é pouco utilizada nos dias de hoje.
Mesa de sinuca é pouco utilizada nos dias de hoje.
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