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Comportamento

Com 2 graduações e especialização em Física, professor também é manobrista

Elverson Cardozo | 09/05/2014 06:26
Wilson passa a tarde na esquina das ruas 25 de Dezembro e Barão do Rio Branco. (Foto: Marcos Ermínio)
Wilson passa a tarde na esquina das ruas 25 de Dezembro e Barão do Rio Branco. (Foto: Marcos Ermínio)

Para quem vê Wilson Gonçalves Junior manobrando carros e ajudando motoristas a estacionarem em frente a uma clínica odontológica, é dificil acreditar na experiência que ele carrega. O senhor passa boa parte do dia trabalhando ali, na esquina das ruas 25 de Dezembro e Barão do Rio Branco, no Centro, perto da Prefeitura de Campo Grande. O detalhe está na formação universitária que Wilson conta a quem tem um tempo para conversa.  

Ele garante ser formado em Ciências Físicas e Biológicas, na ITE (Instituição Toledo de Ensino), na unidade de Araçatuba. Também fala com firmeza sobre especialização em Física pela Università per Stranieri di Perugia, na Itália. É pedagogo graduado pela antiga Fucmat (Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso), ainda dá aulas, e comenta, inclusive, que volta e meia algum aluno aparece no estacionamento para bater-papo e até tirar fotos.

Wilson diz que faz da função de “segurança de estacionamento” uma espécie de terapia, isto porque, de manhã, no contraturno, dá aulas de Física e Matemática em uma escola particular, informação confirmada pelos diretores da instituição.

Quando aposentou, há 6 anos, o professor bem que tentou ficar em casa, mas não conseguiu. Voltou às salas de aula e, agora, também se vira como manobrista. (Foto: Marcos Ermínio)
Quando aposentou, há 6 anos, o professor bem que tentou ficar em casa, mas não conseguiu. Voltou às salas de aula e, agora, também se vira como manobrista. (Foto: Marcos Ermínio)

Agora é só professor, mas também já foi diretor da Escola Estadual Maria Constança de Barros Machado. Relata que também deu aulas para os cursos de graduação, na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Três Lagoas, nas turmas de Pedagogia, e na Fifasul (Faculdades Integradas de Fátima do Sul), para os acadêmicos de Administração e Economia.

Apesar da experiência e dos títulos que garante ter, ele jura que aceitou o serviço na clínica porque gosta, sente-se à vontade e consegue deixar de lado o estresse, uma história conhecida por quem trabalha por ali. “Quando eu falo que sou professor as pessoas se assustam e falam: Professor?” conta.

A rotina à tarde é a mesma, de segunda a sexta, das 13h às 19h.

Quando se aposentou das salas de aula, há 6 anos, ele bem que tentou ficar sossegado, mas não conseguiu. “Comecei a ficar doente e voltei e dar aulas novamente, daí apareceu, por acaso, esse serviço”. Já faz parte do quadro de funcionários há 10 meses e, se depender dele, não pretende sair.

O senhor de cabelos brancos passa a tarde orientando motoristas, impedido que folgados estacionem nas vagas destinadas aos pacientes do consultório.

“Se nossa cultura fosse diferente, não seria necessário eu estar aqui, porque as pessoas iriam ver que aqui não pode parar, mas nossa cultura é de passar por cima das coisas, de se aproveitar e fazer o que não deve”, critica.

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