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Comportamento

Com rosto tatuado como zumbi, Jeferson quer que as pessoas o vejam como ele é

Paula Maciulevicius | 17/10/2016 06:55
Jeferson quer ser a versão brasileira do "Zombie Boy. (Foto: Alcides Neto)
Jeferson quer ser a versão brasileira do "Zombie Boy. (Foto: Alcides Neto)

Com os olhos cobertos pelo preto, nariz e dentes desenhados no rosto. Jeferson está mais para zumbi do que para o jovem motorista que mora em Rochedo. Trabalho do tatuador Gyn Sant'Ana, já foram três sessões e só falta mais uma, para então Jeferson descer para o pescoço. 

A referência dele é Rick Genest, mais conhecido como "Zombie Boy". O modelo canadense que tem o corpo tomado por tatuagens que imitam um esqueleto. "Quero chegar onde ele chegou. Tatuar o corpo inteiro como se fosse um zumbi", resume Jeferson Sanches de Amorim, de 21 anos.

Há dois meses ele pos em prática o que era sonho e vem de Rochedo para tatuar na Capital. Começou pelos traços da metade do rosto, olho e maxilar e cada sessão leva em média três horas.

Tatuagens começaram com traços pelo olhos e maxilar. (Foto: Alcides Neto)
Tatuagens começaram com traços pelo olhos e maxilar. (Foto: Alcides Neto)
E já chegaram na cabeça. Parte de trás também será feita. (Foto: Alcides Neto)
E já chegaram na cabeça. Parte de trás também será feita. (Foto: Alcides Neto)
Já foram três sessões e ainda falta mais uma. Em cada, são 3h tatuando. (Foto: Alcides Neto)
Já foram três sessões e ainda falta mais uma. Em cada, são 3h tatuando. (Foto: Alcides Neto)

"Dor? Para mim é normal, não sinto tanta assim", responde. De fora, a gente nem sequer consegue imaginar como deve ser sentir tatuar a pálpebra. E ele confirma: "doeu mais nos lábios e em cima do olho".

O "Zombie Boy" virou inspiração desde que Jeferson começou a curtir tatuagens, ainda adolescente. "Sempre achei muito legal o rosto dele e por ter pouca gente tatuada assim", argumenta.

Tanto na pequena cidade do interior quanto em Campo Grande, ele nunca foi ofendido, mas sente os olhares "tortos" de quem reprova ou ainda quem se assuste. 

"Com certeza me olham estranho, mas em Rochedo as pessoas já estão acostumadas, porque comecei sessão por sessão, agora quem chega e vê logo de cara. O que eu mais ouço é: 'você é doido?'", reproduz aos risos.

Na família, Jeferson conta que de início ninguém queria, mas que já chegou em casa com os traços. "Agora falta a cabeça atrás inteira e também o retoque de novo", detalha.

"O que eu mais ouço é: 'você é doido?'", reproduz aos risos. (Foto: Alcides Neto)
"O que eu mais ouço é: 'você é doido?'", reproduz aos risos. (Foto: Alcides Neto)

Por ser no rosto, foram várias tentativas até chegar em alguém que aceitasse fazer o trabalho. "Uns falaram que não era o estilo e que rosto dava muito trabalho. O Gyn falou: faço sim, mas vai dar trabalho", lembra sobre os avisos.

Antes de chegar ao rosto, o motorista tinha apenas uma escrita, discreta, no braço. "Agora vou descer o pescoço e começar a fazer os dois braços", narra. No trabalho, ele garante que teve o apoio da chefia. Por saber que poderia lhe trazer problemas, achou por bem perguntar antes.

"Conversei com meu patrão, para ver o que ele ia achar e ele curtiu mais que eu. Disse: não, não pode fazer. Foi super de boa", afirma.

A ideia de Jeferson é - literalmente - entrar de cabeça na tatuagem e vender a imagem como faz o modelo canadense. No Estado, que ele saiba, ser zumbi é feito inédito dele. "Você se olha no espelho e vê que era isso que queria e não tem mais jeito de voltar, só seguir com o que se quer", descreve.

Ser "zumbi" tem muito a ver também com a reflexão que Jeferson quer passar. "Às vezes as pessoas olham uma pessoa bonita e tudo, mas não vê como ela é por dentro. E isso é o que eu sou por dentro, é o que eu quero passar", resume.

E pelas ruas do Centro da cidade, já tem quem pare e faça selfies com o rapaz.

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