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Comportamento

Com sonho de adotar desde adolescente, pai manteve desejo até depois do divórcio

Paula Maciulevicius | 09/08/2015 07:15
Alysson e Duda. A filha chegou em março, com 8 anos. (Fotos: Arquivo Pessoal)
Alysson e Duda. A filha chegou em março, com 8 anos. (Fotos: Arquivo Pessoal)

O sorriso de Duda e Alysson é tão sincero que contagia até mesmo quem está a mais de 2 mil quilômetros de distância. Ele, engenheiro de 37 anos, realizou o desejo de duas décadas: ser pai adotivo, sonho que vinha desde sempre. Na adolescência, Alysson já falava em adotar, sem nem entender o processo. Quando adulto, iniciou toda papelada ainda casado, se divorciou, teve de anular e começar tudo de novo até ouvir a tão esperada palavra: "pai" sair da boca e do coração da filha.

Criado em Mato Grosso do Sul, Alysson hoje mora em Rondônia e volta no tempo para falar que a recordação mais antiga que ele tem sobre a adoção é dos 17 anos. "Por que? Não sei. Talvez seja uma coisa espiritual", tenta explicar Alysson Bernardes dos Santos. Era este o contexto de constituição de família para ele, que não incluía necessariamente filhos consanguíneos.

Foram 10 anos de processo até a chegada de Duda, em março deste ano. A primeira entrada na papelada foi em 2005, como casal. "Cancelei e entrei como pai solteiro, eu não sabia o que ia acontecer mais adiante e segui na luta", diz.

O carinho que ele via nos filmes e na vida real, entre filha e pai o levou a optar por uma menina. E por ser sozinho, a margem de idade era de 3 anos para cima. "Menino eu sempre achei mais danado, tirava por mim, já minhas irmãs já eram mais tranquilas", compara.

Alysson já falava em adotar, sem nem entender o processo, desde a adolescência.
Alysson já falava em adotar, sem nem entender o processo, desde a adolescência.

A entrevista é feita por telefone por conta da distância. Alysson estava no parquinho com Duda e é possível, além de ouvir a voz da garotinha de 8 anos, ver o carinho que os dois trocam. "Papai está no telefone agora", explica ele.

Na condição de pai solteiro, quando Alysson começou a namorar, ainda durante a corrida do processo, teve de abrir o jogo. Foi bem recebido e hoje a noiva é até chamada de mãe pela menina.

Duda chegou no dia 11 de março. Este será o primeiro Dia dos Pais deles. Em seis meses ela virou o mundo do pai de cabeça para baixo trazendo alegria. "Quando me falaram: 'achei uma criança para você', me veio um frio na barriga...", lembra.

O início do contato foi através de fotos e um bilhetinho que ele mandou a ela, de cara a chamando de filha: "eu escrevi filhinha querida, papai estava te esperando faz tanto tempo. Estou com muita vontade de te conhecer", junto foi uma foto dele para que ela já pudesse se familiarizar. "Dizem que quando ela viu, encheu o olho de lágrima, ela abraçava a foto..."

O sorriso dos dois é tão sincero que contagia a gente a mais de 2 mil km de distância.
O sorriso dos dois é tão sincero que contagia a gente a mais de 2 mil km de distância.

Já no primeiro dia de encontro, Alysson virou pai. No abrigo, dentro do ambiente de Duda, ela chamou pelo que ele sempre quis ouvir. "Foi sensacional, indescritível... É difícil achar uma palavra, assim escrever com precisão". Do outro lado da linha é possível até notar o sorriso que se abre e como o tom de voz do engenheiro muda ao falar da filha.

"A gente vive em função dela, a prioridade é ela". Talvez por ser o primeiro Dia dos Pais, Duda não tenha se aguentado de felicidade. O cartão de "camisetinha" feito na escola especialmente para este domingo, foi mostrado antes. Ela não deixou o pai ler, mas exibiu com todo orgulho o presente que vai lhe dar hoje. Duda ainda não compreende que o maior deles está no sorriso aberto e nos cabelos cacheados que acompanham todo seu movimento de criança.

Já no primeiro dia de encontro, Alysson virou pai, ainda no abrigo.
Já no primeiro dia de encontro, Alysson virou pai, ainda no abrigo.
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