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Comportamento

Com tanta propaganda contra, por que há uma geração de novos fumantes?

Anny Malagolini | 04/04/2013 07:29
Juliano e Luan (esqueda para direita), na nova geração de fumantes.
Juliano e Luan (esqueda para direita), na nova geração de fumantes.

Nem a “diabolização” do cigarro impede a criação de uma nova geração de fumantes. Todo mundo critica, dá lição de moral, a propaganda é contra, as fotos nos maços são de gente morrendo, mas nenhum marketing ou pressão contra a nicotina é o suficiente. Sempre tem uma turma de 17, 18 anos, fumando em rodinhas por aí.

A velha história de começar a fumar para entrar em um grupo ou parecer bacana, ainda se repete. “Queria saber a sensação e todo mundo fumava”, admite o músico Eric Till. Ele conta que aos 19 anos chegou a fumar dois maços de cigarros por dia. Depois da “overdose de nicotina”, nunca mais conseguiu se livrar do hábito. Mas agora, jura: só fuma socialmente, também para economizar.

Além da saúde abalada pelos excessos do fumo, os gastos com o cigarro comprometeram planos. “Com o dinheiro gasto em cigarros poderia financiar um carro ou comprar qualquer outra coisa útil”, diz.

Um cálculo rápido comprova. Eram mais de R$ 300,00 por mês, contabilizando um maço barato, de R$ 5,00. Já a prestação do carro pode sair por R$ 320,00, com uma entrada gorda.

Para a nova geração de fumantes. Não adianta nem apelo de mãe. “Meu pais descobriram, ficaram tristes e pediram para eu parar, mas comprava com o meu dinheiro e quis continuar. Se a pessoa quer fumar, que fume, não precisa de toda essa campanha”, reclama Eric.

A “bituca” de cigarro do pai foi o primeiro “trago” na vida de Bruno Bianchi, aos 14 anos de idade. Mesmo com broncas após o episódio, ele começou a fumar. Mais de sete anos depois, o vício ainda não é explicito diante a mãe. “Ela não gosta do cheiro, então não fumo perto dela. Posso até estar com o cigarro acesso, mas na frente dela não dou nenhuma tragada”.

Para ele, as maiores chatices por fumar estão na balada. “O fumante também tem de ser respeitado. Por isso deveria haver algumas regras para esses locais, como lugar para sentar, cinzeiro. Mas tudo em um espaço organizado e aconchegante ou algum carimbo ou algo do tipo, para que a pessoa possa sair, fumar o cigarro, e voltar à balada e continuar curtindo a noite”, sugere.

Bruno lembra que nunca passou por nenhuma situação constrangedora por causa do cigarro, porque aprendeu com a mãe que sempre tem alguém que se incomoda com o cheiro. Por isso, acha ideal os “fumódromos”, em bares e boates.

Parar de fumar é uma ideia que pouco assombra o rapaz, que compara o vício ao churrasco. “Acho que tudo que a gente gosta tem um lado ruim, até o churrasco do fim de semana”.

Fumante há três anos, a universitária Ana Vitória sente o preconceito por conta do vício até no convívio familiar. O preconceito começa pelo histórico, a mãe e uma tia de Ana são ex-fumantes.

Ela acredita que por ser mulher e jovem "sempre fazem cara feia". Aos 19 anos, conta também que certa vez estava perto de um bar, por volta das 23 horas e, ao passar com filho pediu à criança para não olhar para Ana, que estava com o cigarro na mão. O fato de não poder fumar em qualquer local incomoda, "por ser discriminatório".

Pior é que o risco de morrer também não impressiona, pelo menos aos amigos Luan Araujo Moraes, de 22 anos e Juliano Souza, de 24 anos.

Ainda criança, aos 12 anos, Luan começou a fumar por influência dos amigos. Nem a morte da mãe, vítima de câncer de esôfago, causado pelo cigarro, fez com que ele mudasse de ideia. Em 10 anos, Luan conta que já parou por dois meses. Segundo ele, “foi um período sacrificante”, tomado de mau humor.

Já Juliano é enfático, não liga para qualquer censura: “comecei porque quis”. O rapaz teve curiosidade, foi lá e comprou, isso aos 16 anos. Parar? Não está nos seus planos, apesar do cigarro já ter comprometido algumas oportunidades de emprego. “Na entrevista, se você responde que é fumante já encerram por ali mesmo”.

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