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Comportamento

Dalton morreu em acidente, mas clube de amigos não deixa história se apagar

Thailla Torres | 12/05/2016 06:05
Pela casa ainda estão as fotos como lembrança do filho querido. (Foto: Thailla Torres)
Pela casa ainda estão as fotos como lembrança do filho querido. (Foto: Thailla Torres)

"Eu ainda lembro de cada sorriso, abraço e a alegria dele dentro dessa casa. Não é fácil e acho que nunca vou esquecer", diz Leila Derzi, de 65 anos. Com os olhos cheios de lágrimas, ela lembra do filho caçula Dalton Derzi, que morreu aos 36 anos, vítima de um acidente de moto, em setembro de 2013. Mas os amigos que o filho fez nesta passagem pela vida é o que aos poucos traz conforto.

A mãe ainda guarda tudo dele no roupeiro: os presentes, as provas escolares e as fotografias de diversos momentos de muita vida. "Nós eramos muito apegados, os irmãos até tinham ciúmes, sabe como é né? Mas ele chegava aqui e me abraçava forte, morava perto e todos os dias passava para tomar um café", conta. 

O dia 26 de setembro de 2013 ficou marcado para sempre. Dalton passou na casa da mãe que resolveu ir dormir mais cedo. "Eu não sei porque, mas fui descansar antes da hora, ele subiu no meu quarto, brincou comigo e me deu um beijo. Horas depois recebi uma ligação sobre o acidente", explica.

Pela sala estão espalhadas as fotos do filho. (Foto: Thailla Torres)
Pela sala estão espalhadas as fotos do filho. (Foto: Thailla Torres)

Assim que recebeu a notícia, Leila quis ir para a casa do filho ficar ao lado dos netos a espera de notícias. Mas já sentia que o filho havia partido. "Eu não tive um pressentimento ruim naquele dia, mas quando eu cheguei e vi tantas pessoas, percebi que eles não sabiam como iriam falar para mim. Quando soube, parecia que eu tinha saído da realidade", narra. 

O que era dor só começou a ganhar outra forma quando Leila ganhou mais gente na família. Dalton foi embora, mas deixou parceiros. "Essa casa vivia lotada, ele se reunia com os amigos, faziam festas e se divertiam. Era uma alegria ter todo mundo aqui. Quando era mais jovem, eu fazia questão de todo mundo perto. Eram como se fossem meus filhos também". 

No grupo de amigos, todos compartilhavam o interesse por duas rodas e depois da morte, a turma resolveu homenagear Dalton, colocando as iniciais dele como nome do grupo de motoqueiros, o DDW Motorcycle. "Ele era muito divertido e nós tentamos levar para frente um trabalho que ele sempre apoiou. O jeito de lidar e sempre querer ajudar as pessoas”, explica Ademar Ocampos, de 42 anos, amigo de Dalton desde a adolescência.

Atualmente os 30 integrantes do DDW se reúnem semanalmente para conversar e organizam também campanhas de solidaridade em datas especiais. "No momento estamos com a campanha do agasalho, já que neste ano o frio chegou um pouco mais cedo", esclarece.

Aos fins de semana, grupo se encontra de moto. (Foto: Divulgação)
Aos fins de semana, grupo se encontra de moto. (Foto: Divulgação)

Para Leila, a homenagem é a prova de que o filho sempre foi um homem de bem. "Eu fico muito feliz, pois são pessoas que eu sempre gostei de ter na minha casa e isso mostra tudo que Dalton nos deixou. Ele foi um exemplo de humildade, era amigo e muito honesto", diz a mãe ainda coruja. 

Apesar da tristeza da partida repentina, Leila deixa claro que independente da fatalidade sabe que fez o possível para ver o filho feliz. "Não me arrependo de nada, fiz de tudo pelos os meus filhos. Afinal filho é filho, tem que tratar com todo amor e carinho do mundo", ensina. 

Até hoje, o dia 26 de cada mês é lembrado com um orquídea, planta preferida do filho. "Quando ele partiu, todo mês eu levava uma orquídea ao cemitério. Hoje eu cuido delas em casa, porque era a planta que ele mais adorava e assim a gente vai seguindo", finaliza. 

Danton e os filhos, ainda pequenos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Danton e os filhos, ainda pequenos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Dalton e Leila. (Fotos: Arquivo Pessoal)
Dalton e Leila. (Fotos: Arquivo Pessoal)
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