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Comportamento

De "modelo" a sucata, Ford Fairlane é relíquia curiosa na Vila Bandeirante

Adriano Fernandes | 02/02/2016 06:42
O Ford Fairlane com a frase curiosa foi lançado em 1957 e trazido para Campo Grande de Campos dos Goytacazes no Rio de Janeiro. (Foto: Alan Nantes)
O Ford Fairlane com a frase curiosa foi lançado em 1957 e trazido para Campo Grande de Campos dos Goytacazes no Rio de Janeiro. (Foto: Alan Nantes)

Mesmo tomado pela ferrugem, um veículo estacionado em uma das ruas da Vila Bandeirante, chama a atenção de quem passa por lá. Na lateral de uma das portas, a mensagem: “Política Velha. Toma Lá, da Cá”, torna ainda mais curioso o automóvel que sem duvida é um clássico e que se “falasse”, teria muita história para contar.

O primeiro modelo de um Ford Fairlane foi produzido no ano de 1955, mas a trajetória dessa relíquia que hoje é sucata em Campo Grande, teve início meados de 1957, ainda na cidade de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro.

"Rabo de peixe" é o tipo de traseira do veículo lançado em 1957. (Foto: Alan Nantes)
"Rabo de peixe" é o tipo de traseira do veículo lançado em 1957. (Foto: Alan Nantes)

Antes de ser adquirido em 2003, pelo até então deputado estadual senhor José Divino Oliveira, de 51 anos, o veículo já tinha rodado alguns muitos quilômetros. “Eu comprei esse carro em Campos dos Goytacazes de uma viúva. Ele era do marido dela que tinha comprado por volta do ano de 1957 e o usou até morrer. Creio que uns dois anos antes de eu comprá-lo”, conta senhor José. 

Naquela época, ele se recorda que o veículo ainda era sensação na cidade carioca, com direito a paradas para fotos e voltas com os admiradores do veículo. “Por onde eu passava, ele chamava atenção porque era um carro grande, bonito. As pessoas queriam ver, tirar foto”, comenta. A vinda para Campo Grande foi por decorrência de um problema de saúde de senhor José.

Nascido em Rio Negro, no interior do estado, José Divino conta que optou por voltar a morar na Capital para ficar mais próximo da família, depois das complicações de uma embolia pulmonar. Mas claro, com o carro na mudança. Como a viagem era longa o Fairline veio do Rio de Janeiro até aqui na carroceria de um caminhão baú.

Já de “volta ao lar”, o ex-deputado conta que ia se dedicar a investir na restauração do veículo, até que surgiu outro imprevisto. “Eu deixei o carro para ser restaurado em uma oficina de um profissional, que era até bastante conhecido na época. Comprei os matérias para polimento, tintas, mas durante o processo o restaurador morreu”, se recorda.

Até nos jornais a estratégia de marketing foi parar. (Foto: Arquivo Pessoal)
Até nos jornais a estratégia de marketing foi parar. (Foto: Arquivo Pessoal)
O veículo foi usado com campanha de marketing na politica. (Foto: Arquivo Pessoal)
O veículo foi usado com campanha de marketing na politica. (Foto: Arquivo Pessoal)

Desde então o interesse pelo carro já não é mais o mesmo, se comparado aos primeiros meses após a compra do veículo. Por três anos o veículo ficou parado em uma garagem de venda de automóveis, mas nada de aparecer um comprador para o Fairline, até que o senhor José teve um ideia nada convencional.

Era período de disputa eleitoral e como ele era um dos apoiadores do advogado Abadio Rezende, candidato a deputado, ele ofereceu de usar o veículo como estratégia de marketing. “Eu sugeri que ele alugasse o carro, que ia ser guinchado pelas ruas da cidade com adesivos, como se representasse a mudança de uma velha política da época”, ele conta. Até nos jornais a estratégia gerou matéria.

Depois de usar o carro como “modelo”, o Ford Fairline foi vendido no ano de 2014 para o empresário e médico veterinário Augusto Mariano, outro apaixonado por veículos antigos e que encontrou o carro por acaso.

“Eu estava a procura de um veículo antigo para restauração, quando amigo que é proprietário de garagem me informou sobre este. Não pensei duas vezes, quando vi que ele tinha a mesma idade que eu”, brinca.

Mas ao que tudo indica a restauração do Ford Fairline ainda está longe de acontecer. Desde que comprou o veículo, Augusto não pode levar para Bonito, o deixando sobre os cuidados de um outro amigo, que também é proprietário de garagem de automóveis. “Por enquanto ainda estou avaliando o custo e benefício de transportá-lo e restaurá-lo. Ainda não tenho previsão de quando vou reformá-lo”, conclui. 

Restaurado ou não o fato é que o Ford Firline da Vila Bandeirantes ainda resiste ao tempo, mesmo estacionado, depois de várias gerações de motoristas há quase 60 anos desde seu lançamento.

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