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Comportamento

Dono de agência reclama de modelos que desfilam de graça e abre debate

Elverson Cardozo | 29/05/2014 06:42
Desfiles de graça fortalecem marcas, mas prejudicam  profissionais. (Foto: Elverson Cardozo)
Desfiles de graça fortalecem marcas, mas prejudicam profissionais. (Foto: Elverson Cardozo)

Proprietário da Agência TK Models, que promoveu o Miss Mundo Mato Grosso do Sul, Wagner Takamori, trouxe à público, esta semana, um problema que, segundo ele, vem prejudicando profissionais do segmento em Campo Grande: modelos estariam pagando para desfilar, ao invés de receberem cachê por isso.

O desabafo foi feito na fanpage oficial da agência, em postagem do dia 23 de maio. No texto, Takamori classifica a situação como absurda, inacreditável e comenta que “a coisa está piorando”.

“Antes era de graça - 'não pagamos cachê para que você possa aparecer' – agora, além de trabalhar de graça, o modelo tem que pagar pra desfilar”, escreveu, ao dizer, no início, que ficou sabendo do caso depois que foi procurando por três modelos “que vão desfilar em um grande evento aqui em Campo Grande”.

"Precisamos do DRT (registro profissional) funcionando urgente em Campo Grande. Ou organiza-se o setor, ou vai morrer de vez a profissão na cidade. Não posso acreditar em empresários que realiza tal cobrança, muito menos no modelo que paga, ajudando a acabar ainda mais com a profissão”, finaliza.

O relato gerou polêmica. “Ridículo isso. Por causa de três, daqui a pouco para fazermos um trabalho, vamos ter que pagar também”, diz Kárita Rolin. Gisele Gotardi completa: “Isso, infelizmente, não acontece só em Campo Grande. Aqui em Dourados está cada dia pior. Existem pessoas que fazem lançamentos de revistas aqui e cobram para que as modelos desfile e, acredite, elas pagam”.

Gotardi conta que desfilou por 24 anos (começou aos 6) e hoje, com 30, não trabalha mais no ramo porque, “além da exploração dos lojistas...  alguns querem que as profissionais arquem com despesas de salão, maquiagem, unha, deslocamento e por aí vai”. Quando pagam, o que é raro, prossegue, oferecem R$ 30,00, R$ 50,00.

Postagem da TK Models. (Foto: Reprodução/Facebook)
Postagem da TK Models. (Foto: Reprodução/Facebook)

Ester de Moraes Silva de Souza também se mostrou indignada. “É um absurdo. Minha filha mal entrou e já desanimou com este sonho. Há uns meses atrás ela fez 3 comerciais de lojas de Campo Grande, e de graça. Tivemos gastos e ela não ganhou nenhum cachê. Eles falaram que estava dando a oportunidade para ela promover a imagem, até que um dia eu comecei a cobrar pelo trabalho e, simplesmente, não à chamaram mais. São um bando de safados que lucram com o trabalho escravo”.

Felipe Melchiades escreveu que é muito difícil fazer trabalho de graça e argumentou: “É sua imagem e o lucro que eles tem em cima de você é imenso”. O rapaz, que diz ter sido modelo por 5 anos, mas hoje está “aposentando” - “não é à toa” - aproveitou para informar os espertalhões: “No começo todos modelos passam por cursos, books, academia, tratamento dentário, dermatologista, dieta e muita outras coisas”.

“Muitos vivem disso, sonham com isso e trabalharam para chegar onde estão. É a mesma coisa do jogador de futebol que se prepara para ser pago e não para jogar de graça”, declarou Takamori ao Lado B.

É uma profissão, esclarece e, como em qualquer outra, o profissional deve ser respeitado. À reportagem, o empresário disse que, das três garotas que aceitaram a proposta e que o procuraram, duas eram maiores de idade.

“Só falei que acho um absurdo, mas não aconselhei, porque é uma situação que mexe com o sonho da pessoa. Ela quer desfilar e quer aquilo de qualquer jeito. O mercado se tornou um status, mas isso acaba prejudicando ela mesma no futuro”.

No futuro e no presente, porque, quem se rende a isso, emenda, “queima o filme” de todos os profissionais. E é justamente por isso que Wagner está empenhando em implantar uma associação de modelos na cidade para que o DRT, a exemplo de São Paulo, seja cobrado em qualquer trabalho.

Sem problemas - O Lado B também procurou o proprietário da agência Hoffmann Models, Ekel Hoffmanm, de 33 anos. Ele afirma, com segurança, que nunca teve problemas dessa natureza e também nunca soube de modelos profissionais que tenham pago para desfilarem.

O que ocorre, e com certa frequência, pontua, são modelos mirins subirem à passarela incentivados pelos pais que, sim, pagam por isso, não escondem, ao contrário, se orgulham porque querem ver os pequenos brilharem.

O desfile, no entanto, é um convite que parte das lojas, que fazem promoção com os clientes. Na interpretação de Ekel, neste caso não há pagamento, isto porque o valor dispensando foi destinado, primeiro, a um produto.

“As mães compram as roupas. Não vejo problema. O desfile é uma brincadeira para as crianças”, afirma. Na avaliação dele, errado seria pagar para explorar a imagem da criança em uma campanha mais elaborada, que inclui, por exemplo, a venda de um produto em catálogo específico.

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