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Comportamento

É tão difícil atender bem o cliente em Campo Grande?

Elverson Cardozo | 07/11/2012 09:34
Nesta empresa, a qualidade no tratamento dispensado ao cliente é a principal exigência. (Foto: Minamar Junior)
Nesta empresa, a qualidade no tratamento dispensado ao cliente é a principal exigência. (Foto: Minamar Junior)

Fácil, extremamente fácil encontrar alguém que já foi mal atendido no comércio de Campo Grande. Difícil é achar empresas que se destacam pelo ótimo atendimento. Uma raridade na cidade que não é bem vista, neste quesito, nem por quem vem de fora.

Natalia Benites, de 18 anos, não tem papas na língua na hora de avaliar o atendimento dispensado no comércio campo-grandense. Foram várias as situações para chegar à conclusão de que, na Capital, muitos atendentes, recepcionistas e gerentes saem pior que encomenda.

Outro dia, ao procurar um perfume em uma franquia conhecida, percebeu que a vendedora fez pouco caso dela. “A gente trabalha o dia todo, entra, está com a cara lavada e de certo pensam que só vamos olhar”, comentou.

Em outra vez, no caixa de um supermercado, a atendente se irritou quando Natalia questionou o valor de um produto que, na gôndola, era inferior ao cadastrado no sistema.

Dona Elizete agradece a atenção, mas se for mal atendida faz questão de espalhar a fama da empresa.
Dona Elizete agradece a atenção, mas se for mal atendida faz questão de espalhar a fama da empresa.

“Ela nem me respondeu. Eles acham que por você estar reclamando, também está errado”, afirmou. Para a jovem, o comércio de Campo Grande, se comparado ao de outras cidades brasileiras, ainda está muito distante de ser reconhecido pela qualidade.

Mas não é por falta de treinamento, acredita. Ela, por exemplo, trabalha como agente de atendimento em um Call Center. As reuniões, na empresa, são mensais.

A baiana Elizete Maria Bonfim, de 47 anos, pensa da mesma forma. Avalia como positivo os treinamentos, mas acredita que educação vem de casa e isso acaba refletindo na vida profissional de cada um.

Se tratando de concorrência, exemplificou, o  produto oferecido por um empresa pode até ser o melhor que o da outra, mas se a equipe for mal treinada a tendência é o fracasso. “A gente lembra do atendimento. O produto e a loja não vão me ajudar em nada”, resume.

Foi na prática, como consumidora, que Elizete - que também é atendente - viu a diferença que faz ser bem recebida, tratada com cordialidade e educação. Há 11 anos, é cliente fiel de uma rede de óticas que se destaca, em Campo Grande, pela qualidade no atendimento prestado.

Não troca o grupo por nada, porque cansou de ser mal recebida em outros locais. “Em outras lojas eles colocam a armação na mesa. Se gostar, gostou. Se não, um abraço”, conta.

Mas o descaso não fica de graça. Tem troco, garante. Se fica insatisfeita, revelou, faz questão de reproduzir a experiência negativa com outros consumidores. “Se não gostar eu queimo mesmo. Dou um tiro de misericórdia”, disse.

Como consumidora, Natália Benites, a agente de Call Center, é a prova de que o bom relacionamento com o cliente faz diferença. Há algum tempo ela pagou R$ 200,00 em um vestido que nunca usou. “Comprei porque gostei do atendimento”.

Auxiliar de serviços hospitalares, Maria da Silva, não consegue renegociar a dívida com a financeira. (Foto: Minamar Junior)
Auxiliar de serviços hospitalares, Maria da Silva, não consegue renegociar a dívida com a financeira. (Foto: Minamar Junior)

Mas não é só na hora da compra que a qualidade e preocupação de vender bem a imagem da empresa deve estar presente. O pós-venda é essencial. A auxiliar de serviços hospitalares Maria da Silva, de 54 anos, desistiu de tentar renegociar a dívida que tem com uma financeira.

Em julho ela comprou um filtro de água, parcelado em 12 vezes, mas o valor, nos boletos, veio superior ao contratado, contou. Agora, para resolver o problema, só pelo telefone, por meio do SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor). Mas falar na central de atendimento virou lenda.

“A gente fica um tempão no telefone, só ouvindo ‘disque 1’, ‘disque 2’”, contou. “Na hora de vender é uma beleza, mas depois...".

Gerente da ótica onde Elizete Bonfim é cliente, Silvana Duarte Cruz, de 36 anos, sabe bem o que o consumidor deseja: “Bom atendimento na recepção, serviço bem feito, qualidade nos produtos, preço baixo e cumprimento do prazo de entrega”.

Bar, no interior de uma ótica. Atendentes estão à disposição dos clientes. (Foto: Minamar Junior)
Bar, no interior de uma ótica. Atendentes estão à disposição dos clientes. (Foto: Minamar Junior)

No grupo onde Silvana trabalha há 15 anos, o foco, nos treinamentos, sempre foi o atendimento. Quem entra na empresa percebe, logo de cara, as diferenças. Água, refrigerante, picolé e até cerveja – em doses baixas, claro – são oferecidos aos clientes durante a negociação ou um simples orçamento.

O bar, construído dentro da loja, é um dos diferenciais, que acaba atraindo clientes e chamando a atenção até de quem não precisa usar óculos. “Tem turistas que vem aqui só para tirar foto”.

Prestar um bom atendimento é a regra principal em qualquer setor, no comércio principalmente. Quem gosta, comenta. Quem não gosta, espalha a notícia.

Diante de tanta insatisfação, o Lado B abre uma enquete: É tão difícil priorizar o cliente e oferecer um atendimento de qualidade?

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