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Comportamento

Ela largou a Física, ele deixou o diploma de lado, e se encontraram na cozinha

Paula Maciulevicius | 25/03/2015 07:05
Terrines, sopas frias, saladas, entre outras produções da futura chef, Tais Almeida. (Foto: Arquivo Pessoal)
Terrines, sopas frias, saladas, entre outras produções da futura chef, Tais Almeida. (Foto: Arquivo Pessoal)

Aos 24 anos, Tais Almeida agora olha para trás com gosto e orgulho. O diploma que estava quase para alcançar não lhe traria a mesma satisfação que vem da cozinha. No ano em que se formaria no curso de Física na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), ela resolveu mudar de ramo e também de rumo.

"Eu sempre gostei de cozinha, desde pequenininha. Eu gostava muito da Física, ainda gosto muito da Astronomia, quero manter como hobby, não me arrependo de ter feito, mas eu acho que eu gostava do que fazia, mas não fazia o que gostava".

Em abril, ela completa três anos dessa nova jornada. Trocou Campo Grande por Balneária Camboriú com R$ 600,00 no bolso para pagar 20 dias de aluguel e a esperança de que na nova cidade se encontraria. "Eu já ia trancar Física por um semestre pra pensar em alguma outra opção. Se eu conseguisse lgo que me desse vontade de fazer, eu ia tentar. Se não, voltaria e terminaria de vez", narra.

Em abril, Tais completa três anos dessa nova jornada. (Foto: Arquivo Pessoal)
Em abril, Tais completa três anos dessa nova jornada. (Foto: Arquivo Pessoal)

Em conversa com amigos, eles sugeriram que ela tentasse a faculdade de Gastronomia. E depois de pesquisar preços de mensalidades, Tais resolveu se inscrever na na Univali (Universidade do Vale do Itajaí) e se aventurar numa cidade em que ela nunca tinha pisado os pés, mas que tinha a vantagem de conseguir trabalho fácil, por ser turística.

"Em menos de 1 mês no meu novo emprego em Campo Grande, eu pedi demissão e vim pra cá. Não ia largar Física, que já tinha a carreira toda na mão, com artigos publicados... Era uma coisa que eu gostava, mas eu não podia ficar perdendo tempo. Se eu pensasse em alguma profissão, tinha que ser meio rápido".

Quando o prazo de 20 dias expirasse, ela sabia que tinha de presente a passagem de volta para Campo Grande, "ajuda" que viria da mãe. Por outro lado, se persistisse era porque realmente estava disposta a se tornar chef.

"No final desses 20 dias eu consegui um emprego". Através de amigos daqui, ela conheceu uma jovem que também cursava Gastronomia e procurava alguém para dividir apartamento. Através dela que Taís conseguiu uma vaga num restaurante italiano de uma rede. "Eu não tinha a menor ideia do que eu estava fazendo. Quando entrei, aquele monte de panela, de gente gritando, um calor... Eu não sabia que se usava tanta roupa dentro de uma cozinha e começou a baixar minha pressão"

Tais simplesmente desmaiou no primeiro dia de trabalho. Ainda era um teste. Ela foi mandada de volta para a casa e dias depois chamada de novo. A vaga continuava em aberto para ela e o incidente, ninguém mais se lembrava. "Voltei e trabalhei lá por dois anos consecutivos".

O último ano foi de aventuras entre os mais variados menus. A Gastronomia levou Tais a viajar até a Tailândia, no desafio de criar cinco sobremesas dentro da temática. Pela culinária ela também morou em Caxias do Sul, São Paulo e até uma breve volta a Campo Grande, mas só a trabalho.

"Depois de tudo isso que aconteceu, eu ainda não estava arrependida para voltar para Física... Em Campo Grande eu morava do lado da faculdade, tinha todos os contatos que precisava ter, era tudo fácil e na minha mão. Na Gastronomia, tudo o que eu tive foi muito suado, muito desmaio", brinca.

A faculdade tem duração de 3 anos e meio e a torna chef internacional e ainda com bacharelado. Depois do diploma, Tais pretende trabalhar em consultoria e criar cardápios harmonizando pratos e vinhos na região de vinícolas próximo a Curitiba.

"Pulpo Gallego" - de Tais Almeida. Da cozinha espanhola, são tapas de polvo com batata rosa e chantilly de molho de soja servido com mini broto de beterraba. (Foto: Arquivo Pessoal)
"Pulpo Gallego" - de Tais Almeida. Da cozinha espanhola, são tapas de polvo com batata rosa e chantilly de molho de soja servido com mini broto de beterraba. (Foto: Arquivo Pessoal)

Leonardo Zornitta Corradini, de 24 anos, teve uma trajetória um pouco diferente. Precisou se formar em Administração, tentar um escritório no ramo e viajar até a Europa, no "Caminho de Santiago", para descobrir que era a Gastronomia o seu caminho.

Cozinheiro entre os amigos, além do churrasco, a especialidade do rapaz eram massas e risotos. "Comecei fazendo churrasco em casa e depois fui agregando coisas novas, mas nunca profissionalmente. A primeira vez que eu fui para a Europa, comecei a ter outra visão da Gastronomia", explica.

Entre a Espanha e a Itália brotou o interesse por aprender mais. "Voltei e comecei a pesquisar na internet mesmo, aí que tive a ideia de fazer um curso no Senac, em Campo Grande, como experiência. Como eu não conheço a parte profissional da cozinha, queria entrar no meio para ver se era profissão ou só um hobby".

Desde setembro do ano passado, Leonardo também se mudou para Camboriú. (Foto: Arquivo Pessoal)
Desde setembro do ano passado, Leonardo também se mudou para Camboriú. (Foto: Arquivo Pessoal)

Em três meses de cursos e depois de começar a trabalhar na área, Leonardo realmente se encontrou. "Aí eu comecei a ver onde queria ir com isso como profissão e fui buscando novas fontes. Trabalhei em três restaurantes em Campo Grande, fui para a Itália fazer um curso e buscar trabalho, quando apareceu a oportunidade de fazer Gastronomia em Santa Catarina".

Desde setembro do ano passado, Leonardo também se mudou para Camboriú, onde também cursa Gastronomia na Univali. "Campo Grande não me daria essa estrutura teórica, eu até conseguiria ter uma base prática trabalhando em certos lugares, mas como precisava de uma teórica para desenvolver melhor, optei em fazer faculdade mesmo".

Depois de formado, Leonardo quer unir os dois diplomas: de Administração e Gastronomia. "Pretendo seguir na área de consultoria, que me chama mais atenção e justamente por eu já ser formado. Quem sabe, vê que isso faz muita diferença para o sucesso do restaurante. Não adianta ter só um chef sendo que a parte administrativa do restaurante não vai bem. Minha formação vai completar meu hobby, vai ser onde quero atuar".

Filé mignon com ervas finas - produção do futuro chef Leonardo Zornitta Corradini. (Foto: Arquivo Pessoal)
Filé mignon com ervas finas - produção do futuro chef Leonardo Zornitta Corradini. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mini churros, com doce de leite caseiro ou brigadeiro de nutella. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mini churros, com doce de leite caseiro ou brigadeiro de nutella. (Foto: Arquivo Pessoal)
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