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Comportamento

Elas cresceram na mesma rua, mas só depois de 40 anos descobriram que são irmãs

Ângela Kempfer e Anny Malagollini | 26/11/2013 16:11
Roseli e Maria se reencontraram hoje à tarde.
Roseli e Maria se reencontraram hoje à tarde.

A história começou no interior de Mato Grosso do Sul. A mesma de milhares de crianças que na infância foram separadas pela pobreza. A diferença é que Roseli e Maria cresceram como vizinhas, morando na mesma rua, nunca souberam do parentesco e só depois de 40 anos descobriram a verdade.

A mais nova, Roseli Rodrigues, de 42 anos, hoje mora em Campinas (SP), onde trabalha como instrumentista cirúrgica. Maria Aparecida Ribeiro, de 45, é costureira e ainda vive em Glória de Dourados, cidade natal das duas.

Na tarde desta terça-feira, a distância acabou com um reencontro daqueles emocionados, com muito choro na 5ª Delegacia de Polícia, do bairro Piratininga, em Campo Grande. Foi mais uma missão dada à investigadora Maria Campos, com fama aqui no Estado por descobrir pessoas desaparecidas.

A ideia foi de Maria, que sabia da existência da irmã desde criança, mas nunca suspeitou que se tratava da menina com quem chegou a brincar de bonecas.

Aos 9 anos, Roseli descobriu que havia sido adotada e nunca superou a dor de ter sido entregue pela mãe à outra família. “Sou mãe, nunca faria isso com um filho meu”, desabafa.

A mágoa nunca acabou, mas com o tempo, ela foi tentando deixar o assunto de lado. “O mais difícil era quando ia ao médico e perguntavam se eu tinha um histórico de alguma doença na família”, comenta.

Hoje, Maria pode falar em nome de uma das principais personagens dessa história, que já morreu. Doméstica, a mãe das meninas teve outros 3 filhos. Como não tinha condições financeiras de criar os 5, resolveu que Roseli seria mais feliz se fosse adotada pela patroa.

Glória de Dourados é uma cidade pequena, na época com menos de 5 mil habitante. Independente da realidade econômica, todo mundo vivia perto, por isso as duas continuaram convivendo.

Roseli se mudou com a família para Campo Grande. Com o passar dos anos e a morte dos outros 3 irmãos, Maria ficou mais curiosa sobre o paradeiro da irmã. “Um dia vim para Campo Grande e procurei a investigadora, para ver se eu encontrava a minha irmã”, explica.

Em menos de 1 mês, a boa notícia chegou. Só não foi mais rápido, porque a família de Roseli parecia resistente ao reencontro. “Pedi algum contato, mas ninguém repassou. Então, um dia, ela ligou para mim e disse que queria ver a irmã”, lembra a investigadora.

O fio da meada foi a escritura de um terreno, de 1970. Como a mãe contou à Maria que havia entregue a filha à patroa, coube à ela apontar o endereço da tal mulher. Depois ficou fácil, já que alguns parentes de Roseli continuam na cidade.

As duas não têm qualquer semelhança física, são irmão só por parte de mãe. Roseli tem os olhos azuis como o pai.
Apesar de tantas diferenças, ambas parecem ter muita vontade de falar sobre o que ficou no passado. “São 40 anos de conversa que a gente precisa colocar em dia”, brinca Maria.

As irmãs com a investigadora Maria Campos.
As irmãs com a investigadora Maria Campos.
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