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Comportamento

Ele perdeu a balada para fazer uma coisa que todo mundo gostaria de ter feito

Paula Maciulevicius | 09/06/2015 06:34
Na madrugada de domingo, o rapaz estacionou o veículo ali, na Calógeras, quase na Mato Grosso, onde sofrei a tentativa de extorsão. (Foto: Fernando Antunes)
Na madrugada de domingo, o rapaz estacionou o veículo ali, na Calógeras, quase na Mato Grosso, onde sofrei a tentativa de extorsão. (Foto: Fernando Antunes)

Nesse último final de semana perder a balada foi o de menos. Ao amanhecer o domingo, o atendente de 20 anos, ainda estava na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro, mas pelo menos com a sensação de "dever cumprido". Quem sai na noite de Campo Grande vê, com frequência cada vez maior, flanelinhas pedindo dinheiro para cuidar dos carros seja em frente ao bar ou a balada. 

O valor exigido passou a ser alto, com pagamento antecipado. O motorista, como foi o caso deste, estava sujeito a voltar e ver o carro depredado, caso não deixasse R$ 10,00. O que caracterizou crime de extorsão. O Lado B conversou com o condutor nessa segunda. Primeiro porque depois de denunciar a extorsão à Polícia, ele viu os dois flanelinhas detidos. Ou seja, percebeu que a denúncia surtiu efeito e ainda porque viu a enxurrada de comentários na rede social o "parabenizando" pela atitude. 

"Estaciono meu veículo em uma via pública onde dois vagabundos (um menor de idade) se aproximam dizendo serem flanelinhas e que cuidariam do veículo se eu lhes pagasse a quantia de R$10,00 reais sendo que teria que deixar R$ 5,00 de adiantamento caso o contrário, se meu veiculo ficasse ali sofreria danos, indignado acionei a polícia, os dois indivíduos foram presos em flagrante por tentativa de extorsão, fiz questão de fazer b.o e prestar queixa, os dois se encontram presos na Depac.

Independentemente de ser uma tentativa de extorsão ou assassinato, o rapaz coloca que o que passou não deixa de ser crime. "E lugar de criminoso é na cadeia. O que leva pessoas como eles a cometerem tal ato absurdo é a sensação de impunidade onde sabem que amanhã estarão nas ruas...", completou na postagem. 

Ao Lado B, o motorista relatou que era por volta da 1h da manhã de domingo, quando encontrou uma vaga pública na Rua Calógeras, quase esquina com a Avenida Mato Grosso. "Eu estacionei e vieram esses dois rapazes dizendo que eu teria de pegar R$ 10,00 e R$ 5,00 adiantado. Eu não tinha esse valor em dinheiro. Dei R$ 2,00, eles contaram as moedas e jogaram em cima de mim. Dizendo que aquilo não valia e que se eu não pagasse, meu carro seria danificado", explica.

"Eu perguntei: vocês estão tentando me extorquir? Vou ligar para a Polícia. Nisso acionei e eles sumiram. Em 3 minutos eles chegaram", conta. Em seguida, um outro motorista informou aos policiais militares que viu uma dupla tentando arrombar um carro. O arrombamento, pelo que o rapaz presenciou não chegou a ser concretizado e o veículo, parece que era de um amigo deles. 

"A gente encontrou eles, eu quis fazer o Boletim de Ocorrência. Cheguei na delegacia 1h30 e saí 10h da manhã. Esperei sim, estava cheio de flagrante no dia e eles me explicaram isso. Como eu achei que era certo fazer, eu perdi a balada e fiquei esperando lá". 

A repercussão foi imediata logo que as notícias anunciando a prisão de Juliano Vinícius Marques, 23 anos, e a apreensão de adolescente de 16 foram veiculadas. "Eu fiquei muito feliz. Hoje em dia, independente do crime, não deixa de ser. Eles saem e fica essa situação de impunidade muito grande. Eu fiquei na delegacia sim, mas eles ficaram presos mais tempo que eu. Acho que todo mundo tinha que tomar essa atitude", frisa. 

O jovem continua defendendo que se os condutores chamassem a Polícia e denunciassem, quem pratica se sentiria, pelo menos, acuado. 

A experiência dessa vez teve um desfecho de resultado. Diferente do ano passado, quando ele foi abordado por flanelinhas em plena luz do dia, não deu a quantia exigida e teve o carro riscado e o para-lamas quebrado. "Isso que forçou ainda mais eu ter acionado a Polícia. Todo mundo acha comodo, ou fica com medo. Eu não estou generalizando, dizendo que todo mundo está errado. Mas quando eles vieram me abordar, eu pedi identificação deles".

Uma coisa interessante era que, segundo o motorista, no bolso de um deles havia R$ 600,00. "Se for assim, se o dinheiro for de cuidar carro, eu vou virar flanelinha também. Eu sei que demorou para eu fazer alguma coisa, mas não me arrependo de ter tomado essa atitude".

A informação na Delegacia é de que o adolescente foi liberado, mas Juliano Vinícius Marques, permanece preso. Foi arbitrada fiança e ele já foi transferido da Depac para o Instituto Penal. E no final da noite de domingo, um outro caso foi registrado na mesma delegacia. De uma tentativa de extorsão por flanelinhas que envolveu até ameaça de pedradas.

"Às vezes as pessoas se sentem inseguras de estarem ligando para a Polícia. Por precaução, eu não vou mais parar ali. Se acontecer, eu ligo para a Polícia de novo", resume o rapaz.  

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