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Comportamento

Eles são pobres e como sonham com um tablet resolveram vender abacates

Anny Malagolini | 28/02/2014 15:17
O dinheiro vai ser usado para comprar um "Tablet" (Foto: Marcos Ermínio)
O dinheiro vai ser usado para comprar um "Tablet" (Foto: Marcos Ermínio)

Que trabalho infantil é crime, todo mundo sabe, mas dá até dó censurar Everton e Cauã. Para comprar um “tablet”, os irmãos colheram os abacates no quintal de casa e há uma semana vendem a fruta por R$ 0,50 no bairro São Francisco.

É uma graça a cena dos dois meninos sentados na esquina entre a 14 de Julho e a rua Eça de Queiros, ao lado de uma carriola e com uma lousa onde fica o recado: “Vende-se abcate”. O erro na escrita chama a atenção de quem passa e virou a alma do negócio.

O carinho entre os dois deixa claro que a parceria não deve ficar restrita ao primeiro empreendimento. Ressabiados com as perguntas, eles mais riem do que conversam.

Everton Carlos Machado Mendes, de 12 anos e o caçula, Cauã Machado Mendes, de 8 anos, estudam de manhã, brincam à tarde, mas quando a noite chega, vão vender a mercadoria pertinho de casa, lá pelas 18 horas.

A ideia de comercializar abacates foi do mais velho. “Sempre via as pessoas nas ruas e então quis vender também”. A intenção das crianças é conseguir juntar dinheiro para comprar o computador, desses que dá para aproveitar joguinhos eletrônicos. Eles já sabe que há modelos do aparelho que custam R$ 200,00 e ainda há "internet de graça" em alguns pontos da cidade.

Quem compra o produto das crianças, pode levar o abacate pequeno por R$ 0,50, mas a fruta já madura e de tamanho grande custa R$ 2,00, preços definidos por eles mesmos. Até agora, o melhor dia de venda já rendeu aos garotos R$ 40,00.

Dia desses, os dois quase ficaram de castigo. A mãe determinou o retorno às 21h, mas eles não respeitam o horário e acabaram chegando em casa sob escolta da PM.

A mãe, a dona de casa Renata Pereira Mendes, deu a autorização para que o sonho vingue. “Não acho que tenha mal, eles estão fazendo isso para ter algo que querem. Eu não tenho condições para comprar”, justifica.

Além dos irmãos, ela é mãe de mais duas crianças. A família mora em uma casa bem simples, de madeira, perto dos antigos trilhos da ferrovia.

Os irmãos vendem as frutas a partir das 18 horas. (Foto: Marcos Ermínio)
Os irmãos vendem as frutas a partir das 18 horas. (Foto: Marcos Ermínio)
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