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Comportamento

Em casamento no campo, noiva é vista antes da cerimônia e votos são em finlandês

Paula Maciulevicius | 22/02/2016 06:23
Vendado, Eetu esperou a noiva descer das escadas para vê-la antes de todo mundo. (Foto: TopStudio Fotografias)
Vendado, Eetu esperou a noiva descer das escadas para vê-la antes de todo mundo. (Foto: TopStudio Fotografias)

A história de Larissa e Eetu começa em 2011, a partir do casamento de amigos de infância da brasileira e do finlandês. Ao olhar as fotos da cerimônia, os olhos dela se voltaram para um garoto loiro e de olhos claros que parecia muito gente boa. Como num conto de fadas, os olhos dos dois se encontraram até no “First look”, ensaio onde o noivo vê a noiva pronta, minutos antes da cerimônia.

Larissa é brasileira, tem 28 anos e é psicóloga. Eetu tem 27, nasceu na Finlândia e é técnico em demolição. Anos depois, Larissa soube que o encanto – à época das fotos do casamento do amigo com a sueca - foi recíproco e que ele também procurou saber quem eram os amigos do noivo de sua amiga.

Os dois se adicionaram no Facebook e passaram a conversar, em inglês, em dezembro de 2013. No ano seguinte, ela foi visitar o amigo do casamento, que vive na Suécia. Oportunidade que Eetu encontrou para conhecer a amiga do Brasil.

Quando ela chegou (Foto: TopStudio Fotografias)
Quando ela chegou (Foto: TopStudio Fotografias)
e tirou a venda dele. (Foto: TopStudio Fotografias)
e tirou a venda dele. (Foto: TopStudio Fotografias)
O primeiro olhar do noivo para a noiva. (Foto: TopStudio Fotografias)
O primeiro olhar do noivo para a noiva. (Foto: TopStudio Fotografias)

“Ele tirou férias e foi. A gente se viu lá, já conversávamos e já tinha um interesse de ambas as partes. A gente achou que já ia começar a namorar lá, mas outras coisas pesaram. Namorar à distância num outro país... A gente percebeu que não ia ser muito fácil”, conta Larissa Kananen.

Na volta das férias, os dois continuaram conversando, mas ninguém tomou a iniciativa de propor um namoro. Em dezembro do mesmo ano, cansada de esperar, Larissa decidiu viajar para o Chile para “esquecer o finlandês”. Foram 37 dias contados no calendário que eles ficaram sem se falar e a saudade só aumentou. “Eu sentia muita falta de conversar com ele, quando voltei, eu mesma que chamei ele para conversar de novo. Ele fala que praticamente eu que o pedi em namoro”, brinca Larissa.

Em 2015, Eetu veio ao Brasil a convite da irmã de Larissa, para o casamento dela. Foram 10 dias com direito a pedido de namoro oficial traduzido por Larissa ao pai. “Foi esquisito porque eu tive que traduzir meu pedido de namoro. Ele falou que achava que eu era muito especial e que queria um compromisso mais sério”, conta

Ao voltar para a Finlândia, Eetu já falava de casamento. Uma relação na distância entre Campo Grande e Jyväskylä, na Finlândia, era além de difícil, muito cara. “Uns cinco mil reais cada vez que vai ver o namorado não é fácil”, exemplifica Larissa.

Para se sentir mais acolhido, noivo foi escoltado por padrinhos ao som da trilha de Star Wars. (Foto: TopStudio Fotografias)
Para se sentir mais acolhido, noivo foi escoltado por padrinhos ao som da trilha de Star Wars. (Foto: TopStudio Fotografias)

Eles decidiram então que iriam morar na mesma cidade, passo que só seria dado a partir do casamento. A terra dele foi a escolhida para ser lar e a dela, para se casarem.

A burocracia para realizar a cerimônia aqui quase deixou Larissa maluca. A documentação certa, com todas as autenticações de embaixada e cartório chegaram às mãos dela às 4h da tarde do último dia do prazo para entrar com a papelada do civil, para então chegar o religioso, carregado de emoção e histórias.

Durante todo preparativo para a cerimônia, Eetu pedia à Larissa que mandasse fotos do vestido de noiva. “Ele é muito tímido, sensível, emotivo e falava que iria chorar muito lá na frente. Eu não deixava porque ia perder toda a emoção”, conta Larissa.

Ela tentava argumentar que era bonito o noivo chorar e que não tinha problema de ele se emocionar. “Aí eu percebi que ele estava bem sensível em relação às outras pessoas verem ele emotivo. Eu já tinha visto alguns ensaios assim e falei para ele: você me vê prontinha antes do casamento, vai chorar só para mim”, descreve.

E ela em finlandês (Foto: TopStudio Fotografias)
E ela em finlandês (Foto: TopStudio Fotografias)
Eetu lendo em português. (Foto: TopStudio Fotografias)
Eetu lendo em português. (Foto: TopStudio Fotografias)
Os votos lidos em finlandês foram retirados do discurso padrão dos Testemunhas de Jeová. (Foto: TopStudio Fotografias)
Os votos lidos em finlandês foram retirados do discurso padrão dos Testemunhas de Jeová. (Foto: TopStudio Fotografias)

Traduzido do inglês, o “primeiro olhar”, não tem convidados e nem padrinhos como público. E foi dessa forma que os olhos de Eetu encontraram Larissa vestida de noiva, prestes a dizer “sim”.

O casamento realizado na Casa Park, no último dia 6, propiciava vários ambientes para o “First Look” e o casal, junto dos fotógrafos, escolheu as escadas.

Larissa desceu os degraus e foi até Eetu, que a esperava, de olhos vendados. “Eu fui descendo a escada, até abrir e tirar a venda”. A noiva já tinha visto o ensaio em blogs fora do País, mas nunca soube do “Primeiro olhar” por aqui. “Os fotógrafos disseram que nunca fecharam esse ensaio, porque os noivos têm medo de dar má sorte, de ver o vestido antes”, justifica Larissa.

“Uau. Eu não estava esperando, ela estava bem bonita”, repete o que sentiu Eetu ao tirar a venda. Ver a noiva antes de todo mundo deixou, tanto ele quanto ela, mais tranquilos e seguros para começar a cerimônia.

“Ajudou bastante a gente, é uma coisa muito íntima, ficamos mais seguros e confiantes”, frisa Larissa.

Para Eetu se sentir acolhido, a entrada do noivo também foi diferente. Por mais que 17 finlandeses estivessem ali para vê-lo dizer “sim”, inclusive toda a família, ele quis fazer da entrada algo que abraçasse.

“Ele entrou com todos os meninos que eram padrinhos ao som de Star Wars, no final, os meninos abraçaram ele e voltaram para pegar as madrinhas. Foi uma maneira de ele se sentir mais acolhido”, conta Larissa.

Se dissessem a Larissa como seria seu casamento cinco anos atrás, ela não acreditaria. (Foto: TopStudio Fotografias)
Se dissessem a Larissa como seria seu casamento cinco anos atrás, ela não acreditaria. (Foto: TopStudio Fotografias)

Para que o casamento tivesse a cara e a língua dos dois, os votos da noiva foram ditos em finlandês e do noivo, em português. A comunicação oficial entre o casal é o inglês, e aos poucos eles estão aprendendo um pouquinho do idioma de cada um.

“Ele falou que eu falei bem direitinho e eu disse que ele falou certinho também”, diz a noiva. Por serem Testemunhas de Jeová, eles usaram o discurso que já é padrão da religião em casamentos.

“Eu peguei os votos do marido para a esposa em português e dei para ele e ele me passou os da esposa para o marido, em finlandês”, explica a noiva. O casal ensaiou desde outubro a pronuncia certinha das palavras.

Para os convidados, foi surpresa e muita gente disse a ela que não entendeu nada dos votos. “Eu dizia, eu também não. Só sei o que falei porque conheço em português”, brinca Larissa.

Os dois seguem para a Finlândia na primeira semana de abril.

“Eu não imaginava, se alguém me falasse isso cinco anos atrás, eu não ia acreditar. Sempre quis me casar e ter uma família, desde criança. Eu procurei muitas pessoas e achei o Eetu. Ele é muito simples e o que me ganhou foi a bondade dele. Ele é de um jeito muito bom, que eu nunca vi. Tem um olhar verdadeiro e muito amoroso. Foi isso que eu mais gostei”.

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