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Comportamento

Em festas atuais, há saudade do tempo da "Cadeia" e do "Correio Elegante"

Anny Malagolini | 18/06/2013 09:23
Hoje a foto é feita pelo celular.
Hoje a foto é feita pelo celular.

Em tempos de festa junina, a comemoração a Santo Antônio, São João e São Pedro é uma das poucas tradições brasileiras que ainda não caíram no esquecimento. Mas a essência mudou, ficou só na lembrança de algumas pessoas que viveram a simplicidade que estas comemorações costumavam ter.

Brincadeiras como o “Correio Elegante”, a "Cadeia", que certamente deram início a muitos namoros são elementos raros hoje. Para se aproximar de uma pessoa, tinha gente que até pagava para ficar "preso", sem pagamento de fiança, em uma "Cadeia" de festa junina.

A dona de  casa Aparecida de Campos Caramacho lembra que houve uma  "elitização" do que era tradicional. “Íamos como podíamos, com roupas e comidas feitas em casa.  Hoje a festa está elitizada, se tornou apenas um comércio”, lamenta. 

Aparecida ainda relembra sua mocidade, da época em que morava no interior do estado do Paraná, onde as festas juninas eram cercadas de amigos, vizinhos e familiares, como uma grande celebração, realizadas em sítios e fazendas, diferente de hoje, que acontecem em salões cercados de seguranças.

Acompanhada do marido, Eunicy, ela conta que as festas juninas de hoje servem para ver os netos dançando e afirma que nem de longe elas lembram as de antigamente., “Eram quermesse, festa caipira mesmo, com direito a vestido de chita”.

Maria Augusta Pedrosa, de 70 anos (Foto: João Garrigó)
Maria Augusta Pedrosa, de 70 anos (Foto: João Garrigó)
E a filha, Maria Augusta Pedrosa Filha, 39 anos   (Foto: João Garrigó)
E a filha, Maria Augusta Pedrosa Filha, 39 anos (Foto: João Garrigó)

Lembranças da fogueira em frente de casa, namoro para conseguir um par para dançar a quadrilha e até personagens como “xerife” e pai da noiva, são alguns elementos que foram tradicionais e se perderam, mas que ainda são recordadas por mãe e filha. Maria Augusta Pedrosa, de 70 anos e a consultora de vendas, Maria Augusta Pedrosa Filha, de 39 anos, que tem as festas de junho entre as preferidas.

Sem o mesmo encanto que as dos anos passados, ainda hoje procuram locais na cidade que tenham a festa, nem que seja apenas para ir comer e olhar a dança, mas sem o envolvimento que tiveram na juventude.

O motivo? A consultora explica: “Hoje a moçada só quer saber de festa universitária para beber. O jovem vem em uma festa junina e não tem nada para fazer, ficam sentados, é triste”, lamenta.

Outra reclamação de Maria Augusta é a musical. Em tempos de músicas com sílabas repetidas, como: “Piri, pipiri, pipiri, piri piradinha”, as caipiras, que lembravam a tristeza do jeca e a “Festa na Roça”, se perdem cada vez mais no meio dos sertanejos universitários. "Não tem mais pula fogueira, nem 'Olha a chuva', é só música da moda e o pior, ninguém dança".

“Sempre levei minha filha as festas, costurava o vestido com chita e rendas, hoje é tudo pronto, ninguém quer dançar, brincar, perdeu-se a inocência". Aos 70 anos, Maria Augusta relembra a época em que arrumava a filha para ir dançar e a empolgação que a festa trazia, mas hoje, o lamento é imenso quando vê o que a tal festa de São João se tornou, "Eu era feliz e não sabia”.

Dia 22 de junho - Bem, se o problema é tradição, no Casório do Ano a promessa é de uma festa aos moldes antigos, com simpatia para santo, bolo com alianças, caipiras e comida da roça. A festa do Lado B terá 9 barracas de comidas típicas, com cural, pé de muleque, arroz carreteiro, tapioca, churrasquinho e tudo mais que o mês de junho exige.

O arraial também será na rua, de graça, como quadrilha improvisada e música com a banda Forró Zen. A festa será na rua José Paes de farias, conhecida como Rua do Laticínio, no bairro Jacy, a partir das 17h.

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