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Comportamento

Em missa, celular é entregue no altar como prova de quem quer se livrar do vício

Paula Maciulevicius | 22/03/2016 06:45
Oferta queria levar os fieis à reflexão sobre a prisão tecnológica onde nós mesmos nos colocamos. (Foto: Alan Nantes)
Oferta queria levar os fieis à reflexão sobre a prisão tecnológica onde nós mesmos nos colocamos. (Foto: Alan Nantes)

Um celular "entregue" no altar no meio da missa na Paróquia Santo Antônio, em Campo Grande. O aparelho foi levado por um integrante da Tribo Amarela dos campistas da igreja como sinal de reflexão. Num ato simbólico, a oferta queria levar os fieis à reflexão sobre a prisão tecnológica onde nós mesmos nos colocamos. 

Idealizador do movimento, o funcionário público Adriano Carvalho Ramos, de 28 anos, explicou que a ação fazia parte do momento do perdão e que ali entregavam o que por vezes é o "culpado" por deixar a família e os amigos de lado.

"Nosso maior mal hoje talvez seja a tecnologia. O WhatsApp, o Facebook... Nós não temos tido mais conversa dentro de casa", avalia. Líder da tribo, ele descreve a entrega como quem assume o quão escravo da tecnologia se tornou.

Dividida em ritos, logo após a entrada, Adriano relata que no momento em que o padre fala do ato penitencial e pede perdão pelos pecados, foram colocados três artigos: a Bíblia, o celular e a bandeira do Brasil, que ultimamente divide o País, a família e os amigos, por conta do atual contexto político.

Idealizador do movimento, Adriano explicou que a ação fazia parte do momento do perdão.  (Foto: Alan Nantes)
Idealizador do movimento, Adriano explicou que a ação fazia parte do momento do perdão. (Foto: Alan Nantes)

"É raro a gente fazer um ato assim, foi um apelo menos. A cada cinco minutos a gente vê, até na igreja mesmo, as pessoas têm que olhar o celular. Até mesmo na missa. Acredito que tenha tocado muito as pessoas", descreve. O padre que realizava a missa abraçou a causa e complementou pedindo para que quem estivesse ali, deixasse um pouco, pelo menos na Semana Santa, as redes sociais de lado e ficasse mais com a família.

O celular foi recuperado em seguida e no ato, ninguém fotografou. Pelo menos não se manifestou em relação ao registro. Ao Lado B, um dos padres da paróquia e também psicólogo, Ed de Oliveira, diz que ainda conta com o bom senso dos fieis para que foquem na missa.

O período é "curto", 1h, 1h15 no máximo, dependendo da celebração. "Hoje a Organização Mudial da Saúde já classifica a dependência do celular e da internet como um transtorno. Se a pessoa não cuidar, é isso que acontece e na missa, a gente espera, quer que isso não interfira", afirma.

Em episódios onde ele conduzia o sermão, foram várias vezes a desconcentração vinda por conta do celular. "Aconteceu da pessoa atender e dizer em alto e bom som que não pode falar porque está na missa. É complicado", pontua.

Se fossem só as chamadas. Mas hoje é um olho no Whats e outro no padre. O celular foi devolvido ao dono, integrante da tribo ao final da missa e o recado, os organizadores esperam que tenha sido entendido.

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