ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 22º

Comportamento

Enquanto costura enxoval, Edilza vive encantamento de ser avó pela segunda vez

Paula Maciulevicius | 28/02/2016 07:23
Edilza e a boneca, uma de suas primeiras confecções. (Foto: Alan Nantes)
Edilza e a boneca, uma de suas primeiras confecções. (Foto: Alan Nantes)

Quando Edilza chegou ao ateliê de costura, o interesse era aprender a fazer caixas para facilitar a organização de casa. Quando os olhos encontraram o que ela descreve como tantas coisas bonitas, a jovem senhora aprendeu que ao emendar um tecido no outro, podia ver nascer "Chica", a primeira boneca para a primeira neta, Alice. O tempo passou e o propósito das idas ao ateliê, também. Hoje a costura constrói o enxoval de Cecília, a neta que está por vir, irmã de Alice e o motivo de tanta alegria para os olhos de Edilza. 

"Minha filha pediu para eu fazer uma colcha para a cama da Alice e um porta-fralda, a toalhinha de por na bandeja, um paninho para a garrafa térmica. Estou também bordando a letra "C" para o quadrinho do quarto", descreve a avó. Edilza Cazerta Goulart, tem 62 anos, é professora aposentada e hoje exerce uma das mais encantadoras funções, a de ser avó, mesmo que à distância.

O enxoval é para a decoração do quarto do bebê, em São Paulo, onde a filha mora há 18 anos e para onde vai o coração de Edilza cada vez que ela pensa nas netas. As peças começaram a ser feitas há pouco mais de um mês. Cecília já está no sétimo mês na barriga da mamãe.

Depois da boneca "Chica", avó agora prepara enxoval da segunda neta. (Foto: Alan Nantes)
Depois da boneca "Chica", avó agora prepara enxoval da segunda neta. (Foto: Alan Nantes)

"Nessa foto a Alice está conversando com a Cecília. Ela acha que ela está desmontada lá dentro e diz que quando o bebê sair, ela e a mãe vão montar a Cecília". Edilza conta e dá risada da pureza da neta tagarela.

Quando a agulha encontra o tecido, o pensamento de Edilza transpassa a costura. "Primeiro eu quero que fique tudo bonito. É muito agradável você trabalhar, ir emendando um tecido no outro e quando você vê, brota um produto, que você fez, à mão", descreve a avó.

"Quando eu estou quieta, sozinha, fazendo essas coisas, eu vou pensando nela e que coisa boa eu ter essa saúde para fazer isso, esperar a minha neta". Os olhos por trás dos óculos chegam a brilhar e passam um pouquinho do que sente a avó, na expectativa de ver Cecília vir ao mundo.

"Quando a gente casa, o padre fala na benção: que vocês possam ver os filhos dos seus filhos. Eu sempre tivesse essa vontade e assim eu vou pensando, é uma forma de eu esperá-la. Eu já estou amando a Cecília antes de ela nascer, nessa confecção". O tempo da costura é dividido entre o enxoval do bebê e a colcha para a cama de Alice. No coração da avó, cabe duas e muito mais.

Nas mãos, vai todo carinho de quem está de braços abertos para receber Cecília. (Foto: Alan Nantes)
Nas mãos, vai todo carinho de quem está de braços abertos para receber Cecília. (Foto: Alan Nantes)

Enquanto borda, Edilza pensa como Cecília será. Não há uma projeção física da cor de cabelos, dos olhos e também da personalidade. O que sobra é a felicidade de saber que uma terá na outra a primeira grande amiga.

"Eu fiquei muito feliz da minha filha ter duas meninas. É gostoso ser mãe de mulher e é muito bom ter uma irmã. A Alice vai ter uma irmã e eu penso que elas vão brincar muito. Gostaria que elas tivessem uma amizade e que a gente não pusesse disputa entre elas, porque comparação é a pior coisa que a gente pode fazer para uma pessoa".

Em duas ou no mais tardar, três semanas, o enxoval embarca para a capital paulista e com ele vai muito do sentimento da avó, da delícia de se ter netos.

"Quando a Alice nasceu eu senti, parece que a gente sente um encantamento. A palvra é essa: encantamento, de fada, daqueles de varinha de condão. Você muda, você fica encantada e esse encantamento ele vai mudar, porque o amor vai mudando. Os netos conquistam a gente. Você ouve: vovó vem cá. Vovó, eu gosto de você, do nada. Ninguém ensina".

Ser avó é o combustível que reacende quando o trabalho cessa, a vida entra numa rotina mais tranquila e traz o brilho e a vontade de continuar vivendo, de volta.

"Parece que na hora que a gente está murchando, o neto chega e te dá vontade de viver mais, de viver com saúde para poder desfrutar tudo. Eu leio história para a Alice e ela adora. Ela já chega, vem com o corpinho e encosta na gente. Leio historinha para ela um tempão. Isso renova a crença na vida, renova a vontade de viver e uma porção de coisas".

Curta o Lado B no Facebook. 

Nos siga no Google Notícias