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Comportamento

Especialista em brigas, namorada ciumenta aciona "suporte técnico" contra crises

Elverson Cardoso | 24/08/2015 06:12
Fofos, Sérgio e Luana se amam, mas vivem brigando.
Fofos, Sérgio e Luana se amam, mas vivem brigando.

O estudante de Engenharia da Computação, Sérgio Severo de Brito Filho, de 21 anos, estava no trabalho quando, no dia 20 de agosto de 2015, às 10h13, recebeu um e-mail.

“Bom dia,

Estava aqui mexendo no Github [plataforma de compartilhamento de códigos] e preciso saber como resolver um issue [“problema”] no relacionamento com você”.

Era a namorada, a acadêmica de Jornalismo Luana Afonso, de 22 anos, desesperada, abrindo um “chamado” de emergência com linguagem formal emprestada. O canal de comunicação do casal apresentava “problemas técnicos” há dois dias. Uma briga besta, por ciúme, havia posto fim ao relacionamento, pela milésima vez.

Mas bastou uma única solicitação dela pela internet para conseguir um retorno praticamente imediato da “central”.

“Bom dia, senhora Luana.

Para resolver esse issue basta seguir os seguintes passos:

Espere o horário do serviço terminar > Vá para casa > Almoce > Aguarde o namorado sair as duas da tarde > Aguarde ele chegar até sua residência > Mate a saudade > Resolva os problemas com calma > Poste uma foto com ele no Instagram.

Havendo dúvidas, sinta-se à vontade para entrar em contato”.

A resposta parece ter convencido a futura jornalista que, diante da situação, reconheceu o erro com ajuda de um “amigo-conciliador” e, por isso, propôs uma “saída fofa”, dez minutos depois, ainda por e-mail.

"Sérgio,

Conversei com o técnico em manutenção de relacionamentos, Paulo, e ele me explicou nossa situação com outros olhos. Consegui entender seu lado. Desculpa causar toda essa briga. Acho melhor você ir para sua casa e nos encontramos mais tarde para caminhar. O que acha?

Att,

Luana Afonso

Especialista em brigas"

No mesmo dia, às 10h42, Sérgio retornou o contato.

“Luana,

Nós, da equipe de namorado, agradecemos todo o apoio dado pelo técnico Paulo, que sempre se mostra imparcial, apesar da proximidade maior com o setor de namorada.

Abri um issue para com o setor de caminhadas de tarde e o mesmo foi respondido como "aceito", portanto entraremos em contato assim que o namorado estiver em casa.

Att,

Sérgio Brito

Especialista em voltar de términos."

Em agradecimento ao atendimento prestado, Luana enviou um terceiro e-mail, às 15h55.

"Sérgio,

Obrigada pelo suporte. Foi muito importante para a solução do problema. Fico no aguardo do contato para concluirmos o processo. Peço, gentilmente, um relatório de quantas mulheres entram em contato com o seu email/ramal. Envie com cópia para que seu chefe fique ciente do ocorrido.

Att,

Luana Afonso

Namorada que sentiu sua falta."

Apesar da evidente crise nesta última mensagem, o “chamado” deste dia foi resolvido online e em pouco mais de 6 horas e os dois reataram o namoro. O casal provou que tudo pode ser resolvido, quando o bom-humor dá lugar ao orgulho.

Luana, que não sabe nada de Engenharia da Computação, dá detalhes exclusivos da estratégia adotada.

“Usei duas expressões porque ele tinha me contado alguns dias antes sobre elas. Então mostrei que tinha prestado atenção no que ele falou. Não faço isso sempre, porque me distraio e ele fala muito”.

A solicitação dela não foi das mais comuns, mas o problema é recorrente, garante o acadêmico, que assume para essa entrevista a posição de namorado ou “especialista em voltar de términos”.

“Na verdade, nem me senti muito surpreso, apesar de ser a primeira vez assim. Ela já terminou tanto comigo que já voltamos de todas as formas que você possa imaginar. Mas essa do e-mail gostei bastante. Ela sabe que eu amo quando ela entende as coisas que eu falo sobre tecnologias e esse tipo de coisa de que sou apaixonado, assim como ela ama quando eu falo coisas jornalísticas para ela, tipo: ‘me coloca na pauta de hoje e faz uma entrevista comigo no cinema’”.

O casal junto e feliz, apesar de terminarem toda semana, diz o amigo.
O casal junto e feliz, apesar de terminarem toda semana, diz o amigo.

Amor de gato e rato - Sérgio perdeu as contas de quantas vezes voltou com Luana. “Foi muito mesmo. Desde términos de 10 minutos, uma hora, um dia, por telefone, Whats ou conversando no quarto. Uma vez ela terminou comigo dentro do carro, no meio da Afonso Pena, e desceu. Deu uns 10 minutos eu achei ela andando pelos arredores, acho que procurando um jeito de ir embora. Gritei e ela veio toda orgulhosa. Deu uns 5 minutinhos a estressadinha estava sentada ao meu lado sem nem lembrar porque tinha brigado”, conta.

Ele diz que aprendeu a lidar com ela na base do equilíbrio; se descreve como alguém “extremamente calmo e muito paciente”. Enquanto que a namorada é, nas palavras dele, "muito emocional” e, sem dúvida, muito ciumenta. “Muito é pouco para o ciúme que ela tem. Eu não entendo de signos, mas, de acordo com ela mesma, é porque é Escorpião com ascendente em Escorpião. Pelo que li, é muito hard”, brinca.

A “especialista em brigas” não esconde seu lado mais “sensível”, digamos assim. “Brinco que preciso de tratamento para o ciúme. E é incrível porque eu sempre fui a desapegada, sabe? Mas com ele foi diferente desde sempre. [...] Acho que nunca tinha gostado de verde de outro. [...] Um pouquinho também é culpa do meu signo. Sou de Escorpião e acabo tendo ciúme de tudo o que gosto”, justifica, ao comentar a frequência dos arranca rabos.

“Acho que a cada 15 dias temos brigas, feias para mim. Ele diz que já nem liga porque, para ele, é certo que a gente volta. [...] No começo do namoro, eu brigava todo dia, mas hoje já me controlo bem. Acho que já passamos uma semana sem brigar”.

O início - Sérgio e Luana se conheceram em 2011, em um trotena faculdade, logo que viraram calouros na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Com 11 dias, estavam namorando.

Eles estão juntos há quatro anos e 5 meses e, acredite, terminam pelo menos uma vez por semana. A informação é do jornalista Paulo Victor, 26, que acompanha de perto essa história de amor e, neste caso, ocupa a função de “técnico em manutenção de relacionamentos”.

É que ele trabalha ao lado de Luana e, por força da amizade, acaba ficando no meio das crises semanais. “Na maioria das vezes eu concordo com ela, mas falo para deixar de ser doida e voltar com o menino”, relata.

Química perfeita - Mas existe amor nessa relação, acrescenta Paulo. Não há dúvidas disso, reforça a ciumenta declarada. “Existe mais que isso. Existe carinho pele, magnetismo. Existe algo além de tudo isso. É incrível como a gente dá um jeito de fazer dar certo. Tudo caminha para nós dois juntos, sabe?!”.

Casados? “Deus me livre a gente junto desse jeito. Não, brincadeira, não sei de plano. A gente não fala em casar porque eu não sonho com isso. Mas vamos ficar juntos sim. Não somos de programar nada. Deixamos acontecer como tem que ser. Ainda somos estudantes. Temos sonhos de viajar e fazer várias coisas antes desse negócio de juntar acontecer”.

O discurso dele é alinhado ao dela. “Não temos planos concretos, tipo casar e ter filhos, mas temos sonhos e sei que podemos realizar porque damos muito duro e sempre ficamos juntos. Ela que ir à Disney de novo. Queremos conhecer o mundo todo, nos realizar profissionalmente e tudo o mais. E sei que vamos conseguir o que quisermos enquanto continuarmos nos apoiando”.

Até lá muitos “chamados” podem ser abertos porque a solução, diz Sérgio, é praticamente certa. “[...] Hoje em dia nem ligo para os mil términos. No final a gente sempre fica juntos, porque sempre nos amamos muito e do nosso jeito”.

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