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Comportamento

Evangélico cobra o direito de ser contra homossexualidade e falar publicamente

Ângela Kempfer | 30/09/2014 16:50
Adriano diz que não gosta que o filho veja novelas, porque "sempre tem um casal homossexual", como os personagens da foto.
Adriano diz que não gosta que o filho veja novelas, porque "sempre tem um casal homossexual", como os personagens da foto.

A vida gay é decididamente o assunto do momento no Brasil. Até a campanha eleitoral ganhou outros contornos por conta da posição dos candidatos à presidência. O politicamente correto é defender a igualdade, e quando alguém se levanta contra essa bandeira, também deixa a questão no ar: Qual o limite entre liberdade de expressão e homofobia?

Hoje, o coordenador de marketing, Adriano Hany, resolveu postar no Facebook o seguinte texto: “Poxa, dentro desta coisa louca que anda acontecendo sobre homofobia ou heterofobia,eu não posso nem dizer que sou contra? Isso me torna uma pessoa que odeia a outra? Acho que falo por muitos quando digo: ‘eu só quero neste momento ter o direito de achar que não está certo’".

Em algumas horas, a discussão já tinha mais de 100 comentários. O debate foi longe, com muitos argumentos contra, do tipo “Religião é religião. Civilidade é civilidade” ou “ Você não precisa achar certo, mas não deve condenar o que ele escolheu fazer da vida dele”, "Mas, e se o seu vizinho João, que é estéril, casar com a estéril Maria?
Serão uma família?" e "Respeito todas as diferenças. Não é o fato de ter amigo gay que me credencia a julgar certo ou errado a atitude alheia. Aliás, nada me credencia a julgar o que os outros fazem de certo ou errado com a vida deles."

Também apareceram alguns depoimentos favoráveis: "Tem meu apoio Adriano Hany" ou ”Eu vejo um cara de 2 metros com batom na boca e sou obrigada achar normal...Ele pode usar quanto batom ele quiser, mas daí eu ser obrigada achar certo? Negativo!”

Outros preferiram ficar na turma do deixa disso. “A primeira regra da tal boa convivência é respeitar a maneira do outro pensar, mesmo supostamente errado ou estúpido que seja”.

A decisão de publicar o desabafo ocorreu depois do linchamento virtual do candidato a presidência Levy Fidelix (PRTB), que durante debate em rede nacional associou homossexuais à pedofilia, propôs “coragem” para “enfrentar a minoria” gay e ainda deixou todo mundo surpreso ao falar que “aparelho excretor não reproduz”.

“O Fidelix foi a gota d’água, tem muita gente que pensa como eu, mas tem medo de falar. Vi muita gente ofendendo ele, até a OAB quer pedir para impugnar a candidatura do cara. Me dei conta de que tudo que falamos no sentido de não concordar vira uma fuzarca danada. Dizer que não concordo que uma família possa ser formada por dois homens em matrimônio ou duas mulher não pode ser tomado como homofobia. Eu não odeio essas pessoas, não quero o mal ou vou desprezar...Só não concordo e vou tentar mostrar sempre para o meu filho que esse não é o modelo”

Para Adriano, a diferença entre homofobia e liberdade está no tom. “Tenho uns dois amigos que são homossexuais hoje e gosto demais deles, talvez sejam até mais inteligente, talentosos e trabalhadores que eu... Não odeio eles, só não acho certo e só, não os odeio, pelo contrário, gosto demais da amizade deles. Agora, por favor, gostaria de manter o meu direito de poder dizer que acredito que a família seja constituída por homem e mulher e futuros filhos. Posso ter esse direito sem que alguém comece a me chamar de isso ou aquilo?”

Membro da 1ª Igreja Batista de Campo Grande, ele também defende os pastores que normalmente são considerados radicais. “Eles estão sendo fieis à Bíblia, onde Jesus deixa claro, nas suas próprias palavras que o homem que se deita com homem é abominação”, repete Adriano.

Aos 37 anos, ele diz estar muito preocupado com a forma como o assunto é tratado hoje no Brasil e, inclusive, não gosta que o filho assista novelas, porque a homossexualidade é um tema recorrente nos dias de hoje. “A família que a igreja acredita está sendo atacada e questionada. Tudo esta parecendo normal...Eu não consigo achar normal que um homem case com outro, ou mulher com mulher.. Simples assim...isso quer dizer que eu odeio quem faz? Não, de forma alguma..só que para meu filho eu explico que não é certo. Tento não deixar que ele veja novelas, porque hoje toda novela tem um casal homossexual”

Sobre o risco de tais afirmações incitarem a violência, Adriano diz estar tranquilo. “A opinião leva ao debate e a clareza de posição. Não vejo que pode aumentar, porque sinceramente acho que a maioria da sociedade não sente ódio, apenas não concorda. Os que odeiam já fazem parte de um grupo que têm outros problemas”.

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