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Comportamento

Exagerado ou estranho, tudo é questão de estilo no comércio popular do Centro

Lado B | 10/12/2013 06:08
Árvores dançantes.
Árvores dançantes.

Na porta de várias lojas de presentes e utilidades no Centro de Campo Grande, uma das novidades de chamar atenção é o balde com água e um bicho cabeludo, cinza, rodando em uma bolinha. “É uma lontra, por R$ 11,90”, explica a vendedora, sugerindo como "o presente" para este Natal.

O brinquedinho movido à pilha confunde antes da explicação sobre o que realmente é aquilo ali no chão. “Parece um rato d’água, de verdade”, diz a manicure Gislainy Benitez, parada ao lado do balde. “É cada coisa que inventam”, comenta.

Nos braços, ela já carrega duas sacolas pequenas e um guarda-chuva que pouco antes comprou por R$ 10,00, na esquina da rua 14 de Julho com a Barão do Rio Branco. O que mais tem nos pacotinhos são unhas postiças, cílios postiços e uma pulseiras ultra coloridas. "É para as festas de fim de ano", justifica.

Sozinha, ela diz que costuma passar pelo CXentro sempre na segunda-feira, o dia de folga no salão do bairro Carandá Bosque. “É legal, sempre tem uma novidade. O problema é que a gente acaba gastando sempre”.

Se durante o ano já é uma diversão bisbilhotar nas gôndolas do comércio popular de Campo Grande, imagine em época de Natal. O mais divertido é a quantidade de objetos estranhos, aparentemente fadados ao encalhe, mas que sempre encontram um comprador.

Bolsa de laço e ainda com brilho.
Bolsa de laço e ainda com brilho.
Apitos em conchas, por R$ 1,50.
Apitos em conchas, por R$ 1,50.

Na decoração natalina, uma das árvores mais parece um monstrinho verde de gorro e luvas vermelhas. È tão feia e sem forma, que fica difícil imaginar alguém disposto a pagar R$ 30,00 pela coitada. Mas sempre tem alguém para elogiar. “Achei tão bonitinho. Olha, ela dança”, justifica a mãe ao lado da filha que emenda: "Só não dá pra comprar porque é muito cara".

No amontoado de objetos em outra loja da rua Calógeras, há até apito dentro de conchas, por R$ 1,50, um montão deles. A vendedora “jura por Deus” que alguém “sempre passa e compra”. "É o preço de um picolé", argumenta.

Copos parecem garrafas cortadas.
Copos parecem garrafas cortadas.

Na 14, a loja coreana tem uma infinidade de bolsas, cópias de grifes famosas. As de colorido mais discreto, ficam em evidência, mas a mulherada parece gostar das cheias de detalhes. "Leva essa mãe, porque dá para usar de noite e de dia", avalia a filha sobre a peça cheia de letras e fivelas douradas, uma dica para mãe com aparentemente uns 40 anos.

A peça mais "enloquecida de todas" é um vermelha, com laço enorme e ainda o arremate de pedrarias, por R$ 25,50. Ali, meio largada,  qualquer um pode confundir com um enfeite natalino até verificar de perto. Chegou com outras do mesmo modelo, mas só restou uma.

O copo de plástico, com fundo que imita uma tampinha de Coca-Cola também é horrível, mas vende. "Se comprar uns 5, dá um presente legal, criativo", diz a costureira Tereza Marcondes.

É uma opção, assim como o relógio em formato de melancia, uma infinidade de bijuterias extravagantes, as carteiras douradas e em diferentes cores na estampa oncinha. Para a casa há até caixas para armazenar roupas sujas, em versões vibrantes e estampas de animais.

É tanta coisa que parece impossível organizar tudo aquilo diariamente. Tem de bolsa a panela, mas além dos objetos estranhos, também há peças bacanas e baratas, principalmente utilidades domésticas.

Na rua Dom Aquino, a maior loja popular entre a 14 e a Calógeras, tem tudo muito bem organizado, talvez por isso, seja mais fácil encontrar peças interessantes, menos extravagantes e também bons presentes.

Há garrafas de vidro coloridas, bem ao estilo retrô, por R$ 21,00 ou o conjunto de pequenas canecas, por R$ 5,00 cada e cumbucas de colorido original, por R$ 8,00.

Mas, sobre as preferências, nada é mais verdadeiro que a velha história: “O que seria da oncinha, se todo mundo usasse o pretinho básico”.

"A lontra", brinquedo que se move na água.
"A lontra", brinquedo que se move na água.
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