ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, TERÇA  19    CAMPO GRANDE 27º

Comportamento

Fernando não voltou da viagem que apagou os sonhos de um guitarrista talentoso

Thailla Torres | 23/01/2017 07:10
Fernando era conhecido pelo talento como barbeiro e músico em Campo Grande. (Foto: Reprodução Facebook).
Fernando era conhecido pelo talento como barbeiro e músico em Campo Grande. (Foto: Reprodução Facebook).

Fernando Oliveira de Freitas, de 35 anos, estava em um dos lugares que mais adorava: a praia. Mas os quatro dias, que pareciam ser de alegria, foram interrompidos pela angústia do desaparecimento dele no mar do Paraná. Quando a pior notícia finalmente chegou, já tinham partido os sonhos do amigo querido e profissional admirado pelo talento na música e na barbearia.

Na sexta-feira, um show no bar Holandes Voador foi a homenagem ao guitarrista que durante 8 anos tocou na banda Secondfase.

O vocalista Renato Alencar, de 32 anos, fala da admiração pelo amigo. "Não é porque ele se foi, mas para quem está na cena underground de Campo Grande e dentro do estilo hardcore, Fernando era um dos caras mais talentosos. Ele fazia e acontecia na música, tirava um som como ninguém em questão de minutos.

O sujeito conhecido pelo bom humor deixou nos amigos a vontade de continuar tocando. "Apesar da tristeza, a gente vai tocar por ele, tenho certeza que onde ele estiver, era na música que ele gostaria sempre de estar", diz Renato.

 Fernando deixou a namorada, três filhos, e muitas dúvidas sobre as circunstâncias da sua morte.

A voz da irmã Juliana de Freitas, 37 anos, é interrompida pelo choro ao recordar as últimas palavras do irmão enviadas pelo celular, e que descreviam a emoção de estar na praia. "Esse lugar é surreal", reproduz. Ela conta que no último contato feito, no dia 8 de janeiro, Fernando disse que pegaria um táxi para ir até rodoviária. Antes, que teria deixado a mala e os objetos pessoais em uma conveniência de um cara muito ''legal'', para passear na praia e se despedir.  

"O último contato foi por volta das 19h35. Quando foi 23h mandei mensagem pelo Whatsapp, ele não visualizou, mas a mensagem foi entregue, até então ele estava com internet. Ele afirmou que viria embora para trabalhar. Mas na segunda-feira, sem contato, minha mãe ligou para saber dele. O guarda do condomínio disse que havia visto o meu irmão na cidade, então ficamos tranquilas. Mas provavelmente ele se confundiu".

Fernando ao lado dos amigos e integrantes da banda Secondfase, em que foi guitarrista durante 8 anos. (Foto: Reprodução Facebook)
Fernando ao lado dos amigos e integrantes da banda Secondfase, em que foi guitarrista durante 8 anos. (Foto: Reprodução Facebook)

No trabalho, ele também não havia aparecido e a preocupação aumentou. "Imaginamos que ele estivesse com alguém. Meu irmão era uma pessoa incrível, conquistava as pessoas, tentamos não pensar no pior. Mas quando ele não apareceu, fomos até a delegacia registrar boletim sobre o desaparecimento".

O corpo de Fernando foi encontrado na praia no dia 9 de janeiro, mas a família só teve notícias no dia 17. Pela internet, um dos parentes leu a notícia que um corpo havia sido encontrado no balneário de Matinhos, no litoral do Paraná.

Agora a família vive a angústia de conseguir trazer Fernando para ser velado em Campo Grande. "A gente já correu atrás de tudo, mas quando foi para liberar o corpo, o atestado de óbito estava com o nome dele errado. O procedimento será feito nessa segunda-feira", conta.

Juliana e a família procuram respostas para a partida tão repentina. "É uma dor que a gente nunca havia sentido. Minha mãe não usa mais o celular e não quer contato com ninguém. Arrancaram um pedaço da gente, não sabemos exatamente o que aconteceu", descreve. 

Juliana imagina que tenha sido um acidente, já que não foi encontradas marcas de violência, mas ela carrega a dúvida diante da falta dos pertences do irmão. "Não encontramos a mala, documentos e nem celular. Ninguém sabe onde estão", lamenta.

Fernando ganhava dinheiro como barbeiro na cidade há 1 ano e meio. Mas era admirado pelo dom da música. Tocava guitarra e contra-baixo como ninguém. Tudo continua intacto na casa onde morava com a mãe. 

"A gente se divertia muito com ele. Viajamos de ônibus e fomos rindo o caminho todo. Ainda leio minhas conversas com ele no celular, era só alegria. Meu irmão era como um filho para mim. Morou comigo e a nossa família era tudo para ele", conta.

Curta o Lado B no Facebook. 

 

Nos siga no Google Notícias