ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, TERÇA  19    CAMPO GRANDE 26º

Comportamento

Filhos vem cedo, avós vivem mais e geração consegue conhecer até o tataravô

Paula Maciulevicius | 11/08/2013 07:12
Aos 79 anos, seo Agripino conseguiu chegar a quarta geração, o tataraneto de 7 meses retrata como serão as fotos de família de quem viveu mais para ver os filhos dos filhos dos filhos. (Fotos: Marcos Ermínio)
Aos 79 anos, seo Agripino conseguiu chegar a quarta geração, o tataraneto de 7 meses retrata como serão as fotos de família de quem viveu mais para ver os filhos dos filhos dos filhos. (Fotos: Marcos Ermínio)

Ele, 79 anos. Ele, quatro vezes mais novo, 7 meses. Os contrapontos de uma época em que se ter filho mais cedo e viver bem mais traz para a mesa de domingo o tataravô na cabeceira. Famílias com as quatro gerações que vai além de uma foto em preto e branco no porta-retrato. O que antes foi um dia brincadeira de criança ao dizer nos tempos do meu ‘tatataravô’ é realidade. Eles, como ‘seo’ Agripino, alcançaram ser pai quatro vezes e podem até chegar a ver o filho de seu tataraneto. “Agora daí para frente eu não sei nem qual mais é”, brinca ele. E a gente não sabe mesmo. Seria um ‘tatataraneto’?

Agripino Rodrigues da Silva se criou e trabalhou em fazenda. Nos tempos passados, viveu o que era o comum da época, perdeu os pais ainda criança e foi criado pela vida. Os mesmos olhos que mal recordam da mãe veem agora o filho do filho do filho do filho. A árvore genealógica chegou até Wagner Lucas, o tataraneto de 7 meses.

“Era o que eu sonhava, eu não esperava que eu ia alcançar, mas foi e graças a Deus e com saúde”, joga aos quatro cantos. É na simplicidade que talvez esteja o segredo do tataravô. Ele diz que faz questão de andar ‘limpinho’ daquele jeito: de camisa, calça social, sapato e chapéu. É perfume pra mais de três gerações.

Ser pai quatro vezes também ‘amaciou’ seo Agripino. A educação dispensada aos filhos e netos foi uma. Já quando vieram os netos dos filhos ele se permitiu curtir mais o mimo, com o tataraneto então, nem se fala.

“Sou até meio passado de tanto carinho. É aquela coisa, a gente começa com os filhos e no momento que eles são criados é com muito respeito. É uma coisa de homem pra homem e não é que você pode ser pai pra toda vida. Com netos foi a mesma coisa, mas os bisnetos já estão tudo criados e o que eu sinto? Um calor que a gente sente gostoso. A gente passa por tanta coisa ruim que é muito bom alcançar aquela emoção tão grande que a gente não espera e de repente aparece, é ser tataravô”. O relato descrito aqui é exatamente o que o ‘seo’ Agripino diz. Longe de qualquer edição, o tata parece ter nascido com o dom das palavras.

O tataraneto é filho de Nathany Cintra, de 18 anos, que é filha de Wagner Silva Pereira e Jeane Cintra, neta de Ademildes Silva Pereira, que por sua vez é filha do ‘seo’ Agripino. Entre os filhos, dos filhos dos filhos, o neto do aposentado já é falecido. Wagner Lucas tem o primeiro nome em homenagem ao avô que morreu em um acidente de moto em 1998.

Agripino solta a risada quando em meio de cinco filhos, 14 netos, 13 bisnetos e um tataraneto, pergunto quanto tempo quer viver pra ver os netos dos netos. “É uma pergunta bem gostosa de se fazer. Pelo menos mais uns 10 se eu continuar com a saúde que eu tenho”.

Vivendo mais com uma juventude que é pai mais cedo faz com que Agripinos vejam tataranetos vindo ao mundo.
Vivendo mais com uma juventude que é pai mais cedo faz com que Agripinos vejam tataranetos vindo ao mundo.

Na foto, digna de ser chamada de família, as quatro gerações: Agripino, Ademildes, Jeane, Nathany e Wagner, que seguiram o conselho do patriarca. “Na minha família tem de tudo, mas não tem ladrão e nem desordeiro. É o meu conselho, dei para meus filhos isso e são tudo gente das finas, é andar no caminho bom sempre, não para a esquerda, mas nas direitas da vida”, relata.

A privilegiada é Nathany, a primeira entre o rol de amigos que vai conseguir educar o filho ao lado do bisavô. O que era distante hoje está dentro da casa dela. “Eu nunca achei que fosse chegar, é difícil né?” A bisavó dela completa “aqui é geração de avós cedo, tudo nova”, brinca.

E se a saúde do ‘seo’ Agripino permitir e a última geração dele até agora tiver filho aos 20 anos, é bem possível que ele que hoje tem 79 anos e o tataraneto 7 meses se encontrem com a quinta geração dos Rodrigues da Silva, o ‘tatataraneto’.

Aos 100 anos, ‘seo’ Antônio Modesto de Medeiros, com ‘s’ no final, como ele mesmo faz questão de frisar é, por enquanto, só bisavô. Mesmo centenário ele ainda não chegou a ser pai quatro vezes e esbarrou em ser biso. Lúcido, conversa de causos a verdades e carrega nas palavras o amor que tem pela vida.

“A vida anda como ela quer e não como a gente quer”, prega. Cuidado pela neta, Rosimar Rodrigues Garcia, 43 anos, ela que se define como ‘muito família, ensinou os mesmos valores aos filhos e hoje vive admirada com o carinho prestado ao senhorzinho de um século.

Com 13 filhos, mão não é suficiente para contar nos dedos os netos e bisnetos que levaram Antônio a ser pai três vezes. Não considero nem um avô, eu vejo de outra forma, é mais do que um avô, mais do que um pai, é um carinho que a gente vai pegando com o passar dos anos”.

O soprar das velinhas do primeiro ano de vida dentro de um século vivido será em dezembro, dia 25. “Falei que a gente vai fazer a decoração dos 101 dálmatas”, brinca Rosimar. Em comemoração a vida, a longevidade e ao que o encontro de gerações proporcionou para nós hoje. Vivendo mais com uma juventude que é pai mais cedo faz com que Agripinos vejam tataranetos vindo ao mundo.

Aos 100 anos, ‘seo’ Antônio Modesto de Medeiros com 13 filhos, mão não é suficiente para contar nos dedos os netos e bisnetos. (Foto: Cleber Gellio)
Aos 100 anos, ‘seo’ Antônio Modesto de Medeiros com 13 filhos, mão não é suficiente para contar nos dedos os netos e bisnetos. (Foto: Cleber Gellio)
Nos siga no Google Notícias