ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 22º

Comportamento

Fumantes perturbam, mas também sofrem com ataques de quem não suporta cigarro

Elverson Cardozo | 07/06/2014 07:53
Combate ao tabagismo é válido, mas fumar não é crime. (Foto: Marcelo Victor)
Combate ao tabagismo é válido, mas fumar não é crime. (Foto: Marcelo Victor)

Tem gente que ama, não fica sem, mas outros não suportam nem o cheiro do cigarro. A briga entre fumantes e não fumantes parece eterna, se arrasta e, pelo visto, nunca vai ter fim. Quem mantém o vício sabe das consequências, está careca de ouvir conselhos (mesmo quando não pede) e se deparar com campanhas publicitárias, inclusive aquelas que vem atrás dos próprios maços.

O combate ao tabagismo é válido, afinal de contas, o hábito não faz bem à saúde e isso já foi dito à exaustão, mas, uma coisa ninguém pode negar: fumar cigarro não é crime e, quem gosta, tem todo o direito de dar uma tragada, respeitando, claro, o espaço do outro. Afinal de contas, o fumantes passivos, segundo o Ministério da Saúde, também sofrem os efeitos imediatos da poluição tabagística ambiental.

O ar poluído, divulga o órgão, “contém, em média, três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono, e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que entra pela boca do fumante depois de passar pelo filtro do cigarro”.

A maioria dos fumantes sabe disso e, respeita, se afasta quando vai acender um cigarro e procura não incomodar quem quer que seja. O problema é que, muitas vezes, aquele que não fuma, não tem a mesma consciência e se acha no direito de dar sermão, atacar e até partir para a ignorância.

O Lado B levou a discussão às ruas de Campo Grande, para ver o lado de quem sofre ataques assim que a fumaça aparece. Fumante desde os 15 anos, a vendedora Valquíria da Costa, 28, já se acostumou os olhares atravessados e às caras de nojo quando pega o cigarro, mas como sabe que a fumaça não agrada a todos. “Eu saio porque sei que incomoda e também para evitar briga. Não vou aguentar apanhar de um monte de gente em um ponto de ônibus”, diz.

Fumante desde os 15, Valquíria já ouviu sermão. (Foto: Marcelo Victor)
Fumante desde os 15, Valquíria já ouviu sermão. (Foto: Marcelo Victor)

O chato é notar que alguns perturbam, discursam, mesmo quando a bituca está apagada, guardada dentro da carteira. Em alguns grupos, o fato de ser fumante acaba, por si só, gerando um constrangimento social. Neste caso, Valquíria é prática. “Os incomodados que se mudem”, avisa.

“Eles falam que prejudicam a saúde e eu falo que o dinheiro é meu, a vida é minha e quem fuma sou eu. Fumo com meu dinheiro e ninguém tem nada a ver com isso”, dispara uma adolescente de 15 anos, que compra cigarros há 1 e anda de saco cheio de situações com essa.

Adriano Alexandre, de 20 anos, também reclama da “perseguição”, relata casos parecidos, e comenta que está ficando cada dia mais difícil fumar em paz. O governo também tem fechado o cerco.

No dia 31 de maio, dois anos e meio depois da Lei Antifumo ser publicada, a presidente Dilma Rousseff assinou o decreto que regulamenta a norma e proíbe o fumo em locais fechados e de uso coletivo, veta qualquer propaganda no País, amplia os alertas nas embalagens e acaba, inclusive, com os fumódromos. Uma regra que já existia em Campo Grande.  “Então tinha que proibir de uma vez”, protesta o rapaz.

“Estão tratando o cigarro como maconha”, afirma, indignado, o vendedor autônomo Francisco Everton dos Santos Jales, de 21 anos. Fumante há 4, desde os 17, ele conta que, de tanta “chateação”, sente-se constrangido porque, em alguns locais, acaba sendo apontado.

Nos siga no Google Notícias