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Comportamento

Gentil todos os dias, "Alicate" ganha fama de motorista mais simpático da cidade

Adriano Fernandes | 09/03/2016 06:34
Há quinze anos Edemir é motorista de ônibus e fez da simpatia um diferencial na rotina de trabalho.
Há quinze anos Edemir é motorista de ônibus e fez da simpatia um diferencial na rotina de trabalho.

Dos 15 anos de profissão, há pelo menos 10 o simpático Edemir Ferreira da Silva, de 40 anos, trabalha como motorista de ônibus em Campo Grande. Mas não foi só graças ao tempo de experiência que ele ficou conhecido em algumas das linhas que chegam até o Terminal Júlio de Castilhos.

Para quem embarca nos ônibus que saem em direção ao Jardim Carioca, UCDB e Indubrasil, ele faz questão de desejar um “bom dia”, uma “boa tarde” e sempre com um sorriso largo. Gesto simples, cortesia quase que obrigatória, mas como pouca gente tem tempo pra isso hoje em dia, o exemplo dele chegou ao Lado B enviado por um passageiro.

Todos os passageiros dos ônibus onde Edemir é motorista são recebidos pelo jeito simpático do motorista.
Todos os passageiros dos ônibus onde Edemir é motorista são recebidos pelo jeito simpático do motorista.

Tanto carisma fez a fama de “Alicate”, apelido para os mais íntimos. O primeiro contato com o ofício ele teve ainda quando criança, por incentivo do pai que era cobrador. “Por 35 anos meu pai foi cobrador de ônibus na Viação Campo Grande. De vez em quando, ele me levava nos trajetos e a única coisa em que eu mais prestava atenção era o trabalho dos motoristas”, lembra. 

Desde então, ele conta que decidiu fazer do fascínio a sua profissão. Mas até lavador de coletivos ele já foi, antes de conseguir a tão sonhada Habilitação.

Por cinco anos, ele também atuou no transporte rodoviário em viagens para cidades como Cuiabá e Presidente Prudente. Desse período, ele recorda do aprendizado que virou hábito que ele preserva até hoje.

“Foi durante esse tempo em que fui motorista em viagens interestaduais, que eu aprendi a dar esse tratamento individual para cada passageiro. Sei que é algo simples, mas que eu não quis deixar de praticar quando voltei para o transporte coletivo urbano”, comenta.

Mesmo com a rotina intensa de trabalho, ele garante que nenhum passageiro fica sem ser cumprimentado ao entrar no seu ônibus. Desde às 5h35 ele já está na ativa, pelo trecho da linha 421 no Jardim Carioca. O final do expediente, às 16h40, é no ônibus 413, entre o Indubrasil e o terminal que ele leva seus passageiros.

Mas entre 10h10 até 11h40 ele um dos motoristas que transportam os passageiros do percurso entre o Terminal Júlio de Castilho e a universidade UCDB. O trajeto é um dos mais movimentados e o Lado B conferiu de perto tanta simpatia, ontem, no dia em que toda mulher merecia atenção redobrada.

Como o próprio Edemir diz: da um aperto de mão, um sorriso não custa nada para ninguém.
Como o próprio Edemir diz: da um aperto de mão, um sorriso não custa nada para ninguém.

A maioria estudantes, cada uma das passageiras foi recebida por um saudoso “Feliz Dia da Mulher” ou “Parabéns pelo seu dia”. Mas o bom tratamento é diário e quem elogia são os próprios passageiros.

Uma das “fiéis” na linha 474, a estudante de Fisioterapia, Nayane Silva, de 20 anos, conta que a intimidade é tanta que a relação virou amizade. “É legal essa gentileza porque contagia todo mundo. Tem dias em que é normal você estar para baixo, mas ele acaba animando os passageiros. Sem falar que ainda cobra lanche”, brinca.

A estudante de Ciências Biológicas, Neila Arruda, de 17 anos, também se diverte com o jeito extrovertido, mas se queixa por ele, infelizmente, ainda ser uma exceção no ramo. “É um dos poucos motoristas que é simpático dessa forma. A grande maioria simplesmente fica com uma cara feia, que só vendo”, ri.

O jovem Julielson Arruda, de 19 anos, também é um dos estudantes que elogia o diferencial. “Eu venho por essa linha todos os dias e são vários motoristas, mas neste horário, ele é o único que trata tão bem os passageiros. Que cumprimenta, ri, faz ´graça`”, conta.

Edemir comenta que foi depois de um pedido dele, atendendo a uma queixa dos próprios passageiros, que a linha 474 hoje em dia tem um ônibus com capacidade maior. De aproximadamente 90 passageiros.

Mas assim como acontece em todo coletivo, ele conta que superar o limite máximo é comum e até brinca que seu ônibus é que nem coração de mãe. Sempre cabe mais um. Nem mesmo quem acaba perdendo o horário de espera no ponto, como a estudante Sallene Maciel, de 32 anos, fica para trás.

O "Alicate" fez questão de esperar a passageira atrasada, chegar correndo ao ônibus. “Já é difícil depender do transporte público que é sempre lotado e, ainda mais, nesse calor. Mas atitudes como essa amenizam as dificuldades”, completa sorridente.

Edemir jura que não se vangloria pela simpatia, mas admite que a retribuição dos passageiros, por mais simples que seja, é o que o motiva no trabalho. Desde a senhora que se impressiona num primeiro momento, mas também agradece sorridente, até os estudantes que fazem questão de dar um aperto de mão.

Mas até bolo de aniversário ele já ganhou. “Ainda quando eu era motorista rodoviário, a dona de um bar me deu um bolo no dia do meu aniversário. Mas já ganhei café, lanches”, recorda.

A profissão ele garante não abandonar tão cedo e muito menos o jeito simpático de ser e trabalhar. “Todo mundo gosta de ser bem tratado. Não custa nada, dar um bom dia, um boa tarde ou um sorriso, para quem quer que seja", conclui. 

Esta matéria foi sugerida pelo senhor Gervásio Ramos, ex-passageiro de Edemir quando ele ainda era motorista no itinerário de um ônibus no Jardim Zé Pereira, em Campo Grande. 

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