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Comportamento

Há 50 anos máquina acompanha alfaiate e vira solução contra a tristeza

Anny Malagolini | 01/06/2014 07:39
(Foto: Marcos Ermínio)
(Foto: Marcos Ermínio)

A sala estreita mais parece um corredor onde facilmente se vê o fim. O espaço tem 1,30 metro de largura e, ao fundo, a cena é a mesma há décadas: um alfaiate sentado, acompanhado pela estimada máquina de costura, uma Singer de 50 anos.

Adair Dutra, de 67 anos, tem a costura como ofício desde os 12 anos, quando se “infiltrou” em um curso específico, que na época oferecia aulas na rua 14 de Julho. Então, ele abandonou os estudos na terceira série e resolveu se dedicar apenas ao trabalho.

A sala pequena, segundo ele, é o espelho do número de clientes que resistiram ao tempo. Mas antes não era assim, garante. Em um prédio maior, era cercado por ternos e roupas luxuosas que fazia para a alta sociedade de Campo Grande.

O espaço tinha entre os frequentadores, por exemplo, os ex-deputados Gandi Jamil e Celina Jallad. A lembrança vem com orgulho, como se o cliente fosse sinônimo de satisfação pessoal.

A máquina de costura é toda em ferro, ainda movida a força dos pés. Adair conta que comprou o equipamento usado e ela se tornou sua fiel companheira. Além de tesouras e alfinetes, é ela quem o ajuda nos trabalhos da costura em dias de aposentadoria.

Há oito anos ele alugou a pequena sala e passa os dias ali, fugindo do ócio e de qualquer tristeza que a aposentadoria possa trazer à tona. Hoje, o alfaiate vive de reparos e consertos, com serviços a partir de R$ 10,00, valor bem menor do que cobra para confeccionar um terno. “O preço é R$ 800,00, mas hoje ninguém quer pagar. Todos acham caro. Não sabe como é trabalhoso”, lamenta.

O alfaiate atende de segunda a sábado, a partir das 9 horas, na rua Antonio Mario Coelho, 1.294.

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