Inspirados nos pais, primeiros melhores amigos fazem jantar a cada 15 dias
Abreu, Rodrigues, Lopes e Coelho. São estes os sobrenomes dos primos que se juntam a cada 15 dias para um jantar. Os primeiros melhores amigos foram os filhos dos tios, quando a convivência ainda era restrita à família, as amizades surgiram ali, entre a primaiada.
E é este mesmo sentimento que o grupo está levando para as reuniões quinzenais. A ideia surgiu com os pais deles, que toda segunda-feira, faça chuva ou faça sol, se reúnem em volta da mesa.
Foi uma das integrantes do “Janta dos primos” – o evento tem até nome – quem procurou o Lado B para contar a história como uma homenagem aos familiares.
“Isso nos uniu ainda mais, primos que eu não tinha tanto contato, hoje são próximos como irmãos”, justifica a promotora de eventos, Carla Jaqueline Rodrigues, de 38 anos.
O primeiro jantar foi em janeiro, com batata recheada, na casa de Heloá. E de lá já saíram as “regras”. É feito um sorteio para definir o próximo anfitrião. Cada um leva a sua bebida e todos racham o jantar. Até uma ata foi inventada e o assunto da reunião, é colocado em pauta.
“Já fizemos viagem juntos, já falamos mal do outro primo que não foi. Rimos e também choramos quando descobrimos que tem outro priminho a caminho, mas o mais importante é que aprendemos a respeitar o ponto de vista do próximo”, frisa Carla.
A viagem foi para Bonito e até chegar a data, cada primo entregou a quantia mensal de R$ 50,00 para o custeio. Tudo ficou registrado em ata. “Se eles foram meus primeiros amigos? Com certeza, porque a gente convivia tudo junto, era ali na festa de família, então os primos acabam sendo nossa referência de amizade”, explica Carla Jaqueline.
Heloá, a primeira anfitriã, nem sabia que estava lançando a ideia quando chamou os parentes para o primeiro jantar na casa nova. A experiência do jantar semanal dos pais, ela já tinha, mas com receio. “É mais aquela coisa monótona, de você não poder falar um pouquinho de besteira”, brinca.
Quando viu, no primeiro jantar já ficou organizado o próximo. “Geralmente são de 10 a 15 primos, a gente deixa estipulado também o fundo de caixa para as viagens. O que a gente quer é estar sempre reunidos, como os nossos pais”, enxerga a cabeleireira Heloá Rita de Cássia Lopes, de 35 anos.
Dos jantares participam maridos, esposas e filhos. A ideia é, assim como eles receberam de herança a união, repassar para as próximas gerações. “Que eles também possam crescer assim, cada vez mais unidos”, resume.
No último jantar, foi servido arroz carreteiro. E o próximo será amanhã. O cardápio? Surpresa do anfitrião.
