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Comportamento

Irmãos guardam o 1º e o último carro do avô, para não deixar história morrer

Thailla Torres | 13/04/2016 07:23
A Ximbica de 1929 é o símbolo das conquistas do avô e que é preservada pelos três netos. (Fotos: Thailla Torres)
A Ximbica de 1929 é o símbolo das conquistas do avô e que é preservada pelos três netos. (Fotos: Thailla Torres)

Três irmãos e uma Ximbica de 1929 que já passou por três gerações da família Almeida. O carro é mais do que uma relíquia estacionada na varanda de casa. O veículo carrega histórias pra lá de inusitadas e um sentimento de carinho, admiração e fé no coração dos três irmãos que cuidam do veículo com o objetivo de preservar as conquistas do avô, Joaquim Guilherme de Almeida Neto, que morreu em 1989. 

Atualmente a Ximbica pertence aos netos Vanderlei e Flavia e o bisneto Joaquim. "Esse foi o primeiro carro do meu avô e do meu pai. Ele representa as conquistas do nosso avô que tem um significado muito maior para gente", explica Vanderlei. 

O veículo Ximbica da Ford de 1929 foi comprado pelo avô Joaquim em 1960, após ele ter passado um período muito difícil quando pediu para ser dispensado do Exército. "Naquela época, o meu avô foi dito como comunista e foi dispensado do Exército, ficou sem emprego, moradia e com pouco dinheiro", conta. 

Desde que está com a família, o carro mantém a originalidade. (Fotos: Thailla Torres)
Desde que está com a família, o carro mantém a originalidade. (Fotos: Thailla Torres)
O carro já serviu para o transporte de noivas e até de um caixão para o cemitério.
O carro já serviu para o transporte de noivas e até de um caixão para o cemitério.

A Ximbica foi a primeira compra importante depois da decepção. Depois, começou a trabalhar viajando pela região do Mato Grosso. "Naquele tempo era muito difícil, mas ele começou a usar o carro para fazer as viagens", diz o neto.

Já naquela época, o veículo se tornou o símbolo da família, garantindo que o bem jamais seria desfeito e que passaria de geração a geração. "Com o tempo, meu avô teve outros carros. Teve rural e várias Brasílias. Mas Ximbica sempre permaneceu entre a gente", diz Vanderlei. 

O carro que existe há mais de 85 anos carrega inúmeras histórias.

Em 1970, o pai deles participou da Corrida de Ximbicas no centro de Campo Grande. Também passou uma temporada em Corguinho com um primo de Vanderlei, quando serviu para o transporte de noivas e até de um caixão para o cemitério.

Com o passar dos anos, o veículo foi sofrendo com os desgastes do tempo e ao retornar para Campo Grande, precisou ser reformado e hoje permanece na garagem a espera do irmão Joaquim. "Levou 10 anos para fazer a reforma e quem mais se empenhou foi o meu irmão Joaquim, e por isso estamos esperando ele dar uma volta primeiro", conta.

O Opala Comodoro, de 1990, continua preservado com toda originalidade. (Fotos: Thailla Torres)
O Opala Comodoro, de 1990, continua preservado com toda originalidade. (Fotos: Thailla Torres)
Vanderlei ao lado do último carro do avô, um Cheve 500 de 1985.
Vanderlei ao lado do último carro do avô, um Cheve 500 de 1985.

Mas não foi só a Ximbica que a lembrança guardou. Do primeiro ao último carro, hoje os irmãos preservam três veículos como recordação. O último carro do avô foi um Cheve 500 de 1985, azul celeste, e o do pai foi um Opala Comodoro, de 1990, preservado com toda originalidade.

Os dois permanecem estacionados na mesma garagem e o neto garante que jamais serão vendidos. "Cuidar e preservar é uma forma que a gente consegue de passar algumas coisas para a geração que está chegando. Se desfazer é fácil e muitos perguntam por que a gente não vende. Mas se a gente vender, nunca mais vamos ter a história e a satisfação de lembrar da conquista do nosso avô".

Hoje, os mais novos se encantam com carros e toda vez que aparecem na casa da avó, querem entrar e admirar, principalmente, o Ximbica. "Tenho dois sobrinhos, são pequenos, mas eles já sabem da história que está sendo preservada", comenta Vanderlei.

Maria Honória de Almeida, de 67 anos, mãe dos três filhos que preservam a história da família, lembra das aventuras que passou nos tempos de Ximbica. "A gente viajava, e quando o carro estragava na estrada, meu marido e meu sogro tinham que se virar para arrumar. Lembro também que Vanderlei só dormia quando a gente levava perto do carro, quando era pequenininho". Pra ver como o amor é antigo.

Maria, de 67 anos, lembra das aventuras que passou nos tempos de Ximbica. (Foto: Thailla Torres)
Maria, de 67 anos, lembra das aventuras que passou nos tempos de Ximbica. (Foto: Thailla Torres)
Joaquim e Valderlei com o sobrinho também apaixonado pela Ximbica. (Fotos: Arquivo Pessoal)
Joaquim e Valderlei com o sobrinho também apaixonado pela Ximbica. (Fotos: Arquivo Pessoal)
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