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Comportamento

Mãe esquece R$ 1,6 mil em shopping e mulher move o mundo para devolver

Paula Maciulevicius | 12/12/2015 07:12
Ana Laís e o filho. Dinheiro era para cirurgia de hérnia do menininho de 2 meses. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ana Laís e o filho. Dinheiro era para cirurgia de hérnia do menininho de 2 meses. (Foto: Arquivo Pessoal)

A tarde dessa sexta-feira provou para o casal Ana Laís e Carlos que ainda dá para ter fé na humanidade. Ela, mãe de um bebê de dois meses, esqueceu todo o dinheiro do pagamento no banheiro do shopping Campo Grande. Minutos depois, quando se deu conta, voltou e não encontrou mais. O total de R$ 1,6 mil era o que o casal juntava para pagar a cirurgia de hérnia do bebê. 

O desespero da mãe durou em média 1h. Com pressão alta, ela começou a se sentir mal e chegou a ser socorrida pela brigada de bombeiros do shopping. Enquanto isso, quem encontrou moveu mundos e fundos para devolver em mãos. "Fui receber do meu trabalho, no laboratório, como é pequeno, eu entrei com o bebê e deixei minha bolsa com a minha irmã, esperando lá fora", conta a auxiliar de prótese dentária Ana Laís Paredes, de 28 anos.

O dinheiro ela guardou consigo, na cinta que usa e seguiu para o shopping onde compraria roupinhas para a criança. No banheiro, ela colocou o dinheiro no apoio de mármore e pensou que logo já colocaria na bolsa para não esquecer. "E foi dito e feito, eu me arrumei e em vez de olhar para cima, eu esqueci", descreve.

Ana saiu e só percebeu o esquecimento quando passou na farmácia. Na hora de pagar, cadê o dinheiro? "Foi uma questão de minutos, voltei e não estava mais. Fiquei desesperada, porque era o dinheiro para a cirurgia dele", diz. Na mente dela, quem encontrou não iria devolver, por mais que o coração tivesse esperança.

"Nessa crise que a gente está? Eu fiquei lá em cima, passando mal e de repente me ligaram, a filha da dona que achou, nossa, eu não acreditei", conta a mãe. Quem encontrou foi a assistente social Sueli Pauferro, de 46 anos. De início, a impressão dela foi de que não passava de uma "pegadinha".

"Eu quase morri de susto, achei que fosse uma pegadinha. Olhei e tinha um papel dobrado, estava lá o holerite", relembra a cena. Sueli pensou em deixar com a funcionária do banheiro, mas pela quantia ser tão alta, ficou com medo de que não chegasse às mãos da verdadeira dona.

O filho dela que aguardava do lado de fora acionou a irmã que procurou por Ana Laís nas redes sociais e depois ligou na empresa. "Pedi para a minha filha ligar e falar que tinha encontrado documentos dela, passaram o telefone e nós ligamos. Era o 13º salário todo", detalha a assistente social. A mulher também ligou para o marido avisando da situação e ele pediu para que ela não voltasse para casa enquanto o dinheiro não estivesse com Ana Laís.

"E isso é um bom exemplo, será que as pessoas fariam a mesma coisa? Meu marido disse que foi sorte eu ter achado. A gente precisa espalhar esse bom exemplo", resume. Ela enfatiza que não entregou no achados e perdidos porque também teve medo de que não fosse para a dona.

Ana Laís e Sueli não se conhecem pessoalmente. Pelo nervosismo, quem veio pegar o dinheiro foi Carlos, o marido de Ana e quem explicou qual seria o destino dos R$ 1,6 mil. A cirurgia do bebê pelo SUS não é considerada emergencial e logo não tem nem previsão. Foi então que a família partiu para o particular e deve pagar pelo menos R$ 3 mil.

"Ela é honesta. Ainda existem pessoas honestas, porque ela poderia ter jogado o holerite e pegar o dinheiro que ninguém ia encontrar, mas ainda bem que existe gente honesta no mundo", reflete a mãe. Ainda mais numa época de fim de ano.

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