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Comportamento

Mesmo nas férias, quem é da lei não esquece do ofício e faz turismo policial

Paula Maciulevicius | 13/02/2014 06:25
Em Frankfurt, na Alemanha, delegada pede para fotografar policial ao lado de viatura.
Em Frankfurt, na Alemanha, delegada pede para fotografar policial ao lado de viatura.

A paixão pelo trabalho, por desvendar um mistério, ligar o suspeito à prova do crime e por o acusado atrás das grades, ultrapassa os limites de jurisdição. Como se não bastasse vivenciar todos os dias, casos de violência contra a mulher na Capital, nas férias, a delegada Rosely Molina embarca num tour policial. No roteiro, ela intima o marido a conhecer delegacias e polícias, viaturas, unidades móveis e até museu de crime para registrar tudo em fotos.

De testemunhas, vítimas e jornalistas, quem adentra à sala da titular da Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) se depara com 36 imagens em porta-retratos na parede, de lugares que a policial nem falava o idioma local, mas apresentou a carteira profissional e pediu para fotografar.

De tempo dedicado à investigação criminal, só em Mato Grosso do Sul, são 15 anos. Na mesma época começou o tour, por Bonito. “Minha primeira viagem no Estado foi lá. Desci e fui ver onde era a delegacia. Meu marido sempre fala, espera, vamos primeiro passear, conhecer o lugar, depois você vê a Polícia, mas eu falo vamos só dar uma olhadinha”, admite.

A ‘olhadinha’ virou hobby. Molina explica que por gostar muito de viajar e ser policial, sempre teve a curiosidade de saber como funcionam as delegacias Campo Grande afora. “E não é só internacional não, no Brasil, onde eu vou, sempre quero passar na delegacia”.

Em Londres, no prédio da Scotland Yard, onde funciona a sede da Polícia Metropolitana da capital inglesa.
Em Londres, no prédio da Scotland Yard, onde funciona a sede da Polícia Metropolitana da capital inglesa.

A sequência de fotos na parede descrevem as viagens internacionais, iniciando pelo mundo de fantasia da Disney. Em pleno desfile em um dos parques temáticos, um simpático policial parecia ter saído de um filme. Era o típico americano, mas usando uma bicicleta. “Eu achei pitoresco e fotografei”, comenta.

O tour adentrou o mundo real, incluindo Nova Iorque, Londres, Bruxelas, Praga, Frankfurt, Veneza, Paris, Las Vegas, Miami, Amsterdã e por aí vai... “Essa foto foi em Nova Iorque, em plena Times Square. É um carro de Polícia pequenininho e eles ficam ali. Eu chego, a primeira coisa que eu faço é mostrar a carteira, digo que sou policial no Brasil e tiro foto, se puder”, narra.

Em Paris, o museu da Polícia entrou nos passeios, junto do Louvre e da Torre Eiffel, mesmo não sendo um dos pontos turísticos mais visados. “Eu achei super interessante, a primeira guilhotina estava lá, você olhar e saber que aquilo foi usado em tantas pessoas. Tem a foto da primeira mulher policial, do primeiro código penal, isso chama a atenção, é história”, argumenta a delegada.

No Museu da Polícia, em Paris, estão artigos desde a primeira guilhotina até o primeiro código penal.
No Museu da Polícia, em Paris, estão artigos desde a primeira guilhotina até o primeiro código penal.

O marido de Molina é de uma área oposta a dela. A paixão é por aviões e por amor, entra na onda da mulher. A delegada assegura que ele até gosta, mas acredito que vá mesmo como fotógrafo oficial das cenas de crime contadas em paredes ou em distintivos dos uniformes policiais.

“Não é obrigação, é mais uma brincadeira que eu faço em todo lugar que vou, você tem a curiosidade de saber como é no resto do mundo, é uma troca de experiências e mostrar que não é só você que faz aquilo, tem no mundo inteiro”, complementa.

O que ela segue à risca no roteiro são os ícones. Aqueles vistos em filmes, como a Scotland Yard, em Londres e o CSI Experience, em Las Vegas. “Tem coisas que são incônicas, a Scotland Yard, eu fui em Londres, é um prédio maravilhoso, lindo, você fica encantada. É interessante de ver também a troca da guarda da rainha. No CSI é uma reprodução simulada de um crime que você tem que desvendar”, detalha na maior empolgação.

Além do que já é de praxe, parece que com o passar dos anos, a delegada tem atraído a Polícia local e afins. Quando não descobre ou ainda não procurou saber onde funciona a unidade policial mais próxima, eis que alguma viatura ou policial aparece diante dela. “Em Veneza, meu marido já tinha falado que os ‘carabinieri’ são meio rígidos. Eu não ia tirar foto, mas de repente passou na frente da janela do quarto e eu fotografei”, resume.

Para este ano, mais duas viagens estão programadas, novos tours e fotos virão por aí.

Com outras viagens em mente, delegada deve ampliar retratos na parede da sala. (Foto: Marcos Ermínio)
Com outras viagens em mente, delegada deve ampliar retratos na parede da sala. (Foto: Marcos Ermínio)
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