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Comportamento

Monogâmico ou não, gays e lésbicas querem o direito de viver a afetividade

Naiane Mesquita | 07/12/2016 07:10
Encontro foi realizado no auditório do CCHS da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)
Encontro foi realizado no auditório do CCHS da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)

Estereótipos não combinam com relacionamentos afetivos. Ao menos não deveriam. Acreditar que todo gay ou lésbicas são promíscuos, que mantêm vários parceiros ao mesmo tempo, por exemplo, é de longe um equívoco.

No primeiro Tricô das Bichas, realizados na tarde de ontem em Campo Grande, estudantes e professores de diferentes cursos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) discutiram o tema em uma roda de conversa que promete ter novas edições.

“O padrão de afetividade já está estabelecido. Por mais que os alunos tenham divergência sobre o tema, o que todos querem é a afetividade. Como você vai viver a afetividade, claro que isso varia de acordo com o que alguns acham que podem viver, pode ser monogâmico ou no poliamor. Não só os gays têm vários parceiros, isso é comum em relacionamentos héteros, acontece o tempo todo, homens terem mais de uma esposa”, afirma o professor Aparecido Francisco dos Reis, 52 anos.

Na roda de conversa, o que mais tem é divergência. Há quem defenda a liberdade de ter múltiplos parceiros como uma vitória, uma inspiração do caminho que os movimentos feministas começaram a traçar nos anos 60. Enquanto outros acreditam que a opção de ter relacionamentos monogâmicos deve ser explorada e aceitada pelos amigos e familiares.

Infelizmente, o ponto de encontro é a insatisfação ao ter essa afetividade reprimida, não importa como ela apareça. “Relacionamentos com mais de uma pessoa só valem para os héteros, para os gays isso é promiscuidade. Isso para pessoas que vivem dentro do padrão da questão héteronormativa. Mulheres também são julgadas dessa forma, ela é uma biscate, uma puta”, esclarece.

Segundo Aparecido, o que costuma ser frequente são gays seguindo os preceitos monogâmicos, do ponto de vista heteronormativo em uma tentativa de ser aceito com mais facilidade pela sociedade. “Isso é ilusão, a partir do ponto de vista héteronormativo não se acredita que possa existir amor em um relacionamento homossexual, afetividade entre dois homens ou duas mulheres, porque acredita que o amor é só aquele que pode ser visto entre um homem e uma mulher, mas nunca entre dois iguais. O que está dado como padrão de amor é esse”, reflete.

O professor conta que tem casos de alunos que não se consideram promíscuos do ponto de vista hétero e decidem ter relacionamentos sérios para serem aceitos com mais facilidade. “Um estudante falou comigo, contou que nunca se relacionou com vários parceiros, queria ser aceito pela mãe e então arrumou um namorado. Achou que seria melhor, com base nessa ideia do amor romântico. Mas, a mãe não aceitou do mesmo jeito”, frisa.

O que fica é a ideia de quem ninguém deve julgar a forma como o outro encontrou para viver sua afetividade, desde que exista respeito e reciprocidade entre os parceiros. “Afetividade não é só amor, mas é erotismo, por um ou mais parceiros, não é uma coisa que esteja reduzida a essa ideia restrita que só duas pessoas podem viver isso, pode ser algo duradouro como ela pode ser vivenciada em relacionamentos transitórios”, diz.

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