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Comportamento

Muita gente tenta lucrar com nota de R$ 1,00, mas cédula vale alguma coisa?

Elverson Cardozo | 21/01/2015 06:30
Modelo da nota de R$ 1,00. (Foto: Alcides Neto)
Modelo da nota de R$ 1,00. (Foto: Alcides Neto)

Nos classificados do Facebook e em sites populares de compra, venda e troca, como OLX e Bom Negócio, vira e mexe aparece alguém tentando vender notas de um real. Para muita gente, a cédula, que já não é mais fabricada, é raridade.

Quem guarda uma, e não dá muita atenção à “preciosidade”, tenta mesmo é lucrar. Mas quem gosta de preservar o passado, chega a emoldurar o dinheiro para botar na parede de casa. Foi o que fez Isaque Nelson Lemes, de 19 anos. “Tive planos melhores para elas”, conta. Ele tentou vender, em um classificado de Campo Grande, duas notas de R$ 1 real.

O jovem diz ter recebido, de “pessoas sérias”, propostas de até R$ 120,00. “Mas nos comentários sempre tinha os engraçadinhos”, comenta. Os “engraçadinhos” a que ele se refere são aqueles que não acreditam na raridade do material e fazem piada da situação.

Mas ele sustenta que o cédula tem valor sim e que, na internet, é possível encontrar à venda por preços que variam de R$ 50,00 a 400,00. Depende do ano e da estampa, explica.

Vale mesmo? - O Lado B foi atrás de um numismata (profissional que estuda moedas e medalhas) para entender o assunto.

Numismata explica a diferença de valores. (Foto: Alcides Neto)
Numismata explica a diferença de valores. (Foto: Alcides Neto)

Fundador da Anumis-MS (Associação Numismática Sul-Mato-Grossense), e colecionador há mais de 50 anos, José Rodrigues Pinto, 76, afirma, logo de cara, em tom de brincadeira, que as vendas desordenadas, sem critério, configuram “câmbio negro”.

Ele fala com a propriedade de quem estuda o assunto a fundo e tem, inclusive, livros publicados. Com um deles na mão e de olho na tabela do Banco Central, Rodrigues, como é conhecido, esclarece que um dos critérios que definem o valor de mercado de uma cédula fora de circulação é a conservação.

Sem citar termos técnicos, o numismata explica, resumidamente, que existem três classificações possíveis: da nota em perfeito estado (como saiu da Casa da Moeda), sem qualquer dobra o sujeira, da semi-nova, que apresenta leves dobras, considerando o manuseio bancário, e da que passa de mão em mão e, portanto, apresenta dobras, amassados e até sujeiras.

Se falando na de R$ 1,00 e, tendo como base esse critério, o valor máximo de venda é, segundo ele, R$ 15,00. A semi-nova vale R$ 10,00 e a que “a gente encontra por aí”, que passou de mão em mão, vale só R$ 3,00.

E tem mais. De acordo com Rodrigues, a cédula de R$ 1,00 não pode ser considerada uma raridade porque o Banco Central fabricou várias e ainda há muitas guardadas. São mais de 149 milhões não recolhidas.

Além do estado de conservação, outro critério que define uma raridade, se tratando de dinheiro, é a quantidade de tiragens e o tempo em que a cédula ficou em circulação.

Sobre a venda na internet, Rodrigues fala em "câmbio negro". (Foto: Alcides Neto)
Sobre a venda na internet, Rodrigues fala em "câmbio negro". (Foto: Alcides Neto)

Para exemplificar, o numismata cista a de Cinquenta Mil Cruzeiro Reais, que estampa uma baiana. “Ficou menos de 6 meses em circulação e o Banco Central recolheu. Foi entre 93 e 94”, comenta.

Essa é raridade e, ainda assim, não vale um absurdo. Quem tem uma dessa, em perfeito estado, sem nenhum amassado ou rabisco, pode vender a R$ 200,00. Semi-nova sai a R$ 100,00. Com dobras, amassados e sujeiras custa R$ 30,00.

Existem outros critérios, por isso a orientação é procurar a Anumis-MS. Em Grande, a associação promove econtros mensais na agência dos Correios (mezanino) do Shopping Campo Grande, sempre no terceiro sábado de cada mês, das 15h às 18h. Outras informações podem ser obtidas pelo site www.anumis.com.br

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